Reconciliação com a História: Foucault do estruturalismo ao pós-estruturalismo
DOI:
https://doi.org/10.26512/rfmc.v6i1.20416Palabras clave:
Foucault. Estruturalismo. Pós-estruturalismo. Arqueologia do Saber. Genealogia do Poder.Resumen
Desde a década de 1980, convencionou-se rotular Foucault, bem como outros pensadores franceses contemporâneos, de “pós-estruturalista”. Neste artigo, indaga-se em que medida tal epíteto faz sentido, buscando compreender até que ponto a noção foucaultiana de epistémê é tributária da noção de estrutura. Para tanto, investiga-se a invenção da noção de estrutura por Saussure; sua transformação, por Lévi-Strauss, em conceito epistemológico; e sua utilização, por Foucault de As Palavras e as Coisas, em modelo para a noção de epistémê. Neste processo, fica clara uma transformação deste conceito: a ideia de estrutura enquanto sistema transcendental formado por oposições binárias, presente em Saussure e Lévi-Strauss, é substituída em Foucault pela noção de uma forma a priori “vazia”, isto é, sem pré-determinantes. A mudança diacrônica é concebida por Foucault como um acontecimento radical. Argumenta-se que a fase seguinte da obra do filósofo, conhecida como “genealogia do poder”, ao voltar-se sobre a intervenção humana sobre os discursos, corresponde a uma tentativa de re-inserir a dimensão histórica nos estudos do saber. Neste sentido, mesmo adotando a ideia-mestra do estruturalismo, Foucault vai além dele.
Referencias
BARTHES, ROLAND, A atividade estruturalista, in: Crítica e Verdade, Perspectiva, São Paulo, 1970
BRAUDEL, FERNAND, História e Ciências Sociais: a longa duração, in: Escritos sobre a história, Ed. Perspectiva, São Paulo, 1992
BIRMAN, JOEL, Entre cuidado e sabe de si: sobre Foucault e a psicanálise, ed. Relume-Dumará, Rio de Janeiro, 2000
DELEUZE, GILLES, Em que se pode reconhecer o estruturalismo?, in: CHÂTELET, FRANÇOIS, O século XX, Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1974
FOUCAULT, Nietzsche, a genealogia, a história, in Microfísica do Poder, trad. Roberto Machado, Edições Graal, Rio de Janeiro, 2000
FOUCAULT, A ordem do discurso, trad. Laura F. Sampaio, Edições Loyola, São Paulo,1996
FOUCAULT, As palavras e as coisas, trad. Salma Muchail, Martins Fontes, São Paulo, 2000
FOUCAULT, História da Sexualidade: A Vontade de Saber, trad. Maria Thereza Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque, Graal, Rio de Janeiro, 6a. edição
FOUCAULT, Qu´est-ce qu´un auteur, in: Dits e écrits I, Gallimard, Paris, 1997
HABERMAS, O discurso filosófico da modernidade, trad. Luiz Repa e Ródnei Nascimento, Martins Fontes, São Paulo, 2000
HONNETH, Foucault´s theory of society: a systems-theoretic dissolution
of the dialectic of enlightenment, in: Critique and Power: recasting the Foucault/Habermas debate, org. Michael Kelly, trad. Kenneth Baynes, MIT press, 1998
HONNETH, Foucault e Adorno: duas formas de crítica da modernidade, in Revista de comunicação e linguagens 19, edições Cosmos, Lisboa
JAKOBSON, Príncipes de phonologie historique, in Selected Writings, Mouton, Paris, 1971
JAKOBSON, Linguistica, poética, cinema, editora Perspectiva, São Paulo, 1970
JAKOBSON, Linguistica e Comunicação, Editora Cultrix, São Paulo, 1997
LACAN, JACQUES, A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud, in: Escritos, trad. Vera Ribeiro, Jorge Zahar Editor, Rio de Janeiro, 1998
LÉVI-STRAUSS, CLAUDE, Antropologia estrutural, trad. Chaim Samuel Katz e Eginardo Pires, Tempo Brasileiro, 1996
LÉVI-STRAUSS, CLAUDE, Antropologia estrutural II, trad. E coordenação Maria do Carmo Pandolfo, Tempo Brasileiro, 1993
RICOUER, PAUL, Structure e Hermeneutique, in: Le conflit des interprétations, Éditions du Seuil, Paris, 1987
SAUSSURE, Curso de Lingüística Geral, trad. Antônio Chelini, José Paulo Paes e Izidoro Blikstein, Ed. Cultrix, São Paulo, 1999
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Los derechos de autor para artículos publicados en esta revista son del autor, con derechos de primera publicación para la revista. Debido a que aparecen en esta revista de acceso público, los artículos son de uso gratuito, con atribuciones propias, en aplicaciones educativas y no comerciales.