“No princípio era a preguiça...”:
o sentido do tempo na literatura de fundação
Resumo
O texto analisa três obras literárias: Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, O Guarani, de José de Alencar, e Macunaíma herói sem nenhum caráter, de Mário de
Andrade. No conjunto, estas obras podem ser vistas como uma espécie de “etnografia” sobre o processo de construção da identidade nacional no Brasil da primeira metade do século XIX e
início do século XX. Destaca-se, neste processo, a elevação simbólica da preguiça em componente estrutural do ethos nacional brasileiro. Analisar o significado social do “mito da preguiça
brasileira”, inscrito nestas narrativas de fundação, é o objetivo deste texto.
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