Uma cartografia das amas-de-leite na sociedade carioca oitocentista

Autores

  • Maria Elizabeth Ribeiro Carneiro

Resumo

O que significava ser “ama-de-leite” na sociedade carioca oitocentista? A pergunta orientou a trajetória de pesquisa, pela qual buscou-se analisar representações de “amas-de-leite” e das práticas do aleitamento na Corte Imperial. Em estudos da medicina, textos da imprensa, ofícios da administração pública, expressões da literatura e da iconografia, aparecem “amas-de-leite”, assim nomeados os corpos de mulheres africanas ou descendentes, geralmente negras ou pardas, que eram compradas, vendidas, alugadas para amamentar os filhos de famílias proprietárias. O conjunto discursivo revela a reiteração de um enunciado e uma política que, por meio de códigos institucionais e práticas positivas, visa a ordenar a sociedade escravocrata e patriarcal. Mensurados em valores financeiros e simbólicos, corpos de amas-de-leite aparecem designados sob marcas de sexogênero, raça-etnia, idade e de condição civil; articulam o alfabeto de sinais ou repertório de diferenças, significativo daquela arquitetura de relações e desigualdades sociais.

Biografia do Autor

  • Maria Elizabeth Ribeiro Carneiro

    Professora do Instituto de História da Universidade Federal de Uberlândia

Publicado

2009-12-18

Como Citar

Uma cartografia das amas-de-leite na sociedade carioca oitocentista. (2009). T.E.X.T.O.S DE H.I.S.T.Ó.R.I.A. Revista Do Programa De Pós-graduação Em História Da UnB., 15(1/2), 121-142. https://periodicostestes.bce.unb.br/index.php/textos/article/view/27987