A sociologia da ciência e da tecnologia no Brasil: uma análise a partir da produção em periódicos A1 entre 2010 e 2018
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202237010010Palavras-chave:
Sociologia da Ciência e da Tecnologia, Estudos Sociais das Ciências e das Tecnologias, Levantamento Bibliográfico, Periódicos CientíficosResumo
Este trabalho analisa a produção em sociologia da ciência e da tecnologia publicada no Brasil entre 2010 e 2018 em periódicos nacionais Qualis A1 em sociologia. Foram examinados dados sobre o volume, tipo e distribuição das publicações, além das temáticas, objetos empíricos e conceitos mais frequentes. Analisou-se ainda o conteúdo das cinco temáticas a concentrarem o maior número de publicações. Com isso, espera-se i. esboçar um panorama sobre o perfil dos artigos; ii. identificar como estão distribuídos entre as revistas e instituições de pesquisa; iii. examinar tendências em relação às temáticas; e iv. traçar paralelos com a sociologia brasileira. Concluímos que este é um campo em expansão, cuja produção concentra-se em certas temáticas, objetos empíricos, revistas e instituições. Questionamos ainda por que temáticas importantes para os estudos sociais das ciências e das tecnologias (ESCT) encontram dificuldade em acessar periódicos desse estrato e quais questões em sociologia da ciência e da tecnologia (SCT) poderiam ser mais bem exploradas em pesquisas futuras.
Referências
ABREU, Teo; FERNANDES, João P.; MARTINS, Isabel. Levantamento sobre a produção CTS no Brasil no período de 1980-2008 no campo de ensino de ciências. Alexandria - Revista de Educação em Ciência e Tecnologia, v. 6, n. 2, p. 3-32, 2013.
ACERO, Liliana. Internacionalização, ciência e saúde: a medicina regenerativa global e os mercados paralelos. Ciência Saúde Coletiva, v. 20, n. 2, p. 433-440, 2015.
______. Ciência, políticas públicas e inclusão social: debates sobre células-tronco no Brasil e no Reino Unido. Dados, v. 53, n. 4, p. 855-887, 2010.
ARAUJO, Ronaldo F. Os grupos de pesquisa em ciência, tecnologia e sociedade no Brasil. Rev. Br. de Ci., Tecn. e Soc., v. 1, n. 1, p. 81-97, 2009.
ARBIX, Glauco; CONSONI, Flávia. Inovar para transformar a universidade brasileira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 26, n. 77, p. 205-224, 2011.
BALBACHEVSKY, Elizabeth. Governança na pesquisa científica: reflexões sobre a prática da pesquisa contemporânea e a experiência brasileira. Sociologias, v. 19, n. 46, p. 76-101, 2017.
______. Políticas de ciência, tecnologia e inovação na América Latina: as respostas da comunidade científica. Caderno CRH, v. 24, n. 63, p. 503-518, 2011.
BARAD, Karen. Posthumanist performativity: toward an understanding of how matter comes to matter. Signs - Journal of Women in Culture and Society, v. 28, n. 3, p. 801-831, 2003.
BARCELOS, Régis; MOCELIN, Daniel. Ciência e mercado. Impasses na institucionalização de práticas empreendedoras em uma universidade pública brasileira. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 31, n. 92, 2016.
BARTHE, Yannick; AKRICH, Madeleine; REMY, Catherine. As investigações “leigas” e a dinâmica das controvérsias em saúde ambiental. Sociologias, v. 13, n. 26, p. 84-127, 2011.
BEIGEL, Fernanda. Científicos periféricos, entre Ariel e Calibán: saberes institucionais e circuitos de consagração nas publicações dos pesquisadores do Conicet na Argentina. Dados, v. 60, n. 3, p. 825-865, 2017.
BIEHL, João. Antropologia no campo da saúde global. Horiz. Antropol., v. 17, n. 35, p. 227-256, 2011.
BOTELHO, Antonio; ALMEIDA, Mariza. Desconstruindo a política científica no Brasil: evolução da descentralização da política de apoio à pesquisa e inovação. Sociedade e Estado, v. 27, n. 1, p. 117-132, 2012.
CALVO-GONZALEZ, Elena. Construindo corpos nas consultas médicas: uma etnografia sobre hipertensão arterial em Salvador, Bahia. Caderno CRH, v. 24, n. 61, p. 81-96, 2011.
CAMARGO, Wagner X.; KESSLER, Cláudia S. Além do masculino/feminino: gênero, sexualidade, tecnologia e performance no esporte sob perspectiva crítica. Horiz. Antropol., v. 23, n. 47, p. 191-225, 2017.
CAMPOS, Luiz Augusto. Qualis, para que te quero? Novos Debates, v. 6, n. 1-2, p. 1-10, 2020.
CARNEIRO, Maria José T.; SANDRONI, Laila T. Ciência e política pública na perspectiva dos gestores: clivagens e confluências. Sociedade e Estado, v. 33, n. 1, p. 39-59, 2018.
