Fatores e comportamentos associados ao consumo de carne por universitários brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.18472/SustDeb.v15n3.2024.55163Palavras-chave:
plant-based, vegetarianism, diets, Sustainability, university studentsResumo
Buscou-se analisar o consumo de carne e sua associação com um conjunto de variáveis sociodemográficas e comportamentais em universitários da Universidade Federal da Fronteira Sul/Brasil. Oitocentos e quinze universitários responderam a um questionário estruturado e foram realizadas análises de correlação estatística e regressão logística. O consumo de carne está associado (p<0,05) com sexo, religião, curso de graduação, renda, raça, autocontrole, comportamentos pró-ambientais e questões relacionadas à indústria da carne. Em relação à adesão e manutenção de um padrão de consumo reduzido de carne, houve correlação positiva com maior facilidade em preparar alimentos e comer fora de casa, motivações ligadas ao meio ambiente, causas animais e indústria da carne. Fatores comportamentais antecedentes e consequentes são pontos-chave para mudanças alimentares em prol da sustentabilidade.
Referências
APPLEBY, P.N.; THOROGOOD, M.; MANN, J.I.; KEY, T. Low body mass index in non-meat eaters: the possible roles of animal fat, dietary fibre and alcohol. Int J Obes Relat Metab Disord, v. 22, p; 454-460, 1998.
ASHER, K.; CHERRY, E. Home is where the food is: barriers to vegetarianism and veganism in the domestic sphere. Journal for Critical Animal Studies. v.13, n.1. 2015.
BARROS, K.S; BIERHALS, I.O; ASSUNÇÃO, M.C.F. Vegetarianismo entre ingressantes de uma universidade pública no sul do Brasil, 2018. Epidemiologia e Servicos de Saude: Revista do Sistema Unico de Saude do Brasil. V. 29, n.4: e2019378, 2020. https://doi.org/10.5123/s1679-49742020000400009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. “Guia alimentar para a população brasileira.” 2. Ed. 1. Reim pr. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf
CABRAL, C.H.M. Vegetarianismo na UFPE: análise da comunidade acadêmica e da estrutura oferecida. Dissertação (Mestrado Profissional em Gestão Pública para o Desenvolvimento do Nordeste) – Universidade Federal de Pernambuco Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Recife, 2022.
CARNEIRO, H.S.C. Comida e sociedade: uma história da alimentação. Elsevier Brasil. 2007.
CARVALHO, A.M; CHESTER, L.G.C.; FISBERG, R.M.; MARCHIONI, D.M.L. Excessive meat consumption in Brazil: diet quality and environmental impacts. Public Health Nutrition. V.16, n.10: 1893–99, 2013. https://doi.org/10.1017/S1368980012003916.
CARVALHO, M. C. V. S. Práticas e saberes na alimentação: natural, racional ou social. In: LUZ, M. T.; BARROS, N. F. Racionalidades médicas e práticas integrativas em saúde, estudos teóricos e empíricos Rio de Janeiro: Cepesc, 2012. p.425-442.
CRUZ, R.N. Uma introdução ao conceito de autocontrole proposto pela análise do comportamento. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva, v.8, n.1,p. 85-94, 2006.
DE BAKKER, E., & DAGEVOS, H. Reducing meat consumption in today’s consumer
society: Questioning the citizen-consumer gap. Journal of Agricultural and
Environmental Ethics, v.25, n.6,p.877–894. 2012.
DONEDA, D.; SOARES, C.H.; ZANINI, M.C.C.; DA SILVA, V.L. Vegetarianismo muito além do prato: ética, saúde, estilos de vida e processos de identificação em diálogo. Revista Ingesta v.2, n.1. p.176–99, 2020. https://doi.org/10.11606/issn.2596-3147.v2i1p176-199.
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION. Sustainable Diets and Biodiversity: Directions and Solutions for Policy, Research and Action. Edited by Barbara Burlingame and Sandro Dernini. Rome, Italy: Food & Agriculture Organization of the United Nations (FAO). 2013.
FOX, N.; WARD, K. Health, Ethics and environment: a qualitative study of vegetarian motivations. Appetite v.50, n.2–3,p. 422–29. 2008. https://doi.org/10.1016/j.appet.2007.09.007.
