Todo mundo tem uma história para contar: Produção coletiva de livros e escrita etnográfica no Recôncavo da Bahia
DOI:
https://doi.org/10.4000/12p53Palabras clave:
escrita etnográfica, mulheres, Recôncavo da Bahia, narrativas contracoloniaisResumen
Este artigo se baseia na experiência do projeto Cachoeiras: Mulheres escrevendo Recôncavo da Bahia, fruto de uma parceria entre a andarilha edições e o imuê – Instituto Mulheres e Economia. Contemplado pela chamada Engaged Research (2021) da Wenner-Gren Foundation, o projeto financiou a escrita e a produção de cinco livros de autoras das cidades de Cachoeira, São Félix, Muritiba e Conceição da Feira, na Bahia, entre 2022 e 2023. A metodologia de escrita coletiva dessas obras foi inspirada nos levantes poéticos (Barbosa 2020), encontros de rememoração e contação de histórias entre mulheres na cidade de Cachoeira, somados a pesquisas individuais, encontros online, trocas e circulação de textos. A produção coletiva desses livros como parte de um projeto de antropologia engajada é percebida aqui como uma experiência de contracolonização (Bispo 2015) que enseja uma reflexão sobre a produção de narrativas contracoloniais e a escrita coletiva como parte do fazer etnográfico. O objetivo deste artigo é mostrar como essa escrita coletiva permite tensionar e deslocar a maneira como se faz etnografia, como método e forma de escrita.
Descargas
Referencias
Albuquerque, Wlamyra. 1999. Algazarras nas ruas: Comemorações da independência na Bahia. Campinas: Editora da Unicamp.
Amaral, Braz do. 1957. História da Independência na Bahia. Salvador: Progresso.
Anzauldúa, Gloria. 2009. “Como domar uma língua selvagem”. Cadernos de Letras da UFF, nº 39: 297–309.
Anzauldúa, Gloria. 2000. “Falando em línguas: Uma carta para as mulheres escritoras do terceiro mundo”. Revista Estudos Feministas 8, nº 1: 229–36.
Barbosa, Deisiane. 2023. casamendoeira. Conceição da Feira: andarilha edições. https://andarilhaedicoes.com.br/
Barbosa, Deisiane. 2020. “Inventário / da ilha de Tereza: Cartografias de um livro devir”. Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Pernambuco.
Bispo, Antônio. 2015. Colonização, quilombos: Modos e significados. Brasília: Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Inclusão no Ensino Superior e na Pesquisa – INCTI.
Clifford, James, e George E. Marcus, eds. 2016. A escrita da cultura: Poética e política da etnografia. Rio de Janeiro: EDUERJ; Papéis Selvagens.
Crapanzano, Vincent. 1980. Tuhami, Portrait of a Morocann. Chicago: The University of Chicago Press. https://doi.org/10.7208/chicago/9780226191461.001.0001
Dardot, Pierre, e Christian Laval. 2017. Comum: Ensaio sobre a revolução no século XXI. São Paulo: Boitempo.
Derdyk, Edith. 2012. “A narrativa nos livros de artista: Por uma partitura coreográfica nas páginas de um livro”. PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG 2, nº 3: 164–73.
Duca, Clara Amorim. 2023. Foi um prazer estar em sua companhia. Conceição da Feira: andarilha edições.
Ferraz de Lima, Jacqueline, e Maíra Vale. 2019. “A urgência de outras grafias, uma premissa etnográfica”. In I Fórum imuê: A abordagem etnográfica e o desafio das composições coletivas, organizado por imuê – Instituto Mulheres e Economia, 33–44. São Carlos: imuê.
Fichte, Hubert. 1987. Etnopoesia. Antropologia poética das religiões afro-americanas. São Paulo: Brasiliense.
Figueiredo, Ângela. 2017. “Descolonização do conhecimento no século XXI”. In Descolonização do conhecimento no contexto afro-brasileiro, organizado por Ana Rita Santiago, Juvenal Conceição de Carvalho, Ronaldo Crispim Sena Barros e Rosangela Souza da Silva, 77–106. Cruz das Almas: Editora da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
Freitas, Any Manuela. 2023. O samba do pé e da palma delas. Conceição da Feira: andarilha edições.
Gonzalez, Lélia. 1983. “Racismo e sexismo na cultura brasileira”. Ciências Sociais Hoje, nº 2: 223–44.
Gonzalez, Lélia. 2020. Por um feminismo afro-latino-americano: Ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zahar.
Haraway, Donna. 1995. “Saberes Localizados: A questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial”. Cadernos Pagu, nº 5: 7–41.