CARRETA, Jorge. Oswaldo Cruz e a controvérsia da sorologia. Hist. Cienc. Saúde-Manguinhos, v. 18, n. 3, p. 677-700, 2011.
CASTRO, Maria Helena de M. Universidades e inovação: configurações institucionais & terceira missão. Caderno CRH, v. 24, n. 63, p. 555-574, 2011.
DA COSTA MARQUES, Ivan. What can STS do with and for Latin America? An anthropophagic response and some examples. In: KUHN, Michael; VESSURI, Hebe (Eds.). Contributions to alternative concepts of knowledge. Stuttgart, DE: Ibidem; Verlag 2016.
DAGNINO, Renato. A anomalia da política de ciência e tecnologia. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 29, n. 86, p. 45-55, 2014.
DELGADO, Ignacio José G. Sistemas de atenção à saúde, Estado e inovação na indústria farmacêutica. Cadernos de Saúde Pública, v. 32, supl. 2, 2016.
FARO, Livi; RUSSO, Jane A. Testosterona, desejo sexual e conflito de interesse: periódicos biomédicos como espaços privilegiados de expansão do mercado de medicamentos. Horiz. Antropol., v. 47, p. 61-92, 2017.
FELT, Ulrike; FOUCHÉ, Ravyon; MILLER, Clark; SMITH-DOERR, Laurel (Orgs.). Hand-book of science and technology studies. Cambridge, MA: MIT Press, 2017.
FELTRIN, Rebeca B.; COSTA, Janaina O. P. da; VELHO, Léa. Mulheres sem fronteiras? Uma análise da participação das mulheres no Programa Ciência sem Fronteiras da Unicamp: motivações, desafios e impactos na trajetória profissional. Cadernos Pagu, n. 48, 2016.
FETZ, Marcelo; DEFACCI, Fabrício Antônio; NASCIMENTO, Lerisson. Olhares sociológicos sobre a ciência no século vinte: mudanças e continuidades. Sociologias, v. 13, n. 27, p. 284-317, 2011.
FLEURY, Lorena C.; ALMEIDA, Jalcione; PREMEBIDA, Adriano. O ambiente como questão sociológica: conflitos ambientais em perspectiva. Sociologias, v. 16, n. 35, p. 34-82, 2014.
FOLADORI, Guilllermo; FIGUEROA, Santiago; ZÁVAGO-LAU, Edgar; INVERNIZI, Noela. Características distintivas del desarrollo de las nanotecnologías en América Latina. Sociologias, v. 14, n. 30, p. 330-363, 2012.
FREITAS, Lucas B. de; LUZ, Nanci S. da. Gênero, ciência e tecnologia: estado da arte a partir de periódicos de gênero. Cadernos Pagu, n. 49, 2017.
FREITAS, Renan S. de. Sociologia do conhecimento, pragmatismo e pensamento evolutivo. São Paulo: Editora UFSCar; Anpocs, 2003.
GRAU-MUÑOZ, Arantxa et al. Cruising y e-citas: un nuevo contexto para los encuentros sexuales entre hombres jóvenes que tienen sexo con hombres. Cad. de Saúde Pública, v. 31, n. 1, p. 2303-2312, 2015.
GUSMÃO, Luís de. Um sermão filosófico travestido de conhecimento social: a etnografia da ciência de Bruno Latour. Sociologias, v. 19, n. 46, p. 268-315, 2017.
IBÁÑEZ MARTIN, Rebeca; ORTEGA ARJONILLA, Esther; PÉREZ SEDEÑO, Eulalia. Cuerpos y prácticas: una década de estudios CTG. Cadernos Pagu, n. 49, 2017.
KELLER, Matthew R.; BLOCK, Fred; NEGOITA, Marian. Como se dá a inovação dentro do Estado Desenvolvimentista em Rede? Novos dados sobre acordos público-privados em um laboratório do Departamento de Energia dos Estados Unidos. Sociologias, v. 19, n. 46, p. 102-164, 2017.
KREIMER, Pablo; VESSURI, Hebe. Latin American science, technology and society: a historical and reflexive approach. Tapuya - Latin American Science, Technology and Society, v. 1, n. 1, p. 17-37, 2018.
LEITÃO, Débora K.; GOMES, Laura G. Gênero, sexualidade e experimentação de si em plataformas digitais on-line. Civitas - Rev. Ciênc. Soc., v. 18, n. 1, 2018.
LIMA, Jordão. Saúde global e política externa brasileira: negociações referentes à inovação e propriedade intelectual. Ciência e Saúde Coletiva, v. 22, n. 7, p. 2213-2221, 2017.
LIMA, Betina; COSTA Maria Conceição da. Gênero, ciências e tecnologias: caminhos percorridos e novos desafios. Cadernos Pagu, n. 48, 2016.
LUNA, Naara. Aborto e células-tronco embrionárias na campanha da fraternidade: ciência e ética no ensino da Igreja. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 25, n. 74, p. 91-105, 2010.
