PRAGMÁTICA CULTURAL EM PERSPECTIVA PRETA: RAÇA, MANDINGA E SABERES NEGRO-LINGUÍSTICOS NO MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO DO CEARÁ
DOI:
https://doi.org/10.26512/les.v23i2.43474Palavras-chave:
Pragmática cultural preta, Atos de fala mandingueiros, Movimento Negro UnificadoResumo
Este artigo argumenta a favor de uma Pragmática Cultural (ALENCAR, 2015a, 2015b, BONFIM, 2011, 2016) em Perspectiva Preta no Movimento Negro Unificado do Ceará (MNU - CE), isto é, apresentarei como o modo de emprego da linguagem por parte dos/as negros/as integrantes do MNU-CE evidencia atos de fala mandingueiros (CORDEIRO, 2015) e de maneira mais ampla, saberes negro-linguísticos performatizados por meio de e nas variadas formas de mandinga (MUNIZ, 2021) próprias da população negra brasileira.
Downloads
Referências
ALENCAR, C. Na periferia dos estudos da linguagem. Práticas culturais discursivas do Movimento Sem Terra. In: Revista Passagens. Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Ceará.v. 6.n.1, ano, 2015a.p.72-92.
ALENCAR, C. Pragmática cultural: Uma proposta de pesquisa-intervenção nos estudos críticos da linguagem. In: RODRIGUES, M; ABRIATA, Vera; MELO, Glenda; MANZANO, Luciana; CÂMARA, Naiá (orgs). Discurso: sentidos e ação. v. 10. São Paulo: Universidade de Franca, 2015b. p. 141-162.
ALENCAR, C. Pragmática Cultural: uma visada antropológica sobre os jogos de linguagem. In: SILVA, D., ALENCAR, C.; FERREIRA, D. (Orgs.). Nova Pragmática: modos de fazer. São Paulo: Cortez, 2014. p.78-100.
ALENCAR, C. Por uma pragmática cultural: cartografias descoloniais e gramáticas culturais em jogos de linguagem do cotidiano. Projeto de Pesquisa. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, 2013.
ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo. Pólem, 2019.
AUSTIN, J. How to do things with words. 2ª ed. Oxford: Oxford University Press, 1976.
AUSTIN, J. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Tradução de Danilo Marcondes de Souza Filho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.
BAIRROS, L. Nossos feminismos revisitados. Estudos feministas.v.3 n.2, 1995. p.458-463.
BENTO, C. O pacto da branquitude. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.
BERNARDINO-COSTA, J; MALDONADO-TORRES, N; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019. (Coleção Cultura Negra e Identidades).
BONFIM, M. Queres saber como fazer identidades com palavras? Uma análise em Pragmática cultural da construção performativa do Sem-terra assentado no MST-CE. Dissertação (Mestrado em Linguística Aplicada).150f. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada/PosLA. Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, 2011.
BONFIM, M. Pragmática dos corpos militantes no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do Ceará. Tese de Doutorado em Linguística Aplicada. Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, UECE, Fortaleza, 2016.
BONFIM, M.; PAIVA, F. (orgs). I Curso de Formação Política em Relações Étnico-Raciais e Combate ao Racismo do Movimento Negro Unificado do Ceará (Turma Preta Simoa): Saberes construídos na luta antirracista cearense. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020.
BONFIM, M.; MONROY, A; SANTOS, E. Genocídio da juventude negra no Brasil, racismo antinegro e necropoder: uma análise de discurso crítica. In: CIRNE, A; BARROS, S; EFKEN, K. (Orgs). Diálogos e perspectivas da análise crítica do discurso. Campinas: Pontes, 2022.
CARDOSO, L. O branco ante a rebeldia do desejo: um estudo sobre o pesquisador branco que possui o negro como objeto científico tradicional (a branquitude acadêmica v.2). 1ed. Curitiba: Appris, 2020.
CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: artes de fazer. 18ed. Trad. Ephraim Ferreira Alves. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.
CORDEIRO, G. Vem jogar mais eu, mano meu: cartografando a capoeira na cidade de Camocim como jogo de linguagem e resistência negra. Tese. 252f. (Doutorado em Linguística Aplicada). Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará. Fortaleza, 2015.
