Holofotes de uma epidemia
a construção discursiva de uma campanha sobre hiv no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.35956/v.24.n2.2024.p.48-65Palavras-chave:
Análise Crítica do Discurso, HIV, Estigma, Biopolítica, NeoliberalismoResumo
Este artigo, resultado de uma pesquisa qualitativa, tem como objeto a campanha mais recente sobre HIV com depoimentos de pessoas que vivem com o vírus, produzida pelo Ministério da Saúde. O objetivo é analisar se essa campanha mantém o senso de naturalização de pessoas que vivem com HIV — determinado por discursos hegemônicos — ou contribui para transformar e mudar o estigma que desencadeia o preconceito e a discriminação. O estudo tem como base a abordagem teórico-analítica da Análise Crítica do Discurso e os conceitos de estigma e biopolítica. Os resultados demonstram que a campanha não apresenta contribuições para transformar e mudar o estigma que desencadeia o preconceito e a discriminação contra pessoas que vivem com HIV. Regularidades foram encontradas nos discursos analisados, como o discurso biológico e o discurso neoliberal, que desempenham papéis importantes na manutenção do estigma e são comumente vistos na tecnologia biopolítica.
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