Resiliência socioecológica em comunidades deslocadas por hidrelétricas na Amazônia:
o caso de Nova Mutum Paraná, Rondônia
DOI:
https://doi.org/10.18472/SustDeb.v7n2.2016.17850Palabras clave:
Resiliência cultural, Deslocamento, Reassentamento, Reconstrução de identidade, Impactos socioecológicos, Hidrelétricas, AmazôniaResumen
Este artigo apresenta um estudo interdisciplinar sobre processos de adaptação e resiliência cultural em situações de deslocamento e reassentamento forçado de grupos sociais por implantação de hidrelétricas na Amazônia. São apresentados resultados de uma pesquisa participativa realizada entre a comunidade de Nova Mutum Paraná, Rondônia, após seu deslocamento forçado devido à construção da Hidrelétrica de Jirau. A abordagem teórica integra conceitos das teorias dos sistemas socioecológicos complexos com conceitos originários no corpo teórico da antropologia do desenvolvimento. Métodos incluíram observação participante, oficinas participativas e atividades com grupos focais por um período de quase três anos logo depois do reassentamento. Foram pesquisados o processo de reorganização social e as estratégias de negociação da comunidade com o consórcio construtor, relacionadas ao acesso a recursos de uso comum, priorizando dois espaços de lazer e importância cultural: balneário natural e campo de futebol. Resultados sugerem que o capital social presente na comunidade nas fases iniciais de planejamento e tomada de decisão para a construção de hidrelétricas é um fator crítico no processo de negociação de acões de mitigação relativas ao acesso a bens comuns e serviços. O envolvimento e o apoio de gestores municipais também foram elementos importantes para o fortalecimento da organização social da comunidade. Apesar dos obstáculos e dificuldades, a comunidade persiste em reconstruir os espaços sociais e de convivência comum, buscando assim manter raízes de sua história por meio dos hábitos e costumes praticados na antiga comunidade ribeirinha.
Referencias
ATHAYDE, S, BARTELS, W, BUSCHBACHER, R. e ROSA, R.D. Aprendizagem colaborativa, transdisciplinaridade e gestão socioambiental na Amazônia: abordagens para a construção de conhecimento entre academia e sociedade. Revista Brasileira de Pós-Graduação10(21): 729-756, 2013.
BECKER, Bertha K. Revisão das políticas de ocupação da Amazônia: é possível identificar modelos para projetar cenários? Revista Parceria Estratégicas, n. 12, p.135-159, 2001.
BERKES, F.; COLDING, J.; FOLKE, C. (eds.). Navigating Social-Ecological Systems. Building Resilience for Complexity and Change. Cambridge: Cambridge University Press, 2008.
BERMANN, C. Impasses e controvérsias da hidreletricidade. Estudos Avançados, v. 21, p. 139-153, 2007.
BUSCHBACHER, R. A Teoria da resiliência e os sistemas socioecológicos: como se preparar para um futuro imprevisível? IPEA Boletim Regional, Urbano e Ambiental, 9: 11-24 Jan.-Jun. 2014
CERNEA, M. M. Understanding and preventing impoverishment from displacement.In: McDowell, C. (ed). Understanding Impoverishment: The Consequences of Development-Induced Displacement. Oxford: Berghahn Books, 1996.
CERNEA, M. M. and C. McDOWELL (eds.). Risks and reconstruction.Experiences of settlers and refugees.Washington: World Bank, 2000.
CHAMBERS, R. The origins and practice of participatory rural appraisal.World Development, v. 22, n. 7, p. 953-969. 1994.
CRANE, T. A. Of models and meanings: cultural resilience in social”“ecological systems. Ecology and Society, v.15, n. 4 art.19, 2010.Disponívelem:
http://www.ecologyandsociety.org/vol15/iss4/art19/. Acesso em março/2013.
FREIRE, P. Por uma pedagogia da pergunta. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FOLKE, C. Resilience: The emergence of a perspective for social”“ecological systems analyses. Global Environmental Change, v. 16, n. 3, p. 253”“267, 2006.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Terra: Ecopedagogia e educação sustentável. pp: 81-132 In Paulo Freire y la agenda de laeducaciónlatinoamericanaenelsiglo XXI. Buenos Aires: CLACSO, ConsejoLatinoamericano de CienciasSociales. 2001.
GOMES, Emmanoel. Rondônia para Concursos & Vestibulares. Porto Velho: Mundial Gráfica e Editora Ltda., 2008.
GUNDERSON, L. H. e HOLLING, C.S. (eds). Panarchy:.Understanding Transformations in Human and Natural Systems. Washington: Island Press, 2002.
KOLB, D. A. Experiential learning: Experience as the source of learning and development.New Jersey: Prentice-Hall, 1984.
MAB, MOVIMENTO DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS. 2016. A luta dos atingidos por barragens contra as transnacionais, pelos direitos e por soberania energética. Disponível em: http://www.mabnacional.org.br/publicacoes/cartilha_soberania_energetica.pdf. Acesso em abril/2016.
MAHAR, D. J. Desenvolvimento econômico da Amazônia: uma análise das políticas governamentais. Rio de Janeiro: Ipea/Inpes, 1978.
MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Plano Nacional de Energia 2030. Disponível em: www.mme.gov.br/mme/.../pne_2030/PlanoNacionalDeEnergia2030.pdf. Acesso em maio/2013.
OLIVER-SMITH, A. (ed.) Development & dispossession: the crisis of forced displacement and resettlement. Santa Fe: School for Advanced Research Press, 2009.