Haraway, Donna. 2016. Staying with the trouble: Making kin in the Chthulucene. Durham, NC: Duke University Press.
Hurston, Zora. 2008. Mules and Men. New York: Harper Perennial.
imuê. 2019. I Fórum imuê: A abordagem etnográfica e o desafio das composições coletivas. São Carlos: imuê – Instituto Mulheres e Economia.
Júnior, Dernival R. V. et al., orgs. 2021. Escuta, diálogo e experiências em agroecologia com o Quilombo Grotão. Conceição da Feira: andarilha edições.
Kraay, Hendrik. 1999. “Entre o Brasil e a Bahia: As comemorações do Dois de Julho em Salvador, século XIX”. Afro-Ásia, nº 23: 47–85. https://doi.org/10.9771/aa.v0i23.20979
Leite, Rinaldo Cesar Nascimento. 2005. “A Rainha Destronada: Discursos das Elites sobre as Grandezas e os Infortúnios da Bahia nas Primeiras Décadas Republicanas”. Tese de doutorado, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
Loureiro de Souza, Antônio. 1972. “Notícia histórica da Cachoeira”. Estudos Baianos 5. Salvador: UFBA.
Miranda, Rose. 2023. Ninguém fica no silêncio. Conceição da Feira: andarilha edições.
Mol, Annemarie, e John Law. 2007. “Embodied action, enacted bodies: The example of hypoglycaemia”. In Biomedicine as Culture: Instrumental Practices, Technoscientific Knowledge, and New Modes of Life, editado por Regula Valérie Burri e Joseph Dumit New York: Routledge. https://doi.org/10.1177/1357034X04042932
Morawska, Catarina, org. 2021. Engajamentos coletivos nas fronteiras do capitalismo. São Carlos: EdUFSCar.
Moreira, André Guilherme. 2020. “Mules and Men”. In Enciclopédia de Antropologia. São Paulo: Universidade de São Paulo. http://ea.fflch.usp.br/obra/mules-and-men>
Ott, Carlos. 1996. O povoamento do Recôncavo por seus engenhos (1536-1888). 2 v. Salvador: Bigraf.
Pereira, Luena N. 2020. “Alteridade e raça entre África e Brasil: Branquidade e descentramentos nas ciências sociais brasileiras”. Revista de Antropologia 63, nº 2: e170727. https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2020.170727
Pinho, Wanderley. [1946] 1982. História de um engenho do Recôncavo: Matoim, Novo Caboto, Freguesia (1552-1944). São Paulo: Nacional.
Prazeres, Andressa dos, e Barbara Uila. 2019. Irmandade de Palavra: A voz da mulher no Recôncavo. Cachoeira: Cartonera das Iaiá.
Price, Richard. 1983. First-time: The historical vision of an Afro-American people. Baltimore; London: Johns Hopkins University Press.
Ratts, Alex. 2021. “Prefácio: Entre comunidade e universidade”. In Escuta, diálogo e experiências em agroecologia com o Quilombo Grotão, editado por Dernival R. V. Júnior et al. andarilha edições.
Risério, Antonio. 2004. Uma história da cidade da Bahia. Rio de Janeiro: Versal.
Rocha, Rubens. 2015. Cachoeira. Jóia do Recôncavo Baiano. Edição Própria.
Rodrigues, Maria Aparecida Gomes. 2021. “Assim, a cada vez, eu me alegro em passar a história do Quilombo Grotão”. In Escuta, diálogo e experiências em agroecologia com o Quilombo Grotão, editado por Dernival R. V. Júnior et al., 11–15. Conceição da Feira: andarilha edições.
Santos, Jadson Luiz dos. 2010. Cachoeira. III Séculos de História e Tradição. Salvador: EGBA.
Souza, Lucineide. Memórias de uma menina da ladeira. Conceição da Feira: andarilha edições, 2023.
Stewart, Kathleen. 2007. Ordinary affects. Durham & London: Duke University Press. https://doi.org/10.1215/9780822390404
Tugny, Rosângela Pereira de. 2022. “Mestra Mayá: A história contra-colonial de uma mestra indígena”. Le Monde Diplomatique Brasil, Resenha. https://diplomatique.org.br/mestra-maya-a-historia-contra-colonial-de-uma-mestra-indigena/
Vale, Maíra. 2018. Cachoeira & a inversão do mundo. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas.
Vilhena, Luís dos Santos. 1969. A Bahia no século XVIII (Recopilação de Notícias Soteropolitanas e Brasílicas, 1802), 3 v. Contagem: Itapuã.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Maíra Vale

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode.en
Creative Commons - Atribución- 4.0 Internacional - CC BY 4.0
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/legalcode.en