O relevo como elemento organizador da ocupação antrópica na ecorregião do Planalto Central

Autores

  • Ana Clara Alves de Melo Universidade de Brasília, Campus UnB Planaltina (FUP) Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) Vila Nossa Sra. de Fátima, Brasília - DF, 73345-010
  • Antonio Felipe Couto Júnior Universidade de Brasília, Campus UnB Planaltina (FUP) Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA) Vila Nossa Sra. de Fátima, Brasília - DF, 73345-010

DOI:

https://doi.org/10.26512/2236-56562021e40273

Palavras-chave:

Relação relevo-cobertura da terra, paisagem, ecorregião, bacias hidrográficas, limites ambientais

Resumo

O relevo plano e contínuo do Cerrado foi fundamental para políticas de ocupação que concorrem com a vegetação natural, tornando necessário desenvolver abordagens que conciliam os interesses humanos com os processos naturais. Assim, é necessário a caracterização do relevo e suas influências na ocupação humana. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar as relações entre o relevo e a ocupação humana. Foram comparados parâmetros geomorfométricos dos relevos de três sub-bacias, pertencentes a uma região hidrográfica do Planalto Central (Tocantins/Araguaia, São Francisco e Paraná), através de imagens digitais da Shuttle Radar Topography Mission (SRTM). Para a delimitação das unidades de relevo, foi gerada a composição colorida nos canais RGB (altitude, declividade e curvatura mínima) e realizou-se avaliações entre as unidades de relevo equivalentes nas diferentes sub-bacias através do teste de Kruskal-Wallis. As unidades de relevo foram utilizadas como limite natural para a descrição do uso e cobertura da terra através da base digital do Projeto TerraClass Cerrado. Evidenciou-se que a altitude, declividade e curvatura minima apresentaram diferenças significativas entre as bacias. Nos relevos planos, tais como as Chapadas, Rampas de Colúvio e as Mesas predominaram a agricultura e pastagem. Nos relevos dissecados, como as Frente de Recuo Erosivo, Colinas e Vales predominaram as coberturas naturais e pastagens. Os estudos integrados são importantes para definir estratégias de proteção e manutenção dos ecossistemas naturais e dos recursos hídricos. Esses resultados evidenciam que a ocupação humana é organizada pelas formas do relevo.

Referências

AB’SÁBER A.N., COSTA JÚNIOR, M. Contribuição ao estudo do Sudoeste Goiano. Boletim Paulista de Geografia, v.2, p.3-26, 1950.

AB’SABER, A. N. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 3. ed. Ateliê Editorial, 151 p., 2003.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Base de dados. Disponível em: http://www.ana.gov.br/bibliotecavirtual/solicitacaoBaseDados.asp. Acesso em: 04. abril.2016.

ARRUDA, M. B.; PROENÇA, C. E. B.; RODRIGUES, S.; MARTINS, E. S.; MARTINS, R. C.; CAMPOS, R. N. Ecorregiões, Unidades de Conservação e Representatividade Ecológica do Bioma Cerrado. In: Sano, S.; Almeida, S. P. (Org.). Cerrado: ecologia e flora. 1 ed. Brasília: Embrapa, v. 1, p. 229-270, 2008.

ASSIS, T., MARTINS, E.S., & COUTO JÚNIOR, A.F. Relações Entre o Relevo e Agroecossistemas na Ecorregião Paraná-Guimarães (The Relationship Between Relief and the Agroecossystems in Paraná-Guimarães Ecoregion). Revista Brasileira de Geografia Física, v. 9, n. 2, 2016.

BELTRAME, A. V. Diagnóstico do meio ambiente físico de bacias hidrográficas: modelo de aplicação. Florianópolis: UFSC, 112 p., 1994.

BISHOP, M. P.; JAMES, L. A.; SHRODER, JR; J. F.; WALSH, S. J. Geospatial technologies and digital geomorphological mapping: Concepts, issues and research. Geomorphology, v. 137, n. 1, p. 5- 26, 2012.

BOTELHO, R. G. M. Planejamento Ambiental em Microbacia Hidrográfica. In: Guerra, A. J. T., Silva, A. S., Botelho, R. G. M. (org). Erosão e conservação dos solos: conceitos, temas e aplicações, Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1999.

