Quando as diferenças importam: Notas sobre efeitos da presença e ausência da raça no cuidado à saúde

Autores/as

  • William Rosa Universidade Estadual de Campinas – Campinas, São Paulo, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.4000/12p45

Palabras clave:

saúde, raça, materialidade, medicina

Resumen

Este artigo propõe analisar as intrincadas relações estabelecidas entre raça, racismo e medicina, com foco em descrever como a raça, a partir de suas ausências e presenças, materializa-se no cuidado à saúde. O material que compõe este artigo é fruto de trabalho de campo etnográfico que vem sendo realizado desde 2020. A análise concentra-se nos efeitos dos processos de materialização da raça nas tecnologias para intervenções em saúde, nos diagnósticos e nos saberes e práticas médicas. Ao empreender tal estratégia analítica, a proposta é mostrar as distintas escalas pelas quais a raça transita e é acionada ou não. Por fim, ao considerar o caráter híbrido de seus efeitos e suas dobras temporais, busca-se explicitar como seu processo de materialização é coproduzido e relacional, sendo melhor compreendido a partir de suas implicações concretas na vida.

Descargas

Los datos de descarga aún no están disponibles.

Biografía del autor/a

  • William Rosa, Universidade Estadual de Campinas – Campinas, São Paulo, Brasil

    Doutorando em Antropologia Social no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas. Pesquisador discente do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu e integrante do Race.ID – Grupo de Pesquisa em Saúde da População Negra da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.

Referencias

Anderson, Warwick. 2008. “Teaching Race at Medical School: Social Scientists on the Margin”. Social Studies of Science 38, nº 5: 785–800.

Araújo, Edna Maria de, Kia Lilly Caldwell, Márcia Pereira Alves dos Santos, et al. 2020. “Morbimortalidade pela Covid-19 segundo raça/cor/etnia: A experiência do Brasil e dos Estados Unidos”. Saúde em Debate 44, spe 4: 191–205.

Barroso, Weimar, Cibele Rodrigues, Luiz Aparecido Bortolotto, et al. 2021. “Diretrizes brasileiras de hipertensão arterial–2020”. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 116: 516–658. https://doi.org/10.36660/abc.20201238

Batista, Luís Eduardo. 2012. “Apresentação da Primeira Edição”. In Saúde da População Negra, organizado por Luís Eduardo Batista, Jurema Werneck e Fernanda Lopes, 2ª ed., 12–20. Brasília: ABPN – Associação Brasileira de Pesquisadores Negros.

Batista, Luís Eduardo, Adriana Proença, e Alexandre Silva. 2021. “Covid-19 e a população negra”. Interface – Comunicação, Saúde, Educação 25: e210470. https://doi.org/10.1590/interface.210470

Biehl, João. 2021. “Descolonizando a saúde planetária”. Horizontes Antropológicos 27, nº 59: 337–59. https://doi.org/10.1590/s0104-71832021000100017

Brasil. Ministério da Saúde. 2014. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: Hipertensão arterial sistêmica. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica.

Brasil. Ministério da Saúde. 2017. Política Nacional de Saúde Integral da População Negra: Uma política para o SUS”, 3ª ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde.

Braun, Lundy. 2017. “Theorizing Race and Racism: Preliminary Reflections on the Medical Curriculum”. American Journal of Law & Medicine 43, no. 2–3: 239–56. https://doi.org/10.1177/0098858817723662

Buss, Paulo Marchiori, e Alberto Pellegrini Filho. 2007. “A saúde e seus determinantes sociais”. Physis: Revista de Saúde Coletiva 17: 77–93.

https://doi.org/10.1590/S0103-73312007000100006

Calvo-Gonzalez, Elena. 2011. “Construindo corpos nas consultas médicas: Uma etnografia sobre hipertensão arterial em Salvador, Bahia”. Caderno CRH 24, nº 61: 81–96.

Coelho, Rony, e Gisele Campo. 2024. “O campo de estudos sobre saúde da população negra no Brasil: Uma revisão sistemática das últimas três décadas”. Saúde e Sociedade 33, nº 1: e220754pt. https://www.revistas.usp.br/sausoc/article/view/224902

Fanon, Frantz. 2020. Medicina e colonialismo. Parnaíba: Terra Sem Amos.

Fawzy, Ashraf, Tianshi David Wu, Kunbo Wang et al. 2022. “Racial and Ethnic Discrepancy in Pulse Oximetry and Delayed Identification of Treatment Eligibility among Patients with COVID-19”. JAMA Internal Medicine 182, nº 7: 730–38.

https://doi.org/10.1001/jamainternmed.2022.1906

Fleischer, Soraya. 2018. Descontrolada: Uma etnografia dos problemas de pressão. Brasília: EdUFSCar.

Haraway, Donna. 1995. “Saberes localizados: A questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial”. Cadernos Pagu 5: 7–41.

Haraway, Donna. 2023. Ficar com o problema: Fazer parentes no Chutuluceno. São Paulo: n-1 edições.

Jasanoff, Sheila. 2004. States of knowledge: The co-production of science and the social order. New York: Routledge.

Laguardia, Josué. 2005. “Raça, genética & hipertensão: Nova genética ou velha eugenia?”. História, Ciências, Saúde – Manguinhos 12: 371–93.

Latour, Bruno. 1994. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Editora 34.

Latour, Bruno. 2017. A esperança de Pandora: Ensaios sobre a realidade dos estudos científicos. São Paulo: Editora Unesp.