GARZILLO, J.M.F.; MACHADO, P.P.; LOUZADA, M.L.C.; LEVY, R.B.; MONTEIRO, C.A. Pegadas dos alimentos e das preparações culinárias consumidos no Brasil. Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública, 2019.
GLATZLE, A. Questioning key conclusions of FAO publications ‘Livestock's Long Shadow’ (2006), appearing again in ‘Tackling Climate Change Through Livestock’ (2013). Pastoralism v.4, n.1, 2014. https://doi.org/10.1186/2041-7136-4-1
GILG, A.; BARR, S.; FORD,N. Green consumption or sustainable lifestyles? identifying the sustainable consumer. Futures v.37, n.6, p: 481–504. 2005.https://doi.org/10.1016/j.futures.2004.10.016.
HALL, A.C.; BUTTERWORTH, J.; WINSOR, J.; KRAMER, J. NYE-LENGERMAN, K.; TIMMONS, J. Building an evidence-based, holistic approach to advancing integrated employment. Research and Practice for Persons with Severe Disabilities: The Journal of TASH v.43, n.3, p: 207–18, 2018. https://doi.org/10.1177/1540796918787503.
HACKBARTH, L.; VILELA,R..M.; KATZ, M.; ZOLNIR, A.C.K.; FERREIRA, M.L.C.. Vegetarians at the University’s restaurants: are they doing well? Rev. Braspen J v.33, n.2, p:127-140. 2018.
HARGREAVES, S.M.; ROSENFELD,D.L.; MOREIRA,A.V.B.; ZANDONADI, R.P. Plant-based and vegetarian diets: an overview and definition of these dietary patterns. European Journal of Nutrition v.62, n.3, p: 1109–21. 2023.https://doi.org/10.1007/s00394-023-03086-z.
HEMLER, E.C.; FRANK B.H.U. Plant-based diets for personal, population, and planetary health. Advances in Nutrition 10 (Suppl_4): S275–83. 2019.https://doi.org/10.1093/advances/nmy117.
HOFFMAN, S. R.; STALLINGS, S. F.; BESSINGER, R. C.; BROOKS, G. T. Differences between health and ethical vegetarians. Strength of conviction, nutrition knowledge, dietary restriction, and duration of adherence. Appetite, v.65, p.139–144. 2013. https://10.1016/j.appet.2013.02.009.
HOPWOOD, C.J.; ROSENFELD,DE.; CHEN, S.; BLEIDORN, W. An investigation of plant-based dietary motives among vegetarians and omnivores. Collabra. Psychology v.7, n.1, 2021. https://doi.org/10.1525/collabra.19010.
HÖTZEL, M.J.; VANDRESEN, B. Brazilians’ attitudes to meat consumption and production: present and future challenges to the sustainability of the meat industry. Meat Science 192 (108893): 108893. 2022.https://doi.org/10.1016/j.meatsci.2022.108893.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Características étnico-raciais da população: classificações e identidades. 2017. Censo Agropecuário 2017 – Resultados Definitivos. 2022. Disponível em: .
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Avaliação nutricional da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil (2017- 2018). Rio de Janeiro: IBGE, 2020b. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101704.pdf.
JANDA, S.; TROCCHIA, P. J. Vegetarianism. Toward a greater understanding. Psychology and Marketing, v.18, n.12, 1205–1240. 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1002/mar.1050.
KALOF, L.; DIETZ, T.; STERN, P. C.;GUAGNANO, G. A. Social psychological and structural influences on vegetarian beliefs. Rural Sociology, v. 64,n.3, p.500–511, 2009. https://doi.org/10.1111/j.1549-0831.1999.tb00364.x
KRIZANOVA, J.; ROSENFELD, D.L.; TOMIYAMA, A.J.; GUARDIOLA, J. Pro-environmental behavior predicts adherence to plant-based diets. Appetite 163 (105243): 105243. 2021. https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105243.
LINDEMAN, M.; SIRELIUS, M. Food choice ideologies: The modern manifestations of normative and humanist views of the world. Appetite, v. 37, n.3, p. 175–184. https://doi.org/10.1006/appe.2001.0437.