CORDEIRO, G. Capoeira e ato de fala mandigueiro: vem jogar mais eu, mano meu. Revista Linguagem em foco. v. 8, n. 2, ano. Volume Temático: Linguagem e Raça: diálogos possíveis. Fortaleza, 2016. p.41-53.
DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia 2. Vol.1. São Paulo: Ed. 34, 1995.
DOMINGUES, P. Movimento negro brasileiro: alguns apontamentos históricos. Tempo, n.23. 2007, p.100-122.
FERREIRA SOBRINHO, J. Abolição no Ceará: um novo olhar. 1ed. Fortaleza: Editora IMEPH, 2009.
FERREIRA SOBRINHO, J. Reflexões de um negro cearense inquieto com o combate ao racismo no Ceará. AUTOR ; PAIVA, F. (orgs). I Curso de Formação Política em Relações Étnico-Raciais e Combate ao Racismo do Movimento Negro Unificado do Ceará (Turma Preta Simoa): Saberes construídos na luta antirracista cearense. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020. p. 47-87.
FIGUEIREDO, A; GROSFOGUEL, R. Por que não Guerreiro Ramos: novos desafios a serem enfrentados pelas universidades públicas brasileiras. Ciência e Cultura (SBPC), v. 59, 2007. p. 36-41.
FREIRE, P. A importância do ato de ler (em três artigos que se completam). São Paulo: Cortez/Autores Associados, 2006.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
GLOCK, H. Dicionário Wittgenstein/ Hans-Johann Glock; tradução de Helena Martins. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1998.
GOMES, N. Corpo e cabelo como ícones de construção da beleza e da identidade negra nos salões étnicos de Belo Horizonte. São Paulo:
USP, 2002.
GOMES, N. Entrevista. Revista Linguagem em foco. v.8, n.2. Fortaleza, 2016.p.115-122.
GOMES, N. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Vozes, 2017.
GUIMARÃES, A. Cor e raça: Raça, cor e outros conceitos analíticos. In PINHO, O; SANSONE, L. (Orgs). Raça: novas perspectivas antropológicas. 2 ed. rev. Salvador: Associação Brasileira de Antropologia: EDUFBA, 2008.p.63-82.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade.11 ed. Trad. Tomaz Tadeu da Silva, Guaracira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.
hooks, b. Alisando o nosso cabelo. Trad. Lia Maria dos Santos. Revista Gazeta de Cuba – Unión de escritores y Artista de Cuba, janeiro-fevereiro de 2005. Tradução do espanhol: Lia Maria dos Santos. Disponível em: https://www.geledes.org.br/alisando-o-nosso-cabelo- por-bellhooks/ Acesso em: 27 jul. 2020.
KILOMBA, G. Memórias da Plantação: episódios de racismo cotidiano. Trad. Jess Oliveira. Rio de Janeiro, Cobogó, 2019.
LEAL, I. Prefácio. AUTOR ; PAIVA, F. (orgs). I Curso de Formação Política em Relações Étnico-Raciais e Combate ao Racismo do Movimento Negro Unificado do Ceará (Turma Preta Simoa): Saberes construídos na luta antirracista cearense. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020.p. 11-13.
LOPES, N. Enciclopédia brasileira da diáspora africana. 4. ed. - São Paulo: Selo Negro, 2011.
MELO, G. O lugar da raça na sala de aula de inglês. Revista da ABPN. v. 7, n. 17, jul. – out. 2015, p.65-81.
ROCHA, S. Esboços de uma biografia de musealização: o caso da Jangada Libertadora. Dissertação. 221f. (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Museologia e Patrimônio. Rio de Janeiro. UNIRIO, 2018.
MUNIZ, K. Linguagem e identificação: uma contribuição para o debate sobre ações afirmativas para negros no Brasil. 2009. 204f. Tese (Doutorado em Linguística). Instituto de Estudos da Linguagem/ IEL, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2009.
MUNIZ, K. Ainda sobre a possibilidade de uma linguística “crítica”: performatividade, política e identificação racial no Brasil. DELTA, n. 32, 2016.
MUNIZ, K. Linguagem como mandinga: população negra e periférica reinventando epistemologias. In: SOUZA, Ana Lúcia (Orga). Cultura política nas periferias: estratégias de reexistência. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2021. p.273-288.
