Revisão política e institucional para o financiamento da biodiversidade no Brasil: uma abordagem Biofin para o governo federal

Autores

  • Carlos Eduardo Menezes da Silva Master in Development and Environment, Professor, Federal Institute of Education, Science, and Technology of Pernambuco – IFPE. Recife, Brazil https://orcid.org/0000-0003-1156-156X

DOI:

https://doi.org/10.18472/SustDeb.v14n1.2023.43758

Palavras-chave:

BIOFIN, EPANB, Legislação Ambiental

Resumo

As instituições e suas diferentes configurações de gestão e governança estão cada dia mais relacionadas com as alterações ambientais vivenciadas no planeta. Por isso, o objetivo deste estudo é realizar uma revisão política e institucional relativa à biodiversidade no âmbito do governo federal do Brasil. Para tanto utilizamos a Revisão Política e Institucional – PIR (Political and Institutional Review) como abordagem para avaliar os pontos fortes e fracos de políticas e instituições relacionadas à biodiversidade, como parte da metodologia Biofin. O estudo levantou os principais elementos da paisagem normativa e institucional que direcionaram as ações de conservação da biodiversidade em nível federal entre os anos de 2000 e 2019. Os resultados demonstraram que nesse período havia ao menos 21 normas e cerca de 195 instrumentos previstos na legislação federal para atender à Estratégia e Plano de Ações Nacionais para a Biodiversidade – EPANB. Porém, a maior parte das ações orçamentárias realizadas pelos órgãos de gestão das políticas de biodiversidade em nível federal distorcem as diretrizes previstas nessas normas elencadas. Juntamente com a observada redução da alocação orçamentária para o Ministério do Meio Ambiente e para ações de biodiversidade em outros ministérios. Esses elementos parecem apontar para um quadro de redução da priorização para o tema da conservação da biodiversidade em nível federal no Brasil ao longo dos 20 anos analisados.

Biografia do Autor

  • Carlos Eduardo Menezes da Silva, Master in Development and Environment, Professor, Federal Institute of Education, Science, and Technology of Pernambuco – IFPE. Recife, Brazil

    Professor at the Federal Institute of Education, Science and Technology of Pernambuco - IFPE, Biologist and Technologist in Environmental Management, Master in Development and Environment at PRODEMA/UFPE, PhD student in Economics at the University of Brasília - UnB, certified in Home Valuation and Research by Costa Rican Tropical Agronomic Research and Teaching Center - CATIE, and in
    Environmental Management from the University of California/Berkeley, working in the area of Conservation of Natural Resources with an emphasis on Environmental Economics.

Referências

ALMEIDA, L. T. de. Política Ambiental: uma análise econômica. Campinas - SP: UNESP, 1998.

ANTUNES, P. de B. Federalismo e competências ambientais no Brasil. 2. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2015.

BEMELMANS-VIDEC, M. L.; RIST, R. C.; VEDUNG, E. Carrots, Sticks and Sermons: policy instruments and their evaluation. 5. ed. New Brunswick: Transaction Publishers, 2010.

BLACKSTOCK, K. L. et al. Policy instruments for environmental public goods: interdependencies and hybridity. Land Use Policy, v. 107, n. May 2020, p. 104709, 2021. Available at: https://doi.org/10.1016/j.landusepol.2020.104709.

BRASIL. Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. 1981.

BRASIL. Lei no 7.661, de 16 de maio de 1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá outras providências. 1988, p. 1–3.

BRASIL. Lei no 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. 1999, p. 1–5.

BRASIL. Decreto no 3.420, de 20 de abril de 2000. Dispõe sobre a criação do Programa Nacional de Florestas - PNF, e dá outras providências. 2000a, p. 1–5.

BRASIL. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. 2000b, p. 1–14.

BRASIL. Decreto no 4.339, de 22 de agosto de 2002. Institui princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade. 2002, p. 1–22.

BRASIL. Presidência da República. Lei no 11.284, de 2 de março de 2006. Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável e dá outras providências. 2006, p. 1–24.

BRASIL. Presidência da República. Lei no 11.516, de 28 de agosto de 2007. Dispõe sobre a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e dá outras providências. 2007, p. 9–14.

BRASIL. Lei no 11.959, de 29 de junho de 2009. Dispõe sobre a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura e da Pesca, regula as atividades pesqueiras e dá outras providências. 2009, p. 1–9.

BRASIL. Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e dá outras providências. 2010, p. 1–20.

BRASIL. Decreto no 7.794, de 20 de agosto de 2012. Institui a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. 2012a, p. 1–5.

BRASIL. Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. 2012b, p. 1–35.

BRASIL. Lei no 12.805, de 29 de abril de 2013. Institui a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta. 2013, p. 2013–2015.

BRASIL. Decreto no 8.375, de 11 de dezembro de 2014. Define a Política Agrícola para Florestas Plantadas. 2014, p. 11–12.

BRASIL. Estratégia e Plano de Ação Nacionais para a Biodiversidade. Brasília, DF: Ministério do Meio Ambiente, 2017a.

BRASIL. Decreto no 8.972, de 23 de janeiro de 2017. Institui a Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa. 2017b, p. 2018–2020.

BRASIL. Portaria no 3, de 16 de agosto de 2018. Institui o Plano de Implementação da Estratégia Nacional para Espécies Exóticas Invasoras. 2018, p. 2018–2019.

BRASIL. Decreto no 9.672, de 2 de janeiro de 2019. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Ministério do Meio Ambiente e dá outras providências. 2019a.