LITRE, G.; TOURRAND, J. MORALES, H. & ARBELETCHE, P. Ganaderos Familiares Gauchos: ¿Una opción hacia la producción sustentable? *Asian Journal of Latin American Studies*, v.20, p.105-147, 2007.
MARTINELLI, S.S.; CAVALLI, S.B. Alimentação saudável e sustentável: uma revisão narrativa sobre desafios e perspectivas. Ciencia & saude coletiva v.24,n.11,p: 4251–62. 2019.https://doi.org/10.1590/1413-812320182411.30572017.
MIKI, A.J.; LIVINGSTON, K.A; KARLSEN, M.C.; FOLTA, S.C.; MCKEOWN, N.M. Using evidence mapping to examine motivations for following plant-based diets. Current Developments in Nutrition v.4,n.3: nzaa013. 2020.https://doi.org/10.1093/cdn/nzaa013.
MOREIRA, M. B.; MEDEIROS, C. A. d. Princípios básicos de análise do comportamento. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019.
NEUFINGERL N, EILANDER A. Nutrient Intake and Status in Adults Consuming Plant-Based Diets Compared to Meat-Eaters: A Systematic Review. Nutrients. V.14, n.1,p:29. 2022. https://doi.org/10.3390/nu14010029
NEZLEK, J.B.; FORESTELL,C.A. Vegetarianism as a social identity. Current Opinion in Food Science v.33, p: 45–51. 2020.https://doi.org/10.1016/j.cofs.2019.12.005.
NEZLEK, J.B.; FORESTELL, C.A. Where the rubber meats the road: relationships between vegetarianism and socio-political attitudes and voting behavior. Ecology of Food and Nutrition v.58,n.6.p: 548–59, 2019 https://doi.org/10.1080/03670244.2019.1641801.
ORLICH, M.J.; SINGH, P.N.; SABATÉ, J.; JACELDO-SIEGL,K.; FAN,J.; KNUTSEN,S.; BEESON, W.L.; FRASER, G.E. Vegetarian dietary patterns and mortality in adventist health study 2. JAMA Internal Medicine v.173, n.13, p: 1230–38, 2013. https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2013.6473.
Painel Internacional de Especialistas em Sistemas Alimentares Sustentáveis - IPES FOOD. Proteínas e política: mitos e fatos sobre carne, peixe, “proteínas alternativas” e sustentabilidade, 2022. Disponível em: < https://ipes-food.org/wp-content/uploads/2024/03/ProteinasEPoliticaPT.pdf>.
PONZIO, E.; MAZZARINI, G.; GASPERI, G.; BOTTONI, M.C.; VALLORANI, S. The vegetarian habit in italy: prevalence and characteristics of consumers. Ecology of Food and Nutrition v.54, n.4, p: 370–79. 2015. https://doi.org/10.1080/03670244.2014.1001981.
ROSENFELD, D.L.; BURROW, A.L. Vegetarian on purpose: understanding the motivations of plant-based dieters. Appetite v.116, p: 456–63. 2017.https://doi.org/10.1016/j.appet.2017.05.039.
———. TOMIYAMA, J. A. Gender differences in meat consumption and openness to vegetarianism. Appetite v.166, (105475),
https://doi.org/10.1016/j.appet.2021.105475.
_____. BRANNON, T.; TOMIYAMA, J. A. Racialized perceptions of vegetarianism: stereotypical associations that undermine inclusion in eating behaviors. Pers Soc Psychol Bull. V.49, n.11, p:1601-1614. 2023. https://10.1177/01461672221099392.
ROTHGERBER, H. A comparison of attitudes toward meat and animals among strict and semi-vegetarians. Appetite, v.72, p. 98–105, 2014. https://10.1016/j.appet.2013.10.002.
RUBY, M.B.; HEINE, S.J. Meat, morals, and masculinity. Appetite v.56, n.2, p: 447–50. 2011. https://doi.org/10.1016/j.appet.2011.01.018.
SALONEN, A. O.; HELNE, T. T. Vegetarian diets: A way towards a sustainable society. Journal of Sustainable Development, v. 5, n.10, 2012. https://10.5539/jsd.v5n6p10.
SCHNEIDER, B.C.; DURO, S.M.S.; ASSUNÇÃO, M.C.F. Meat consumption by adults in southern Brazil: a population-based study. Ciencia & saude coletiva v.19 n.8,p: 3583–92. 2014.https://doi.org/10.1590/1413-81232014198.11702013.
