Dinâmica de uso das terras nos municípios de Bonito, Jardim e Bodoquena (MS) e o estado de conservação dos recursos biológicos do Parque Nacional da Serra da Bodoquena e de sua zona de amortecimento.
Palabras clave:
Parque Nacional da Serra da Bodoquena, ecologia de paisagem, PlanejamentoAmbiental, teoria dos GrafosResumen
A pesquisa abordou a dinâmica de uso e ocupação das terras pertencentes aos municípios de Bodoquena, Bonito e Jardim, situados na borda leste do Parque Nacional da Serra da Bodoquena (PNSB), região sudoeste de Mato Grosso do Sul. O estado de conservação, em termos de estrutura e configuração da paisagem, dos remanescentes de cerrado e floresta contidos no interior do PNSB e em sua zona de amortecimento, foi analisado. O trabalho foi centrado em dois objetivos: subsidiar estratégias de planejamento do uso e ocupação das terras ideal para a região; e analisar a dinâmica espacial e temporal da paisagem que compõe o PNSB e sua zona de amortecimento, visando à conservação da biodiversidade local. Foi utilizado um sistema de informação geográfica (SIG) para a organização de um banco de dados georreferenciado. A determinação do grau de conservação do PNSB e da sua zona de amortecimento se deu mediante a utilização de métricas de paisagem e da adoção dos preceitos da Teoria dos Grafos. O capítulo um da tese discorreu sobre as análises dos mapas de uso das terras gerados para os municípios de Bodoquena, Jardim e Bonito, dos anos de 1986 e 2004. Comparando esses anos, ocorreu uma perda de área de cerrado e floresta e um conseqüente crescimento da matriz antrópica composta por pastagens (principalmente) e culturas agrícolas. Apenas em Bodoquena os remanescentes vegetais tiveram maior porcentual que as áreas de pastagens e lavouras. A região estudada passa por um processo de conversão de habitats naturais, antes contínuos, para uma paisagem composta por fragmentos pequenos e isolados de cerrado e floresta. O capítulo dois mostrou que as fisionomias florestais e de cerrado, apresentaram-se em melhor estado de conservação em 1986 que em 2004. Foi possível observar que os remanescentes das formações vegetais acima citadas, apresentaram-se em melhor estado de conservação no interior do PNSB, que em sua zona de amortecimento. O mapa de relevância dos remanescentes de floresta, considerando as notas combinadas das métricas de forma e área das manchas indicou, quais são as áreas prioritárias para serem protegidas, por possuírem características adequadas para a persistência da biodiversidade florestal, presente no PNSB e em sua zona de amortecimento. Essas áreas foram divididas em setores norte (Bodoquena parte do município de Bonito) e sul (parte do município de Bonito e Jardim). O setor norte se destacou por apresentar remanescentes com valores alto e extremamente alto com relação à relevância para conservação da biodiversidade. O mesmo setor norte possui um maior número de pontos de sensibilidade à quebra de conectividade entre as manchas de floresta. Nesta região pode-se observar que a maior parte dos pontos com alta sensibilidade, merece determinadas estratégias que retardem ou mesmo cessem o processo de conversão da floresta para pastagem ou agricultura. Com relação ao padrão de fragmentação dos remanescentes vegetais, conclui-se o seguinte: os remanescentes de cerrado e floresta, no intervalo de dezoito anos, ficaram menores, mais irregulares, mais distantes e mais numerosos, indicando uma piora no estado de conservação da paisagem entre 1986 e 2004. Isso compromete a manutenção da biodiversidade, a persistência de espécies, diminuindo suas populações mínimas viáveis. A diversificação das formas de uso das terras na matriz é recomendada, com a introdução da silvicultura (principalmente composta por espécies nativas) e agricultura familiar, por exemplo, que também poderão auxiliar no surgimento e manutenção da heterogeneidade espacial e da complexidade estrutural da paisagem. A Teoria dos Grafos, avaliada neste trabalho, apresentou-se como ferramenta eficiente para a realização de análises de conectividade em paisagens heterogêneas.
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