BRASIL. Decreto no 9.806, de 28 de maio de 2019. Altera o Decreto no 99.274, de 6 de junho de 1990, para dispor sobre a composição e o funcionamento do Conselho Nacional do Meio Ambiente - Conama. 2019b, p. 2020–2022.

BRASIL. Decreto no 10.234, de 11 de fevereiro de 2020. Aprova a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções de Confiança do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - Instituto Chico Mendes, remaneja cargos em. 2020a.

BRASIL. Decreto no 10.235, de 11 de fevereiro de 2020. Altera o Decreto no 4.703, de 21 de maio de 2003, que dispõe sobre o Programa Nacional da Diversidade Biológica - Pronabio e a Comissão Nacional da Biodiversidade. 2020b, p. 10–11.

CAPANO, G.; LIPPI, A. How policy instruments are chosen: patterns of decision makers’ choices. Policy Sciences, v. 50, n. 2, p. 269–293, 2017. DOI: 10.1007/s11077-016-9267-8.

CIRIACY-WANTRUP, S. Von. Resource Conservation: economics and policies. 3. ed. Berkeley: University of California Press, 1968.

DENDURA, J.; LE, H. A Methodological Guidebook: climate public expenditure and institutional review (Cpeir). p. 1–72, 2015.

DUGGAN, A. R.; CARR, D. A.; YAN, W. Conditional impacts of political and fiscal factors on state environmental budgets. Public Budgeting and Finance, v. 42, n. 2, p. 127–147, 2022. DOI: 10.1111/pbaf.12308

HOWLETT, M. Policy Instruments, Policy Styles, and Policy Implementation: national approaches to theories of instrument choice. Policy Studies Journal, v. 19, n. 2, p. 1–21, 1991.

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA – IPEA. Governança Ambiental no Brasil: instituições, atores e políticas públicas. Brasília: Ipea, 2016.

JOLY, C. A. et al. Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – BPBES. São Carlos – SP, 2019.

KIM, Y.; VERWEIJ, S. Two effective causal paths that explain the adoption of US state environmental justice policy. Policy Sciences, v. 49, n. 4, p. 505–523, 2016. DOI: 10.1007/s11077-016-9249-x

KRAUSE, R. M. et al. Drivers of Policy Instrument Selection for Environmental Management by Local Governments. Public Administration Review, v. 79, n. 4, p. 477–487, 2019. DOI: 10.1111/puar.13025

MAO, W. et al. Barriers to implementing the strictest environmental protection institution: a multi-stakeholder perspective from China. Environmental Science and Pollution Research, v. 27, n. 31, p. 39375–39390, 2020. DOI:

1007/s11356-020-09983-8

MAO, Y. Decentralization, national context and environmental policy performance: a fuzzy set qualitative comparative analysis. Environmental Science and Pollution Research, v. 25, n. 28, p. 28471–28488, 2018. DOI: 10.1007/s11356-018-2846-9

MUKHERJEE, I.; COBAN, M. K.; BALI, A. S. Policy capacities and effective policy design: a review. Policy Sciences, v. 54, n. 2, p. 243–268, 2021. Available at: https://doi.org/10.1007/s11077-021-09420-8.

PADMANABHAN, M.; JUNGCURT, S. Biocomplexity – conceptual challenges for institutional analysis in biodiversity governance. Ecological Economics, v. 81, p. 70–79, set. 2012. Available at: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0921800912002273.

POLSKI, M. The institutional economics of biodiversity, biological materials, and bioprospecting. Ecological Economics, v. 53, n. 4, p. 543–557, 1 jun. 2005. Available at: https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0921800904004598.

ROGGERO, M.; BISARO, A.; VILLAMAYOR-TOMAS, S. Institutions in the climate adaptation literature: a systematic literature review through the lens of the Institutional Analysis and Development framework. Journal of Institutional Economics, v. 14, n. 3, p. 423–448, 2018. DOI: 10.1017/S1744137417000376

STERNER, T.; CORIA, J. Policy Instruments for Environmental and Natural Resource Management. 2. ed. NEW YORK: RFF Resources for theFuture, 2012.

TISDELL, C. Economics of Evironmental Conservation. Cheltenham: Edward Elgar, 2005.

UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAM – UNDP. Biofin Workbook: mobilizing resources for biodiversity and sustainable development. New York, 2016.

UNITED NATIONS DEVELOPMENT PROGRAM – UNDP. Biofin: the biodiversity finance initiative workbook 2018. Finance for Nature. New York, 2018.

VEEMAN, T. S.; POLITYLO, J. The role of institutions and policy in enhancing sustainable development and conserving natural capital. Environment, Development and Sustainability, v. 5, n. 3-4, p. 317–332, 2003.

VINOGRADOVA, T. Improving green budget decisions and transparency through public participation: evidence from Russia. Public Sector Economics, v. 46, n. 3, p. 386–401, 2022. DOI: 10.3326/pse.46.3.3

VYRASTEKOVA, J.; SOEST, D. Van. The effectiveness of centralized and decentralized institutions in managing biodiversity: lessons from economic experiments. In: Biodiversity Economics: principles, methods and applications. Cambridge: Cambridge Univ. Press, 2007. p. 481–500.

WORLD BANK. Five years after Rio: innovations in environmental policy. Monograph Series. Washington – DC, 1997.

Publicado

2023-04-30

Como Citar

Revisão política e institucional para o financiamento da biodiversidade no Brasil: uma abordagem Biofin para o governo federal. (2023). Sustainability in Debate, 14(1), 136-181. https://doi.org/10.18472/SustDeb.v14n1.2023.43758

Artigos Semelhantes

1-10 de 49

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.