BRANNSTROM, C.; JENPSON, W.; FILIPPI, A. M.; REDO, D; XU, Z.; GANESH, S. Land change in the Brazilian savanna (Cerrado), 1986-2002: comparative analysis and implication for land-use policy. Land Use Policy, v.25, p.579-595, 2008.

BRASIL. Conselho Nacional De Recursos Hídricos, Resolução Nº 32, de 15 de outubro de 2003. Divisão Hidrográfica Nacional. Disponível em: http://www.cnrh.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=74. Acesso em: 20. Jan. 2017.

BRASIL. Lei n° 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 20.jan.2018.

BRASIL. Ministério do meio ambiente. Mapeamento do uso e cobertura do cerrado: projeto TerraClass Cerrado. Brasília, 2015. Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/tccerrado/download.php. Acesso em: 01.abril.2016.

CARVALHO, T. M.; BAYER, M. Utilização dos produtos da “Shuttle Radar Topography Mission” (SRTM) no mapeamento geomorfológico do estado de goiás. Revista Brasileira de Geomorfologia, v.9, n.1, p.35-41, 2008.

CHRISTOFOLETTI, A. Análise morfométrica de bacias hidrográficas. Notícia Geomorfológica, v. 18, n. 9, p. 35-64, 1969.

CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia fluvial: o canal fluvial. São Paulo: Edgard Blücher, 313 p. , 1981.

CORDEIRO, A. M. N.; BASTOS, F.H.; MAIA, R. P. Caracterização Geoambiental e Compartimentação Geomorfológica da Serra do Quincuncá e Entorno, Nordeste do Brasil (GeoEnvironmental Characterization and Geomorphological Compartmentalization of Quincuncá Mountain Range and its Surroundings, Northeast of Brazil). Revista do Departamento de Geografia, v. 34, p. 106-121, 2017.

COUTO JUNIOR, A. F; VASCONCELOS, V.; CARVALHO JUNIOR, O. A.; MARTINS, E. S.; SANTANA, O. A.; FREITAS, L. F.; GOMES, R. A. T. Integração de Parâmetros Morfométricos e Imagem ASTER para a Delimitação das Fitofisionomias da Serra da Canastra, Parque Nacional da Serra da Canastra, MG. Revista Brasileira de Geomorfologia. v. 11, n. 1, p.57-68, 2010.

DINERSTEIN E, OLSON DM, GRAHAM DJ, WEBSTER AL, PRIMM SA, BOOKBINDER MP, LEDEC G. A Conservation Assessment of the Terrestrial Ecoregions of Latin America and the Caribbean.Washington (DC): World Bank, 1995.

EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – EPE. Avaliação Ambiental Integrada dos Aproveitamentos Hidrelétricos da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba. Sondotécnica, 34p., 2006.

FAGUNDES, A.; LUPINACCI, C.M. Urbanização e Alterações geomorfológicas: O Caso da Bacia Hidrográfica do Córrego Lavapés – Rio Claro (SP) (Urbanization and Geomorphological Changes: The Case of Lavapés Stream Watershed – Rio Claro (SP). Revista do Departamento de Geografia, v. 33, p. 47-62, 2017.

GIRÃO, R.S.; MELLO, L.C.; FERNANDES, P.J.F. Mapeamento geomorfológico da bacia hidrográfica do rio São João (RJ) por análise de imagens orientada a objeto e mineração de dados. Revista Brasileira de Geomorfologia, v.17, n.1, p.03-21, 2016.

HORTON, R.E. Erosional development of streams and their drainage basins: hydrophysical approach to quantitative morphology. Geol. Soc. Amer. Bull, v.56, n.3, p. 275-370, 1945.

HUGGETT, R. J. Fundamentals of Geomorphology. London: Routledge, 483p., 2007.

IBGE. Mapa de biomas e de vegetação. 2004. Disponível em: https://ww2.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/21052004biomashtml.shtm. Acesso em: 28 fev. 2017.

JEPSON, W. A disappering biome? Reconsidering land-cover change in the Brazilian savanna. The Geographical Journal, v.171, n.2, p.99-111, 2005.

