Limites da sustentabilidade dos automóveis elétricos, qualificação de bens a partir de valores simbólicos
DOI:
https://doi.org/10.18472/SustDeb.v14n3.2023.50477Palavras-chave:
Mercado, Valoração , Automóvel elétrico , SustentabilidadeResumo
Sabe-se que o valor de um bem não é algo fixo e objetivamente dado, mas resulta de processos de valoração social nos quais o valor é construído. Esse processo é fundamental para o funcionamento de mercados, pois estes dependem, entre outras coisas, da capacidade de os atores sociais avaliarem as qualidades de um bem, em relação umas às outras, e compará-las em termos de valor. Dessa forma, o processo de valoração leva em consideração diferentes critérios que muitas vezes concorrem entre si. O expressivo crescimento na venda de automóveis elétricos, no Brasil, aponta para a formação de um nicho de mercado, com consumidores dispostos a investir em novas tecnologias de propulsão, em tese, mais sustentáveis que os automóveis convencionais. A partir desse contexto, a pesquisa busca investigar, por meio de entrevistas com proprietários, o papel de valores simbólicos no processo de qualificação de bens "sustentáveis", como o automóvel elétrico. A análise dos dados aponta a mobilização de valores funcionais e simbólicos, ainda que imaginativamente apropriados, como critérios fundamentais para a aquisição dos automóveis.
Referências
ASPERS, P.; BECKERT, J. (Org.). The Worth of Goods: valuation and pricing in the economy. New York: Oxford Uni- versity Press, 2011.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS FABRICANTES DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. Anuário da indústria automobilística brasileira. São Paulo: 2023.
BECKERT, J. The Transcending Power of Goods: imaginative value in the economy. In: ASPERS, P.; BECKERT, J. (Org.). The Worth of Goods: valuation and pricing in the economy. New York: Oxford University Press, 2011.
BLOOMBERG. Hitting the EV Inflection Point. Electric vehicle price parity and phasing out combustion vehicle sales in Europe – Transport & Environment, may/2021.
CARNEIRO, M. S. O papel dos dispositivos de prescrição e julgamento no funcionamento dos mercados: o caso da certificação florestal. Revista Tomo. v. 30, p. 267-302, 2017.
CARVALHO, M.; BONAZZI, D.; GUEDES, L. O futuro da mobilidade é tech: veja como os setores de auto e viagens podem se preparar. Available at: https://www.thinkwithgoogle.com/intl/pt-br/tendencias-de-consumo/tenden- cias-de-comportamento/tecnologia-auto-viagem/. Access on: Oct. 16, 2023.
EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Balanço Energético Nacional 2021: Ano-base 2020 / Empresa de Pesquisa Energética. Rio de Janeiro: EPE, 2021.
FEDERAÇÃO NACIONAL DA DISTRIBUIÇÃO DE VEÍCULOS AUTOMOTORES. Anuário do Setor de Distribuição de Veículos Automotores no Brasil 2022. São Paulo, 2023.
FLICK, U. Desenho da pesquisa qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009. 164 p.
FOURCADE, M.; HEALY, K. Moral Views of Market Society. Annual Review of Sociology, v. 33, 2007.
FOURCADE, M. Price and prejudice: on economics and the enchantment (and disentchantment) of nature. In: ASPERS, P.; BECKERT, J. (Org.). The Worth of Goods: valuation and pricing in the economy. New York: Oxford University Press, 2011.
GEELS, F. W. Sociotechnical transitions to sustainability: a review of criticisms and elaborations of the multi-level perspective. Current Opinion in Environmental Sustainability, Open Issue 2019. v. 39, p. 187–201, 2019.
GIDDENS, A. The politics of climate change. Cambridge, Polity Press, 2009.
GRANOVETTER, M. Economic Action and Social Structure: the problem of embeddedness. American Journal of
Sociology, v. 91, n. 3, p. 481–510, 1 nov. 1985.
HEINEKE, K. et al. ACES 2019 survey: Can established auto manufacturers meet customer expectations for ACES?
McKinsey & Company, 2020.
INGEBORGRUD, L.; RYGHAUG, M. The role of practical, cognitive and symbolic factors in the successful imple- mentation of battery electric vehicles in Norway. Transportation Research Part A: policy and practice, v. 130, p. 507–516, 1 dez. 2019.
INTERNATIONAL ENERGY AGENCY. Global EV Outlook 2022, IEA, Paris, 2021.
