As “duas faces” da crise hídrica:
escassez e despolitização do acesso à água na Região Metropolitana do Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.18472/SustDeb.v9n2.2018.26702Palabras clave:
Crise Hídrica, Abastecimento de Água, Desigualdade Ambiental, Construcionismo Ambiental, Mobilização de Viés, Rio de JaneiroResumen
Este artigo problematiza o discurso sobre a crise hídrica nos anos 2014-2015, discutindo as estratégias de legitimação e seu papel na exclusão da questão da desigualdade no acesso à água dos espaços decisórios. Duas perspectivas teóricas são mobilizadas. A primeira compreende que a construção dos problemas ambientais envolvem as dimensões material e simbólica. A segunda perspectiva baseia-se na “face invisível do poder”, i.e., na capacidade de elites mobilizarem valores sociais e o viés do sistema político para manter certos temas fora da agenda política. A investigação concentra-se na cobertura da mídia e na CPI da Crise Hídrica da Alerj, mobilizando análise documental e observação direta. Os resultados apontam que a consolidação de um discurso centrado na noção de crise favorece a perspectiva do abastecimento como problema quantitativo, em detrimento dos aspectos distributivos, e legitima a implantação de grandes obras de aumento de produção de água.
Referencias
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Encarte Especial sobre a Crise Hídrica. Brasília, 30 p., 2015.
ALENCAR, Emanuel. Espera insustentável. Tempo médio de consertos da CEDAE é de 48h, acima de São Paulo e Espírito Santo. O Globo, Rio de Janeiro, p. 13, 25 jan. 2015.
ALENCAR, Emanuel.; MAZZACARO, Natasha. Guerra aos ‘gatos’ de água. Cedae dobra efetivos de agentes e promove megaofensiva contra ligações clandestinas. O Globo, Rio de Janeiro, p. 7, 02 fev. 2015.
ALENCAR, Emanuel.; AMORIM, Bruno. Combate a conta-gotas. Dos 800 lava-jatos clandestinos, só dois são fechados em ação da Polícia Civil com a Cedae. O Globo, Rio de Janeiro, p. 10, 05 fev. 2015.
ALENCASTRO, Catarina.; DAMÉ, Luiza.; GOULART. Gustavo. Juntos, os estado do Rio e SP terão que fazer investimentos de R$ 8,5 bilhões nos próximos anos para evitar o colapso no abastecimento em épocas de seca como a atual. O Globo, Rio de Janeiro, p. 1, 11 nov. 2014.
ARAÚJO, Paulo Roberto. Estiagem longa, rios secos. Ambientalistas alertam para risco de desabastecimento de água em Niterói e São Gonçalo. O Globo, Rio de Janeiro, p. 3, 06 set. 2015.
BACHRACH, Peter.; BARATZ, Morton. S. Duas faces do poder. Revista de Sociologia e Política, v. 19, n. 40, p. 149, 2011.
BARANGER, Denis. Construtivismo. In: CATATANI et al. (orgs). Vocabulário Bourdieu. Belo Horizonte: Autêntica Editora, p. 128-130, 2017.
BENEVIDES, Carolina. Das 100 maiores cidades, 40 desperdiçam mais de 45% de água. O Globo, Rio de Janeiro, p. 12, 27 ago. 2014.
BRASIL. MINISTÉRIO DAS CIDADES. Plano Nacional de Saneamento Básico- PLANSAB. Brasília, 173 p., 2013.
BRITTO, Ana Lúcia, MAIELLO, Antonella, & QUINTSLR, Suyá. Avaliação de Tecnologias apropriadas para o Acesso à Água em Comunidades Vulneráveis na Baixada Fluminense. Waterlat-Gobacit Network Working Papers, Research Projects Series SPIDES ”“ Desafio Project, vol. 2, n. 8, 123 p., 2015.
BOURDIEU, Pierre. Sobre o Estado: cursos no Collège de France (1989-1992). São Paulo: Companhia das Letras, 573 p., 2014.
BRIARD, Jorge. 1ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 19 mar. 2015.
BURNINGHAM, Kate.; COOPER, Geoff. Being constructive: social constructionism and the environment. Sociology, v. 33, n. 2, p. 297-316, 1999.
CANEDO, Paulo. 12ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 25 jun. 2015.
CARVALHO, Marcelo R.R. 11ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 18 jun. 2015.
CAVALCANTE, Glauce.; DAMÉ, Luiza.; MAGALHÃES, Luiz Ernesto. Um ‘não’ ao desperdício. Governo federal e estadual pedem à população que economize água e luz. O Globo, 24 jan. 2015.
CORREA, André. 2ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 26 e 30 mar. 2015.
CORREA DA ROCHA, Luiz Paulo. 2ª Reunião Extraordinária, CPI da Crise Hídrica. ALERJ, 14 set 2015.
CRENSON, Matthew. A. The un-politics of air pollution: A study of non-decision-making in the cities. Baltimore/London: Johns Hopkins Press, 227 p., 1971.
CUTTER, Susan. Vulnerability to Environmental Hazards. Progress in Human Geography, v. 20, n. 4, p. 529-539, 1996.
DA HORA, Antônio Ferreira. 2ª Reunião Extraordinária, CPI da Crise Hídrica. ALERJ, 14 set. 2015.
DANTAS, Tiago. População cresce, número de represas, não ”“ Regiões Metropolitanas de Rio, São Paulo e Belo Horizonte não constroem novos reservatórios há 22 anos. O Globo, Rio de Janeiro, p. 16, 01 fev. 2015.