JUSTINO, R.C.; MARTINES, M.R.; KAWAKUBO, F.S. Classificação do Uso da Terra e Cobertura Vegetal Utilizando Técnicas de Mineração de Dados (Land-use and land-cover classification using data mining techniques). Revista do Departamento de Geografia, v. 33, p. 36-46, 2017.

KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado Brasileiro. Megadiversidade, v.1, n.1, p-147-155, 2005.

LACERDA FILHO, J. V. Geologia e Recursos Minerais do Estado de Goiás e Distrito Federal. Goiânia: Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, 200p, 1999.

LATRUBESSE, T. M. C. Geomorfologia do Estado de Goiás e Distrito Federal. Goiânia, 2006. 128 p.

LIMA, J. E. F. W. Situação e perspectivas sobre as águas do cerrado. Cienc. Cult., v.63, n.3, p. 27-29, 2011.

MANZATTO, C.V.; RAMALHO FILHO, A.; COSTA, T.C.C.; SANTOS, M.L.M.; COELHO, M.R.; SILVA, E.R.; OLIVEIRA, R.P. Potencial de Uso e Uso Atual das Terras. In: Manzatto, C. V.; Junior Freitas, E.; Peres, J.R.R. (Org.). Uso agrícola dos solos brasileiros. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 174 p ., 2002.

MARTINS, E. S., REATTO, A. CARVALHO JUNIOR, O.A. GUIMARÃES, R.R. Ecologia de paisagens: conceitos e aplicações potenciais no Brasil. Planaltina DF: Embrapa Cerrados, 33p., 2004.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A.; MITTERMEIER, C. G.; FONSECA, G. A. B.; KENT, J. Biodiversity Hotspots for Conservation Priorities. Nature, v. 403, p. 853-8, 2000.

NAVEH, Z. What is holistic landscape ecology? A conceptual introduction. Landscape and Urban Planning, v. 50, n. 1–3, p. 7–26, 2000.

NEVES, C.E.; SALINAS, E. A Paisagem na Geografia Física Integrada: Impressões Iniciais Sobre sua Pesquisa no Brasil entre 2006 e 2016 (Landscape in Integrated Physical Geography: Initial Impressions on its Research in Brazil Between 2006 and 2016). Revista do Departamento de Geografia, Volume Especial – Eixo 6, p. 124-137, 2017.

OLSON, D.M.; DINERSTEIN, E.; WIKRAMANAYAKE, E. D. et al. Terrestrial Ecoregions of the World: A New Map of Life on Earth. BioScience, v. 51, n. 11, 2001.

PIMENTEL, M.M.; RODRIGUES, J. B.; DALLAGIUSTINA, M. E. S.; JUNGES, S.; MATTEINI, M.; ARMSTRONG, R. The tectonic evolution of the Neoproterozoic Brasília Belt, central Brazil, base on SRHIMP and LA_ICPMS U-Pb sedimentary provenance data: A review. Journal of South American Earth Sciences, v. 31, n. 4, p. 345-357, 2011.

PORTO, M.F.A.; PORTO, R.L.L. Gestão de bacias hidrográficas. Estudos avançados, v. 22 n.63, 2008.

R CORE TEAM (2013). R: A language and environment for statistical computing. R Foundation for Statistical Computing, Vienna, Austria. Disponível em: http://www.R-project.org/.

SALA, E. O.; CHAPIN III, F. S.; ARMESTO, J. J. Global Biodiversity Scenarios for the Year 2100. Science, v. 287, p.1770-1774, 2000.

SANO, E.E.; DAMBRÓS, L.A.; OLIVEIRA G.C.; BRITES, R.S. Padrões de cobertura de solos do Estado de Goiás. In: Ferreira Júnior, L. G. (Eds.) Conservação da biodiversidade e sustentabilidade ambiental em Goiás: prioridades, estratégias e perspectivas. Goiânia: UFG, p.76–93., 2006.

SANO, E. E.; ROSA, R.; BRITO, J. L. S.; FERREIRA, L. G. Mapeamento semidetalhado do uso da terra do Bioma Cerrado. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.43, n.1, p.153-156, 2008.

