Agroecologia Camponesa: muito além da produção de alimentos saudáveis - um projeto de vida no assentamento contestado, Lapa/PR.
DOI:
https://doi.org/10.33240/rba.v16i1.23319Keywords:
Bem Viver. Pós-desenvolvimento. MST. CampesinatoAbstract
Correntemente o conceito de desenvolvimento está associado a uma noção positiva, como um processo inexorável para passar de uma dada situação para outra melhor. Por isso, está presente nos discursos e práticas políticas, exercendo um forte poder mobilizador. No entanto, notamos que o desenvolvimento apresenta uma série de contradições em um sistema mundo capitalista moderno-colonial. Na maioria dos casos o discurso desenvolvimentista inspira falsas promessas e a sua prática manifesta diversas controvérsias, limitando os processos de transformação social efetivos. A ideologia do desenvolvimento junto ao avanço destrutivo do capital, em curso no espaço rural brasileiro, já não consegue acomodar as suas intensas contradições. Buscamos com este trabalho, apresentar as contradições em torno deste conceito e dar destaque a uma das múltiplas linhas de argumentação no debate contemporâneo sobre o fenômeno do desenvolvimento, empreendida pela corrente teórica do pós-desenvolvimento; assim, visamos ampliar o quadro de debates atuais e reforçar a coerência teórica e prática das iniciativas de resistências e de alternativas contra hegemônicas. Nesse sentido, buscamos também identificar convergências entre os conceitos de Agroecologia e Bem Viver, como uma possível resposta aos anseios e críticas elaborados pela corrente do pós-desenvolvimento. O estudo empírico apresentado neste trabalho refere-se ao Assentamento Contestado no município da Lapa – PR. Partimos da hipótese que o assentamento constitui-se numa negação ao caráter destrutivo do padrão de desenvolvimento hegemônico, e exprime uma crítica empírica aos limites do capital manifestando racionalidades alternativas - podendo ser visto como um lugar de manifestação do Bem Viver e um possível embrião de renovadas relações sociais pós-desenvolvimentistas. O objetivo da pesquisa é analisar as contribuições da Agroecologia na edificação do Bem Viver – como alternativa ao desenvolvimento. A pesquisa possui natureza qualitativa e combina pesquisa bibliográfica e documental com observação em campo e entrevistas semiestruturadas. Os resultados permitem considerar o assentamento Contestado como um experimento real em que camponeses e camponesas se organizam para produzir e viver a agroecologia, passando a manifestar novas formas de relação entre si, com a natureza e com o trabalho. Os elementos constitutivos de um Bem Viver agroecológico, apontados como tendência no assentamento Contestado, foram: racionalidade ambiental, emancipação humana, convivencialidade, soberania alimentar e promoção da saúde.
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