Mueda: memória e massacre (1979) e a construção do mito fundacional da Independência de Moçambique (1975)
DOI :
https://doi.org/10.26512/emtempos.v1i41.43304Mots-clés :
Massacre, Mueda, MoçambiqueRésumé
A proposta do artigo é refletir sobre como o filme Mueda: memória e massacre (1979), do diretor Ruy Guerra, colaborou para a construção do Massacre de Mueda (1960) como um dos principais mitos políticos da história recente de Moçambique, demarcando o início da luta anticolonial no país. Baseando-se no conceito de mito na configuração dos imaginários, pretende-se analisar como o Massacre de Mueda foi apropriado pela Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO) e narrado pela história oficial como ponto de inflexão do colonialismo no país, ao incitar a formação de movimentos nacionalistas que culminaram na luta armada e na posterior Independência em 1975. Produzido poucos anos após a Independência, por encomenda do Estado, o filme de Ruy Guerra insere-se no debate político pós-Independência e projeta - através do cinema - o mito de Mueda no imaginário social e político do país.
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