“No princípio era a preguiça...”:
o sentido do tempo na literatura de fundação
Abstract
O texto analisa três obras literárias: Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, O Guarani, de José de Alencar, e Macunaíma herói sem nenhum caráter, de Mário de
Andrade. No conjunto, estas obras podem ser vistas como uma espécie de “etnografia” sobre o processo de construção da identidade nacional no Brasil da primeira metade do século XIX e
início do século XX. Destaca-se, neste processo, a elevação simbólica da preguiça em componente estrutural do ethos nacional brasileiro. Analisar o significado social do “mito da preguiça
brasileira”, inscrito nestas narrativas de fundação, é o objetivo deste texto.
References
ALENCAR, José. O Guarani. 11a Ed. São Paulo: Ática, 1984.
ALMEIDA, Antônio Ribeiro. “Quem é o brasileiro?”. Síntese Nova Fase, vol. 20, nº. 60. Belo Horizonte, 1993, pp. 93-130.
ALMEIDA, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Círculo do Livro, 1988.
ANDRADE, Mário de. Macunaíma o herói sem nenhum caráter. Edição crítica de Telê Porto Ancona Lopez. Rio de Janeiro: LTC; São Paulo: SCCTPMSP, 1978.
ARAÚJO, Emanuel. O teatro dos vícios: transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993.
BOSI, Alfredo. Dialética da colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
CÂMARA CASCUDO, Luís da. Rede de dormir: uma pesquisa etnográfica. 2a ed. São Paulo: Global, 2003.
CANDIDO, Antônio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos (1836-1880). 2 vol. 6a ed. Belo Horizonte: Itatiaia, 1981.
______. “Dialética da malandragem (caracterização das Memórias de um sargento de milícias)”, em Almeida, Manuel Antônio de. Memórias de um sargento de milícias. São Paulo: Círculo do Livro, 1988, pp. 187-
CARVALHO, José Murilo de. “O motivo edênico no imaginário social brasileiro”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 13, nº. 38. São Paulo, 1998, pp. 63-79.
CASTOR, Belmiro V. J. “O país dos falsos preguiçosos”. Revista de Administração Pública, vol. 35, nº. 3. Rio de Janeiro, 2001, pp. 181-96.
CELSO, Affonso. Porque me ufano do meu paiz. 10a Ed. Rio de Janeiro: Garnier, 1926.
DAMATTA, Roberto. “Introdução ”“ Brasil & EUA; ou, As lições do número três”, em Sachs, Viola et al (org.). Brasil & EUA: religião e identidade nacional. Rio de Janeiro: Graal, 1988, pp. 11-26.
______. Conta de mentiroso: sete ensaios de antropologia brasileira. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
ELIADE, Mircea. Mito e realidade. Trad. de Paola Civelli. São Paulo: Perspectiva, 1986.
FREYRE, Gilberto. O brasileiro entre os outros hispanos: afinidades, contrastes e possíveis futuros nas suas inter-relações. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.
GOTO, Roberto. Malandragem revisitada. Campinas: Pontes, 1988.
Helena, Lúcia. “A narrativa de fundação: Iracema, Macunaíma e Viva o povo brasileiro”. Letras. Santa Maria, jul.-dez. de 1993, pp. 80-94.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 17a ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1984.
IVO, Lêdo. Teoria e celebração. São Paulo: Duas Cidades, 1976.
LANDERS, Vasda Bonafini. De Jeca a Macunaíma: Monteiro Lobato e o Modernismo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1988.
LEITE, Dante Moreira. O caráter nacional brasileiro: história de uma ideologia. 4a ed. São Paulo: Pioneira, 1983.
LÉVI-STRAUSS, Claude. O cru e o cozido: Mitológicas I. Trad. de Beatriz Perrone-Moisés. São Paulo: Cosac & Naify, 2004.
MASI, Domenico de. O ócio criativo. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
MAUSS, Marcel. Sociologia e Antropologia. Trad. de Paulo Neves. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
ORTIZ, Renato. Românticos e folcloristas: cultura popular. São Paulo: Olho d’Água,1992.
PAULA, Delsy G. e Starling, Heloísa. “O Barão da Ralé: a política de ponta-cabeça”. Cadernos de Ciências Sociais, vol. 1, nº. 1. Belo Horizonte, PUC-Minas, 1991, pp. 15-28.
QUEIROZ, Suely R. Reis de. A abolição da escravidão. 2a ed. São Paulo: Brasiliense, 1982.
RIBEIRO, Gustavo Lins. “Macunaíma: ser e não ser, eis a questão”, em Cultura e Política no mundo contemporâneo. Brasília, UnB, 2000, pp. 57-77.
ROCHA, Gilmar. “Nação, tristeza e exotismo no Brasil da Belle Epoque”. Varia História, nº. 24. Belo Horizonte, 2001, pp. 172-89.
______. “O rei da Lapa”: Madame Satã e a malandragem carioca. Rio de Janeiro: Sette Letras, 2004.
SAHLINS, Marshall. Cultura na prática. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 2004.
SANT’ANNA, Afonso Romano. Análise estrutural de romances brasileiros. 5a ed. Petrópolis: Vozes, 1979.
SCHWARZ, Roberto. “As idéias fora do lugar”, em Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. 2a ed. São Paulo: Duas Cidades, 1981, pp. 13-25.
______. “Pressupostos, salvo engano, de ‘dialética da malandragem’”, em Que horas são?: ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, pp. 129-55.
SILVA, Marilene Rosa N. Negro na rua: a nova face da escravidão. São Paulo: Hucitec, 1988.
SOUZA, Eneida Maria. “A preguiça: males de origem”. Alceu, vol. 1, nº. 2. Rio de Janeiro, 2001, pp. 77-88.
VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo B. e Araújo, Ricardo Benzaquem. “Romeu e Julieta e a Origem do Estado”, em Velho, Gilberto (org.). Arte e sociedade: ensaios de sociologia da arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1977, pp. 130-69.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
a) The authors maintain the copyright and grant the journal the right of first publication, the work being simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License-Non Commercial 4.0 which allows the sharing of the work with acknowledgment of the authorship of the work and publication this journal.
b) Authors are authorized to enter into additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg publish in institutional repository or as a book chapter), with authorship recognition and publication in this journal.
c) Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online (eg in institutional repositories or on their personal page) after the editorial process, as this can generate productive changes, as well as increase the impact and citation of published work (See The Effect of Free Access).
d) The authors of the approved works authorize the magazine to, after publication, transfer its content for reproduction in content crawlers, virtual libraries and the like.
e) The authors assume that the texts submitted to the publication are of their original creation, being fully responsible for their content in the event of possible opposition by third parties.