SANO, E.E.; ROSA, R.; BRITO, J. L. S.; FERREIRA, L.G. Mapeamento de cobertura vegetal do bioma Cerrado. Boletim de pesquisa e desenvolvimento. Embrapa Cerrados – Planaltina – DF, 2008.

SANO, E. E.; ROSA, R.; BRITO, J. L.; FERREIRA, L. G. Land cover mapping of the tropical savanna region in Brazil. Environmental Monitoring and Assessment, v.166, p.113-124, 2010.

SANTOS, A. R.; CHIMALLI, T.; PELUZIO, J. B. E.; SILVA, A. G.; SANTOS, G. M. A. D. A.; LORENZON, A. S.; TEIXEIRA, T. R.; CASTRO, N. L. M.; RIBEIRO, C. A. A. S. Influence of relief on permanent preservation areas. Science of the Total Environment, n. 541, p. 1296-1302, 2016.

SENA-SOUZA, J. P. et al. Mapeamento geomorfológico do Rio São Bartolomeu, escala 1:100.000. Boletim de pesquisa e desenvolvimento. Embrapa Cerrados, Planaltina DF. 2013.

SENA-SOUZA, J. P.; NEVES, G.; REIS, A. M; ALVES, R. P.; SOUZA SANTOS, F. L.; KISAKA, T. B.; MARTINS, E. S.; COUTO JÚNIOR, A. F. Mapeamento Geomorfológico da Bacia Hidrográfica do Ribeirão Mestre D’armas, Distrito Federal. Espaço & Geografia. v.17, n.1, p. 71-95, 2014.

SOARES, L.S.; LOPES, W.G.R.; CASTRO, A.C.L.; ARAUJO, G.M.C. Análise morfométrica e priorização de bacias hidrográficas como instrumento de planejamento ambiental integrado (Morphometric analysis and prioritization of watersheds as an integrated environmental planning instrument). Revista do Departamento de Geografia, v. 31, p. 82-100, 2016.

SOUSA, S.B. Mapeamento da cobertura vegetal do estado de Goiás, ano base 2015: uma abordagem utilizando dados gratuitos e softwares livres. Linguagens do Cerrado, v. 6, n. 1, 2016.

STEFFEN, W.; RICHARDSON, K. ROCKSTROM, J. et al. Planetary boundaries: Guiding human development on a changing planet. Science, v.347, 2015.

TRENTIN, R., ROBAINA, L.E.S. Unidades geoambientais na bacia hidrográfica do rio itu – oeste do estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista do Departamento de Geografia, v.23, p. 267-287, 2012.

UHLEIN, A.; FONSECA, M. A.; SEER, H. J.; DARDENNE, M. A. Tectônica da Faixa de Dobramentos Brasília – Setores Setentrional e Meridional. Gnomos, v. 20, n. 2, p. 1-14, 2012.

USGS - United States Geological Service. Shuttle Radar Topography Mission (SRTM) 1 Arc-Second Global. 2015. Disponível em: https://earthexplorer.usgs.gov/ Acesso em: 18.set.2016.

VALERIANO, M. M.; KUPLICH, T. M.; STORINO M.; AMARAL, B. D.; MENDES JR., J. N.; LIMA, D. J. Modelin small watersheds in Brazilian Amazonia with shuttle radar topographic mission - 90 m data. Computers & Geosciences, v. 32, n. 8, p. 1169-1181, 2006.

VASCONCELOS, V.; CARVALHO JÚNIOR, O. A.; MARTINS, E.S.; COUTO JUNIOR, A. F.; GUIMARÃES, R. F.; GOMES, R. A. T. Sistema de classificação geomorfométrica baseado em uma arquitetura sequencial em duas etapas: árvore de decisão e classificador espectral, no Parque Nacional Serra da Canastra. Revista Brasileira de Geomorfologia, v.13, n.2, p.171-186, 2012.

Downloads

Publicado

01/21/2022

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O relevo como elemento organizador da ocupação antrópica na ecorregião do Planalto Central. (2022). Revista Espaço E Geografia, 24(2), 154:177. https://doi.org/10.26512/2236-56562021e40273