SCHENK, P.; RÖSSEL, J.; SCHOLZ, M. Motivations and constraints of meat avoidance. Sustainability, v. 10(11), n. 3858., p. 1-19, 2018.
SKINNER, B. F. Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1982.
SWINBURN, B.A., et al. The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet Commission Report.” Lancet, 393 (10173): 791–846. 2019. https://doi.org/10.1016/s0140-6736(18)32822-8.
TONSTAD, S. et al. Vegetarian diets and incidence of diabetes in the Adventist Health Study-2. Nutr Metab Cardiovasc Dis. v. 23, p. 292-299, 2013. https://10.1016/j.numecd.2011.07.004.
TRICHES, R.M. Dietas saudáveis e sustentáveis no âmbito do sistema alimentar no século XXI. Saúde Em Debate v.44, n.126, p: 881–94. 2020.https://doi.org/10.1590/0103-1104202012622.
TRINDADE, J.K,; DE LIMA, M.G.; SPINELLI, M.G.N.; MATIAS, A.G. Consumo de alimentos fontes de proteína animal por estudantes universitários em restaurantes comerciais autosserviço. Revista Da Universidade Vale Do Rio Verde v.14, n.2, p: 481–90;2016. https://doi.org/10.5892/ruvrd.v14i2.2648.
VANDRESEN, B.; HOTZEL, M.J. Brazilians’ attitudes to meat consumption and production: Present and future challenges to the sustainability of the meat industry. Meat Science, v.192, 2022. https://doi.org/10.1016/j.meatsci.2022.108893.
WATKINS, L.; AITKEN, R.; MATHER, D. Conscientious consumers: A relationship between moral foundations, political orientation and sustainable consumption. Journal of Cleaner Production, v. 134, p. 137–146, 2016. https://doi.org/10.1016/j.jclepro.2015.06.009
WILLETT, W., et al. Food in the Anthropocene: The EAT–Lancet Commission on Healthy Diets from Sustainable Food Systems. Lancet 393 (10170): 447–92. 2019. https://doi.org/10.1016/s0140-6736(18)31788-4.
WORLD CANCER RESEARCH FUND. Food, nutrition, physical activity, and the prevention of cancer: a global perspective. Choice v.45, n.09, p: 45-5024. 2008. https://doi.org/10.5860/choice.45-5024.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Sustainability in Debate

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A submissão de trabalho(s) científico(s) original(is) pelos autores, na qualidade de titulares do direito de autor do(s) texto(s) enviado(s) ao periódico, nos termos da Lei 9.610/98, implica na cessão de direitos autorais de publicação impressa e/ou digital à Revista Sustentabilidade em Debate do(s) artigo(s) aprovado(s) para fins da publicação, em um único número da Revista, autorizando-se, ainda, que o(s) trabalho(s) científico(s) aprovado(s) seja(m) divulgado(s) gratuitamente, sem qualquer tipo de ressarcimento a título de direitos autorais, por meio do site da Revista, para fins de leitura, impressão e/ou download do arquivo do texto, a partir da data de aceitação para fins de publicação. Portanto, os autores ao procederem a submissão do(s) artigo(s) Revista, e, por conseguinte, a cessão gratuita dos direitos autorais relacionados ao trabalho científico enviado, têm plena ciência de que não serão remunerados pela publicação do(s) artigo(s) no periódico.
A Revista encontra-se licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações (Proibição de Realização de Obras Derivadas) 3.0 Brasil, para fins de difusão do conhecimento científico, conforme indicado no sítio da publicação, que permite o compartilhamento do texto e o reconhecimento de sua autoria e publicação original nesta revista.
Os autores têm permissão para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva dos trabalhos publicados na Revista Sustentabilidade em Debate (por exemplo, em um capítulo de livro), desde que seja assinalado que os textos foram originalmente publicados nesta revista e que seja mencionado o DOI correspondente. Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir o seu texto online, após a publicação (por exemplo, em repositórios institucionais ou nas suas páginas pessoais).
Os autores declaram expressamente concordar com os termos da presente Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a submissão caso seja publicada por esta Revista.