Luna, Rafael. 1999. “Aspectos históricos da hipertensão”. HiperAtivo, Rio de Janeiro 6, nº 1: 6–9.

M’Charek, Amade. 2013. “Beyond fact or fiction: On the materiality of race in practice”. Cultural Anthropology 28, nº 3: 420–42. https://doi.org/10.1111/cuan.12012

M’Charek, Amade. 2014. “Race, time and folded objects: The HeLa error”. Theory, Culture & Society 31, nº 6: 29–56. https://doi.org/10.1177/0263276413501704

M’Charek, Amade, Katharina Schramm, e David Skinner. 2014. “Technologies of belonging: The absent presence of race in Europe”. Science, Technology & Human Values 39, nº 4: 459–67.

Mancia, Giuseppe, Guido Grassi, Enrico Agabiti-Rosei, et al. 2023. “ESH Guidelines for the management of arterial hypertension: The task force for the management of arterial hypertension of the European Society of Hypertension endorsed by the European Renal Association (ERA) and the International Society of Hypertension (ISH)”. Journal of Hypertension 41, nº 12: 1874–2071.

Mol, Annemarie, e John Law. 1994. “Regions, networks and fluids: Anaemia and social topology”. Social Studies of Science 24, nº 4: 641–71.

https://doi.org/10.1177/030631279402400402

Mol, Annemarie. 2002. The body multiple: Ontology in medical practice. Durham; Londres: Duke University Press.

https://doi.org/10.1515/9780822384151

Muniz, Bianca, Bruno Fonseca, Larissa Fernandes, e Rute Pina. 2021. “Brasil registra duas vezes mais pessoas brancas vacinadas que negras”. Cebes – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde, 17 de março de 2021. https://apublica.org/2021/03/brasil-registra-duas-vezes-mais-pessoas-brancas-vacinadas-que-negras/

Muniz, Tatiane. 2021. “De corpos universais a corpos refratários: Branquitude e efeitos raciais das tecnologias biomédicas”. In Biotecnologias, transformações corporais e subjetivas: Saberes, práticas e desigualdades, organizado por Fabíola Rohden, Chiara Pussetti e Alejandra Roca, 331–56. Brasília: ABA Publicações.

Reuters. 2021. “UK calls for action on racial bias in medical devices”. Reuters, 21 de novembro de 2021. https://www.reuters.com/world/uk/uk-calls-action-racial-bias-medical-devices-2021-11-21

Rohden, Fabíola. 2018. “Considerações teórico-metodológicas sobre objetos instáveis e ausências presentes: Analisando processos de materialização do desejo feminino”. In Políticas etnográficas no campo da ciência e das tecnologias da vida, organizado por Jean Segata e Theophilos Rifiotis, 135–58. Porto Alegre: UFRGS; ABA Publicações.

Rosa, William. 2022. “‘Aquilombar é o que dá força’: Redes de afeto, de fazer político e de produção de conhecimento em um coletivo negro de universitários de Medicina”. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas.

Rosa, William, e Regina Facchini. 2022. “‘Você é um dos reprovados?’: Cotas, tensões e processos de subjetivação entre universitários negros de medicina”. Mana 28, nº 3: e2830404. https://doi.org/10.1590/1678-49442022v28n3a0404

https://doi.org/10.1590/1678-49442022v28n3a0404

São Paulo. 2015. “Portaria Secretaria Municipal da Saúde – SMS nº 1.300 de 14 de julho de 2015. Institui os Núcleos de Prevenção da Violência (NPV) nos estabelecimentos de Saúde do Município de São Paulo”. Diário Oficial da Cidade de São Paulo, 15 de julho de 2015, p. 20.

Sarti, Cynthia. 2010. “Corpo e doença no trânsito de saberes”. Revista Brasileira de Ciências Sociais 25, nº 74: 77–90.

https://doi.org/10.1590/S0102-69092010000300005

Scheffer, Mário, Alex Cassenote, Alexandre Guerra, et al. 2023. Demografia médica no Brasil 2023. São Paulo: FMUSP, AMB, 2023.

Serres, Michel, e Bruno Latour. 1995. Conversations on science, culture, and time. Ann Arbor: University of Michigan Press.

Sodjing, Michael, Robert Dickson, Theodore Iwashyna, et al. 2020. “Racial Bias in Pulse Oximetry Measurement”. New England Journal of Medicine 383, nº 25: 2477–78.

Strathern, Marilyn. 2004. Partial connections. Oxford: Altamira Press.

Strathern, Marilyn. 2014. “Cortando a rede”. In O efeito etnográfico e outros ensaios, 295–319. São Paulo: Cosac Naify.

https://doi.org/10.4000/pontourbe.1970

Sousa, Camila, Antonio Ribeiro, Sandhi Maria Barreto, et al. 2022. “Diferenças raciais no controle da pressão arterial em usuários de anti-hipertensivos em monoterapia: Resultados do Estudo ELSA-Brasil”. Arquivos Brasileiros de Cardiologia 118, nº 3: 614–22.

Unger, Thomas, Claudio Borghi, Fadi Charchar, et al. 2020. “International Society of Hypertension global hypertension practice guidelines”. Hypertension 75, nº 6: 1334–57.

Publicado

2024-11-16

Cómo citar

“Quando As diferenças Importam: Notas Sobre Efeitos Da presença E Ausência Da raça No Cuidado à Saúde”. 2024. Anuário Antropológico 49 (3): e-12p45. https://doi.org/10.4000/12p45.