Gênero e sexualidade nas comunidades tradicionais de terreiro: tensões e resistências à cisheteronormatividade
DOI:
https://doi.org/10.26512/revistacalundu.v8i2.55864Keywords:
cisheteronormatividade, terreiros, fluidez de gênero, inclusão LGBTQIAPN+, resistência culturalAbstract
O artigo investiga as interseções entre gênero, sexualidade e religiosidade nas Comunidades Tradicionais de Terreiro (CTTro) da Grande São Paulo. A partir de uma análise teórica fundamentada em autores como Judith Butler, Michel Foucault, Berenice Bento e Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí, o estudo explora como as práticas e representações de gênero são naturalizadas ou desafiadas nos terreiros. Divindades africanas como Exu, Oxumaré e Logunedé são destacadas como exemplos de fluidez de gênero que contestam as concepções binárias ocidentais. A pesquisa, realizada com lideranças de terreiros na Grande São Paulo, aponta uma postura geralmente positiva em relação à inclusão de pessoas transgêneras, embora desafios como a transfobia e a falta de informação ainda persistam. O artigo conclui que, embora as CTTro preservem práticas ancestrais, elas também enfrentam tensões com normas cisheteronormativas, oferecendo um espaço fértil para a resistência e a ressignificação de identidades de gênero e sexualidade.
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