MAIA, Carlos A. Agência material recíproca: uma ecologia para os estudos de ciência. Hist. Cienc. Saúde-Manguinhos, v. 24, n. 2, p. 447-464, 2017.
MANICA, Daniela T. A desnaturalização da menstruação: hormônios contraceptivos e tecnociência. Horiz. Antropol., v. 17, n. 35, p. 197-226, 2011.
MANICA, Daniela; NUCCI, Marina. Sob a pele: implantes subcutâneos, hormônios e gênero. Horiz. Antropol., v. 23, n. 47, p. 93-129, 2017.
MATTEDI, Marcos. Dilemas e perspectivas da abordagem sociológica dos desastres naturais. Tempo Social, v. 29, n. 3, p. 261-285, 2017.
MISKOLCI, Richard. San Francisco e a nova economia do desejo. Lua Nova, n. 91, p. 269-295, 2014.
MOSER, Ana Claudia; THEIS, Ivo M. Investimentos em C&T e desigualdades socioespaciais no Brasil. Tempo Social, v. 26, n. 2, p. 187-207, 2014.
MOTTA, Renata. Risco e modernidade uma nova teoria social? Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 29, n. 86, p. 15-27, 2014.
NASCIMENTO, Dilene R. do; SILVA, Matheus A. D. da. “Não é meu intuito estabelecer polêmica”: a chegada da peste ao Brasil, análise de uma controvérsia, 1899. Hist. Cienc. Saúde-Manguinhos, v. 20, p. 1271-1285, 2013.
NEVES, Clarissa E. B.; NEVES, Fabrício M. Pesquisa e inovação: novos desafios para a educação superior no Brasil e na Alemanha. Caderno CRH, v. 24, n. 63, p. 481-502, 2011.
PETRYNA, Adriana. Experimentalidade: ciência, capital e poder no mundo dos ensaios clínicos. Horiz. Antropol., v. 17, n. 35, p. 127-160, 2011.
PREMEBIDA, Adriano; NEVES, Fabrício M.; ALMEIDA, Jalcione. Estudos sociais em ciência e tecnologia e suas distintas abordagens. Sociologias, v. 13, n. 26, p. 22-42, 2011.
PIMENTEL, Ana; JANNOTTI, Cláudia; GAUDENZI, Paula; TEIXEIRA, Luiz Antonio. A breve vida do Norplant® no Brasil: controvérsias e reagregações entre ciência, sociedade e Estado. Ciência e Saúde Coletiva, v. 22, n. 1, p. 43-52, 2017.
ROBLES, Alfonsina F. Regulações do corpo e da parentalidade durante o pré-natal em mulheres jovens de camadas populares. Civitas, v. 15, n. 2, p. 190-213, 2015.
RODRIGUES, Jeorgina G.; GUIMARÃES, Maria Cristina S. A Fundação Oswaldo Cruz e a ciência no feminino: a participação feminina na prática e na gestão da pesquisa em uma instituição de ensino e pesquisa. Cadernos Pagu, n. 46, p. 197-222, 2016.
ROHDEN, Fabíola. Vida saudável versus vida aprimorada: tecnologias biomédicas, processos de subjetivação e aprimoramento. Horiz. Antropol., v. 23, n. 47, p. 29-60, 2017.
______. “O homem é mesmo a sua testosterona”: promoção da andropausa e representações sobre sexualidade e envelhecimento no cenário brasileiro. Horiz. Antropol., v. 17, n. 35, p. 161-196, 2011.
ROHDEN, Fabíola; MONTEIRO, Marko. Para além da ciência e do anthropos: deslocamentos da antropologia da ciência e da tecnologia no Brasil. BIB - Rev. Br. Info. Biblio. Ci. So., n. 89, p. 1-33, 2020.
SILVA, Marcelle J. da; PAIVA, Antonio C. S.; COSTA, Irlena Maria M. da. A vagina pós-orgânica: intervenções e saberes sobre o corpo feminino acerca do “embelezamento íntimo”. Horiz. Antropol., v. 23, n. 47, p. 259-281, 2017.
TEIXEIRA, Márcia de O.; MACHADO, Carlos José S.; FILIPECKI, Ana Tereza P. C.; KLEIN, Bianca A.; ESPELET, Helena. Redes cooperativas de pesquisa em saúde: descrição e análise do uso de um instrumento de coordenação em um instituto público de pesquisa em biomedicina. Ciência e Saúde Coletiva, v. 16, n. 3, p. 1835-1847, 2011.
TIMMERMANS, Stefan; BERG, Marc. Standardization in action: achieving local universality through medical protocols. Social Studies of Science, v. 27, n. 2, p. 273-305, 2010.
VASEN, Federico. Is there a “post-competitive turn” in science and technology policy? Sociologias, v. 18, n. 41, p. 242-268, 2016.
VELHO, Léa. Conceitos de ciência e a política científica, tecnológica e de inovação. Sociologias, v. 13, n. 26, p. 128-153, 2011.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Sociedade e Estado

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.