EL PAÍS. Governo e Sabesp consideram um rodízio de 5x2 ainda este ano. El País, São Paulo, 07 mai. 2015.
GUEDES, Flávio. 6ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 07 mai. 2015.
HANNIGAN, John. A construção social das questões e problemas ambientais. In: HANNIGAN, J. Sociologia Ambiental. Petrópolis, RJ: Vozes, p. 99-119, 2009.
HILL, Michael. Theories of power and policy process. In: HILL, M. The public policy process. 6ª Ed. Essex: Pearson, p. 25-53, 2013.
IBGE. Características da População e dos Domicílios: Resultados do Universo. Agregados por setores censitários (censo demográfico 2010), 2011.
KUNZLER, Daniel. Água & Tempo Brasil - Reservatórios, nível e tempo. Disponível em: https://itunes.apple.com/br/app/%C3%A1gua-tempo-brasil-reservat%C3%B3rios-n%C3%ADvel-e-tempo/id954947820?mt=8. Acesso em: mai. 2017.
LENZI, Cristiano Luis. Sociologia ambiental: risco e sustentabilidade na modernidade. Edusc, 2006.
LUKES, Steven. Power: A radical view. 2ª Ed. Basingstoke: Palgrave Macmillan, 192 p., 2005.
MARTINS, Luiz. 6ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 07 mai. 2015.
MENASCE, Márcio. Estado quer agilizar licença para construir represa ”“ Projeto no Rio Guapiaçu ampliará abastecimento em Niterói. O Globo, Rio de Janeiro, p. 1, 31 jan. 2015.
MOURA, Alexis. Nível dos reservatórios. Disponível em: https://play.google.com/store/apps/details?id=alexis.moura.copasatrasparente&hl=pt_BR. Acesso em: mai. 2017.
MOYA, Nikolas. Reservatórios. Disponível em: http://android.freeapk123.info/reservatrios-110-42386.html. Acesso em: mai. 2017.
O GLOBO. A economia de água começa em casa. Especialistas dão dicas simples para evitar o desperdício em condomínios. O Globo, 08 mar. 2015.
OLIVEIRA, Edes F. 12ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 25 jun. 2015.
PINTO DE BARROS, Lúcia Helena. 1ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 19 mar. 2015.
PULIDO, Laura. Rethinking environmental racism: White privilege and urban development in Southern California. Annals of the Association of American Geographers, v. 90, n. 1, p. 12-40, 2000.
QUINTSLR, Suyá.; BRITTO, Ana Lúcia. Desigualdades no acesso à agua e ao saneamento: impasses da política pública na metrópole fluminense. WATERLAT-GOBACIT Network Working Papers, v.1, nº 2, 2014.
REZENDE, Sonaly Cristina.; HELLER, Léo. O Saneamento no Brasil: políticas e interfaces. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 387 p., 2002.
RIO DE JANEIRO. Relatório Final da CPI da Crise Hídrica. 94 p., 2015.
ROCHA, Vinícius. 9ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 26 mai. 2015.
RODRIGUES, Alexandre. Mais de um terço dos brasileiros tem serviço de água precário. O Globo, 20 jul. 2014.
SERAFINI, Flávio. 1ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 19 mar. 2015.
THOMAS, Patrick Tadeu. 8ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 21 mai. 2015.
TUBBS FILHO, Décio. 3ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 09 abr. 2015.
VICTER, Wagner. 1ª Reunião Ordinária, CPI da Crise Hídrica: depoimento. ALERJ, 19 mar. 2015.
WOODGATE, Graham; REDCLIFT, Michael. From a ‘sociology of nature’ to environmental sociology: beyond social construction. Environmental values, v. 7, n. 1, p. 3-24, 1998.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
La presentación de la(s) obra(s) científica(s) original(es) por parte de los autores, como titulares de los derechos de autor de los textos enviados a la revista, de conformidad con la Ley 9.610/98, implica la cesión de derechos de autor de publicaciones impresas y/o digitales a la Revista de Sustenibilidad en Debate de los artículos aprobados para fines de publicación, en un único número de la Revista, autorizando también que la(s) obra(s) científica(s) aprobada(s) se divulguen de forma gratuita, sin ningún tipo de reembolso de derechos de autor, a través del sitio web de a Revista, para leer, imprimir y/o descargar el archivo de texto, a partir de la fecha de aceptación para publicación. Por lo tanto, los autores, al presentar los artículos a la Revista y, en consecuencia, la libre cesión de derechos de autor relacionados con el trabajo científico presentado, son plenamente conscientes de que no serán remunerados por la publicación de los artículos en la revista.Â
La Revista está licenciada bajo una licencia no comercial y sin derivaciones Creative Commons (No permite la realización de obras derivadas) 3.0 Brasil, con el propósito de difundir conocimientos científicos, como se indica en el sitio web de la publicación, que permite el intercambio del texto y el reconocimiento de su autoría y publicación original en esta revista.
Los autores pueden asumir contratos adicionales por separado, para la distribución no exclusiva de las obras publicadas en la revista Sustenibilidad en Debate (por ejemplo, en un capítulo de libro), siempre que se indique que los textos se publicaron originalmente en esta revista y que se menciona el DOI correspondiente. Se permite y incentiva a los autores a publicar y distribuir su texto online después de su publicación (por ejemplo, en repositorios institucionales o en sus páginas personales).Â
Los autores aceptan expresamente los términos de esta Declaración de Derechos de Autor, que se aplicará a la presentación si es publicada por esta Revista.