Chamada para artigos para o dossiê temático: Outras Rotas do Sul. As relações China, América Latina e Caribe

2025-02-06

Proposta

Outras Rotas do Sul. As relações China, América Latina e Caribe  

O aprofundamento das relações entre América Latina e República Popular da China faz parte do reordenamento do sistema-mundo contemporâneo em direção à "multipolaridade" ou "mundo multi-nodal". Esse reajuste, ainda em fase de desenvolvimento, caracteriza-se, entre outras coisas, pelo desafio aos pressupostos neo-coloniais e imperialistas que sustentaram a hegemonia unipolar do ocidente sobre o sul global desde o fim da guerra fria.    

Desde a revolução de 1949 que levou ao poder o Partido Comunista Chinês e encerrou o chamado "século de humilhações", o mundo assiste à emergência global da República Popular da China ao status de potência. Tal processo ganhou vulto com as reformas econômicas iniciadas por Deng Xiaoping que intensificou a industrialização e o crescimento econômico do país, contribuindo decisivamente para elevar a economia da República Popular da China aos patamares atuais. Hoje, a República Popular da China, figura como maior exportador de bens industrializados do mundo, detém a maior fatia de investimentos globais em pesquisa e desenvolvimento e, ao mesmo tempo, situa-se como maior importador de matéria prima e energia do globo.    

Desde os discursos iniciais de Deng Xiaoping, ocorridos no final da década de 1970, já se nota a presença e importância dada pela República Popular da China às relações sul-sul. Tais relações são apresentadas nos documentos oficiais do país como uma forma de cooperação "win-win", ou seja, de ganhos mútuos. Essa perspectiva, de acordo com o pensamento chinês, defende a substituição das relações subalternizadoras e verticais instaladas pelo imperialismo ocidental por um modelo de cooperação horizontal que promova o desenvolvimento recíproco dos países.      

Tal perspectiva, no entanto, é alvo de muitas controvérsias. Neste debate, alguns autores divergem dessa leitura e chegam a denunciar a existência de características imperialistas na atuação global da República Popular da China. Outros argumentam que o país se conduz de forma diversa das antigas potências coloniais e promove um sistema de trocas internacionais mais justo. A intensificação das relações da periferia e semiperiferia global com a República Popular da China, ocorre no contexto geral de fortalecimento das relações sul-sul, no qual, associações como os BRICS e ASEAN se destacam. Tal processo, no entanto, não ocorre sem impactos geopolíticos, gerando crises e disputas, como pode-se notar a partir das guerras da Rússia-Ucrânia, os conflitos no Oriente Médio, bem como, as tensões envolvendo Taiwan.  

 A República Popular da China já figura entre os principais, quando não o primeiro, parceiros comerciais de vários países da América Latina, alguns dos quais já integram a Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative). No entanto, as exportações Latino-Americanas se limitam majoritariamente a matérias primas, enquanto as importações são geralmente de bens industrializados. Diante desse quadro, faz-se necessário entender de forma mais aprofundada tais relações, compreender melhor o papel da América Latina e avaliar os caminhos de integração para que, de fato, se constituam relações de mútuo benefício.  

Para além dos laços econômicos, muitos analistas e pesquisadores se questionam sobre outras dimensões da integração entre a China e a América Latina. Entre elas, os diálogos culturais, as trocas de conhecimento, a colaboração no enfrentamento da crise ambiental e a superação de desafios como pobreza e subdesenvolvimento. No entanto, até o momento tais aspectos parecem permanecer à reboque das relações econômicas e comerciais na agenda de integração.

Trabalhos que abordem estes e outras temas e discussões correlatos, assim como resenhas de contribuições teóricas, metodológicas e críticas serão bem-vindos a compor o número!    

As regras de publicação podem ser acessadas emhttps://periodicos.unb.br/index.php/repam/about/submissions#authorGuidelines    

Os textos deverão ser enviados através do site da Revista no endereço: https://periodicos.unb.br/index.php/repam/about/submissions  

  Cronograma  

Recebimento dos artigos para compor o dossiê: 30 de junho de 2025;

Pré-avaliação dos artigos recebidos: 12 de julho de 2025;

Recebimento das avaliações dos artigos: 30 de agosto de 2025;

Os artigos aprovados serão enviados para revisão dos autores, revisão da revista e editoração até: 14 de setembro de 2025;

Prazo previsto para publicação do número Vol. 17 N. 2 2023: setembro de 2025.