INTERNATIONAL ENERGY AGENCY. Electric cars fend off supply challenges to more than double global sales, IEA, Paris, 2022. Available at: https://www.iea.org/commentaries/electric-cars-fend-off-supply-challenges-to-more- than-double-global-sales . Accessed on: Mar. 10, 2022.
KARPIK, L. Valuing the Unique: the economics of singularities. Princeton University Press, 2010.
KÖHLER, J. et al. An agenda for sustainability transitions research: state of the art and future directions. Environ-
mental Innovation and Societal Transitions, Amsterdam, v. 31, p. 1-32, 2019.
LAMONT, M. Para uma conexão necessária entre a Sociologia da Valoração e da Avaliação com a Sociologia
Econômica e das Finanças (Tradução). Norus, v. 1, p. 1, 2013.
MERA, Z. et al. Comparação das emissões de gases de efeito estufa no ciclo de vida de carros de passeio a
combustão e elétricos no Brasil. [s.l: s.n.]. Available at: www.theicct.org.
MESSAGIE, M. Life Cycle Analysis of the Climate Impact of Electric Vehicles. [s.l: s.n.].
NIEDERLE, P. A.; RADOMSKY, G. F. W. Quem governa por dispositivos? A produção das normas e padrões para os alimentos orgânicos no Brasil. Revista Tomo. v. 30, p. 267-302, 2017.
NOPPERS, E. H. et al. The adoption of sustainable innovations: driven by symbolic and environmental motives. Global Environmental Change, v. 25, n. 1, p. 52–62, 2014.
NORDELÖF, A. et al. Environmental impacts of hybrid, plug-in hybrid, and battery electric vehicles—what can we learn from life cycle assessment? International Journal of Life Cycle Assessment. Springer Verlag, 14 out. 2014.
PLATAFORMA NACIONAL DE MOBILIDADE ELÉTRICA. Anuário Brasileiro da Mobilidade Elétrica, 2022. POLANYI, K. A subsistência do homem e ensaios correlatos. 1. ed. Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. SAE BRASIL; KPMG; AUTODATA. Pesquisa SAE Mobilidade, 2021.
SECRETARIA NACIONAL DE TRÂNSITO. Estatísticas – Frota de Veículos, (2015-2022), 2022. Available at: https:// www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/transito/conteudo-denatran/estatisticas-frota-de-veiculos-senatran. Accessed on: Apr. 25, 2022.
SIMMEL, G. The Philosophy of Money. Boston, MA: Routledge Kegan and Paul, 1978.
STARK, D. What's valuable? In: ASPERS, P.; BECKERT, J. (Org.). The Worth of Goods: valuation and pricing in the
economy. New York: Oxford University Press, 2011.
WOLFFENBUTTEL, R. A Produção Social da Inovação: o automóvel elétrico e as redes de inovação no Brasil. Porto Alegre, Cirkula, 2021.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Sustainability in Debate

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
A submissão de trabalho(s) científico(s) original(is) pelos autores, na qualidade de titulares do direito de autor do(s) texto(s) enviado(s) ao periódico, nos termos da Lei 9.610/98, implica na cessão de direitos autorais de publicação impressa e/ou digital à Revista Sustentabilidade em Debate do(s) artigo(s) aprovado(s) para fins da publicação, em um único número da Revista, autorizando-se, ainda, que o(s) trabalho(s) científico(s) aprovado(s) seja(m) divulgado(s) gratuitamente, sem qualquer tipo de ressarcimento a título de direitos autorais, por meio do site da Revista, para fins de leitura, impressão e/ou download do arquivo do texto, a partir da data de aceitação para fins de publicação. Portanto, os autores ao procederem a submissão do(s) artigo(s) Revista, e, por conseguinte, a cessão gratuita dos direitos autorais relacionados ao trabalho científico enviado, têm plena ciência de que não serão remunerados pela publicação do(s) artigo(s) no periódico.
A Revista encontra-se licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações (Proibição de Realização de Obras Derivadas) 3.0 Brasil, para fins de difusão do conhecimento científico, conforme indicado no sítio da publicação, que permite o compartilhamento do texto e o reconhecimento de sua autoria e publicação original nesta revista.
Os autores têm permissão para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva dos trabalhos publicados na Revista Sustentabilidade em Debate (por exemplo, em um capítulo de livro), desde que seja assinalado que os textos foram originalmente publicados nesta revista e que seja mencionado o DOI correspondente. Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir o seu texto online, após a publicação (por exemplo, em repositórios institucionais ou nas suas páginas pessoais).
Os autores declaram expressamente concordar com os termos da presente Declaração de Direito Autoral, que se aplicará a submissão caso seja publicada por esta Revista.