PINHEIRO, W. Meirelles. Políticas Públicas: o planejamento municipal como base para o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Manaus: Valer/Uninorte, 2008.
RIBEIRO, A. M. ; ANDRADE, L. C. ; MORET, A. S. . Os Estabelecidos e os Outsiders da Amazônia: uma reflexão sociológica acerca de um projeto de reassentamento em Rondônia, Brasil. Territórios e Fronteiras (Online), v. 8, p. 256-274, 2015.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
SANTOS, B. S. Para além do Pensamento Abissal: Das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, B. S.; MENESES, M. P. (Orgs.). Epistemologias do Sul. Coimbra: Almedina, 2009.
SARMIENTO, F. O. Arrested succession in pastures hinders regeneration of Tropandean forests and shreds mountain landscapes. Environmental Conservation, 24 (1): 14-23, 1997
SCUDDER, T. The Future of Large Dams: Dealing with Social, Environmental, Institutional and Political Costs.London and New York: Earthscan, 2005.
SCUDDER, T. Resettlement Theory and the Kariba Case: an Anthropology of Resettlement. In Oliver-Smith, A. Development and Dispossession. The Crisis of Forced Displacement and Resettlement. Santa Fe: School of Advanced Research Press, 2009.
SEIXAS, Cristina Simão. Abordagens e técnicas de pesquisa participativa em gestão de recursos naturais. In: VIEIRA, Paulo F.; BERKES, F.; SEIXAS, Cristina Simão, Gestão Integrada e Participativa de Recursos Naturais. Florianópolis: Secco, 2005.
SEVÁ FILHO, Arsênio Oswaldo. Estranhas Catedrais. Notas sobre o capital hidrelétrico, a natureza e a sociedade. Revista informativa ciência e cultura, v. 60, n. 3, p. 44-50, 2008. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/pdf/cic/v60n3/a14v60n3.pdf. Acesso em abril/2016.
SILVA, Antonio Candido da. Madeira Mamoré: “o vagão dos esquecidos". Porto Velho: M & M Gráfica e Editora, 2000a.
SILVA, Maria das Graças S. N. O espaço Ribeirinho. São Paulo: Terceira Margem, 2000b.
SIMÃO, B. P. Resiliência Cultural após deslocamento ereassentamento forçado pela hidrelétrica de Jirau, Rondônia. Monografia (especialização em Gestão Colaborativa de Sistemas Socioecológicos Complexos). UNEMAT, 2012.
THIOLLENT, M. J. M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1998.
UNIR - UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONIA. Desestruturação Social e Ambiental das Comunidades Ribeirinhas Urbanas e Rurais no Município de Porto Velho. Projeto de pesquisa e extensão (PIBEX), 2010. Disponível em: http://www.cienciassociais.unir.br/menus_arquivos/257_desestruturacao_social_e_ambiental_das_comunidades_ribeirinhas_urbanas_e_rurais_no_municipio_de_porto_velho.pdf. AcessO em fevereiro/2013.
WCD. World Commission on Dams. 2000. Dams and Development: A New Framework for Decision-Making. London: Earthscan, 2000.
ZHOURI, A. Justiça ambiental, diversidade cultural e accountability: desafios para a governança ambiental.Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 23 n. 68, p. 97-107, 2008.
ZHOURI, A. (org.). Desenvolvimento, reconhecimento de direitos e conflitos territoriais. Brasília: Associação Brasileira de Antropologia, 2012.
ZHOURI, A. e OLIVEIRA R. Desenvolvimento, conflitos sociais e violência no Brasil rural: o caso das usinas hidrelétricas. Ambiente e Sociedade, v.10, p. 119-135, 2007.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
La presentación de la(s) obra(s) científica(s) original(es) por parte de los autores, como titulares de los derechos de autor de los textos enviados a la revista, de conformidad con la Ley 9.610/98, implica la cesión de derechos de autor de publicaciones impresas y/o digitales a la Revista de Sustenibilidad en Debate de los artículos aprobados para fines de publicación, en un único número de la Revista, autorizando también que la(s) obra(s) científica(s) aprobada(s) se divulguen de forma gratuita, sin ningún tipo de reembolso de derechos de autor, a través del sitio web de a Revista, para leer, imprimir y/o descargar el archivo de texto, a partir de la fecha de aceptación para publicación. Por lo tanto, los autores, al presentar los artículos a la Revista y, en consecuencia, la libre cesión de derechos de autor relacionados con el trabajo científico presentado, son plenamente conscientes de que no serán remunerados por la publicación de los artículos en la revista.Â
La Revista está licenciada bajo una licencia no comercial y sin derivaciones Creative Commons (No permite la realización de obras derivadas) 3.0 Brasil, con el propósito de difundir conocimientos científicos, como se indica en el sitio web de la publicación, que permite el intercambio del texto y el reconocimiento de su autoría y publicación original en esta revista.
Los autores pueden asumir contratos adicionales por separado, para la distribución no exclusiva de las obras publicadas en la revista Sustenibilidad en Debate (por ejemplo, en un capítulo de libro), siempre que se indique que los textos se publicaron originalmente en esta revista y que se menciona el DOI correspondiente. Se permite y incentiva a los autores a publicar y distribuir su texto online después de su publicación (por ejemplo, en repositorios institucionales o en sus páginas personales).Â
Los autores aceptan expresamente los términos de esta Declaración de Derechos de Autor, que se aplicará a la presentación si es publicada por esta Revista.