A paciência revolucionária de Lélia Gonzalez, intelectual amefricana e intérprete do Brasil
Palavras-chave:
Lélia Gonzalez, Movimento Negro, Epistemologia Feminista NegraResumo
O presente artigo reúne algumas das reflexões de Lélia Gonzalez (1935-1994) apresentadas em uma entrevista concedida ao Jornal Nacional do Movimento Negro Unificado – MNU, no ano de 1991. Tal fala foi realizada em Salvador, por Jônatas Conceição da Silva (1952-2009), militante do Movimento Negro da Bahia, e editada por Edson Cardoso (1949-), que atuou na imprensa negra como editor em diversas
revistas. A temática principal levantada por Lélia em sua fala diz respeito à questão ética no interior do Movimento Negro, em diálogo com uma perspectiva histórica e de ancestralidade africana, com ênfase nas questões voltadas aos estudos da política, cultura e subjetividades. Sendo assim, a intenção é observar as propostas políticas de Lélia, alçando-a enquanto intérprete do Brasil que teorizou sobre a formação cultural brasileira e as suas problemáticas estruturais pautadas em questões de gênero, raça e classe, e relacioná-las aos pressupostos da epistemologia feminista negra, tais como a ética do cuidado e da responsabilidade e o diálogo e a experiência vivida, que entendem a teoria como parte fundamental da luta prática. A partir dessas discussões, o texto busca contribuir para a literatura ao destacar a relação indissociável entre a produção de saberes e a atuação política.
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