NASCIMENTO, G. Racismo linguístico: os subterrâneos da linguagem e do racismo. Belo Horizonte: Letramento, 2019.
NASCIMENTO, J. Memórias organizativas do movimento negro cearense: olhares de mulheres negras militantes. In: AUTOR, M; PAIVA, Francisco. (orgs). I Curso de Formação Política em Relações Étnico-Raciais e Combate ao Racismo do Movimento Negro Unificado do Ceará (Turma Preta Simoa): Saberes construídos na luta antirracista cearense. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020. p.122-138.
NOGUERA, R. O ensino de filosofia e a lei 10.639. 1.ed. Rio de Janeiro: Pallas: Biblioteca Nacional, 2014.
OLIVEIRA, M. Reviravolta linguístico-pragmática na filosofia contemporânea. São Paulo. Edições Loyola, 2006.
OTTONI, P. Visão performativa da linguagem. Campinas: Editora da UNICAMP, 1998
PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCOSSIA, L. (Orgs.). Pistas do método da cartografia: pesquisa e intervenção e produção da subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2019.
PINTO, J. Pragmática. In: MUSSALIM, F; BENTES, A. (Orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. Vol.2. 6.ed. São Paulo: Cortez, 2009. p.47-68.
PINTO, J. Conexões teóricas entre performatividade, corpo e identidades. DELTA v. 23 n.1. São Paulo, 2007.p.1-26.
RAJAGOPALAN, K. Nova Pragmática: fases e feições de um fazer. São Paulo. Parábola Editorial, 2010.
RATTS, A. O negro no Ceará (ou o Ceará negro). CUNHA JÚNIOR, Henrique; SILVA, Joselina; NUNES, Cícera. (Orgs). Artefatos da Cultura Negra no Ceará. Fortaleza: Edições, UFC, 2011.p.19-40.
REZENDE, C; MAGGIE, Y. Raça como retórica: a construção da diferença. In: Rezende, Claudia Barcellos e Maggie, Yvonne (Orgs). Raça como retórica: a construção da diferença. Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2001.
RODRIGUES, V. Entre vivências e resistências: o racismo na ótica de negras(os) intelectuais. AMARO, Sarita; OLIVEIRA, Evaldo (Orgs). Sim, o racismo existe! Reflexões, ações e iniciativas para combater o racismo e seus simulacros. 1 ed. Curitiba: Nova Práxis Editorial, 2019. p. 229-244.
RUFINO, L. Pedagogias das encruzilhadas. Revista Periferia, v.10, n.1, 2018. p. 71-88.
RUFINO, L. Pedagogias das encruzilhadas: Exu como educação. Revista Exitus, v. 9, n 4, 2019. p. 262 – 289.
SANTOS, B. Por uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências. In: SANTOS, B. S (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente. São Paulo: Cortez, 2004. p. 777-821.
SCHUCMAN, L. Entre o encardido, o branco e o branquíssimo: branquitude, hierarquia e poder na cidade de São Paulo. 2. edição. São Paulo: Veneta, 2020.
SILVA, D; ALENCAR, C; FERREIRA, D. (Orgs.). Nova Pragmática: modos de fazer. São Paulo: Cortez, 2014.
SILVA, A. O racismo e os seus desafios em dois estados brasileiros: vivências de uma mulher negra e militante. In: AUTOR; PAIVA, Francisco. (orgs). I Curso de Formação Política em Relações Étnico-Raciais e Combate ao Racismo do Movimento Negro Unificado do Ceará (Turma Preta Simoa): Saberes construídos na luta antirracista cearense. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020. p. 19-21.
SIMAS, L; RUFINO, L. A ciência encantada das macumbas. 1 ed. Rio de Janeiro: Mórula, 2018.
SOUZA, A; CARRASCOSA, D; AUGUSTO, J; FREITAS, H; RODRIGUEZ, M; FONSECA, S. Rasuras epistêmicas das (est)éticas negras contemporâneas (Seminário Rasuras 2017). Salvador: Edição Organismo e Grupo Rasuras, 2020.
SOUZA, A. Letramentos de Reexistência: culturas e identidades no movimento hip-hop. 206f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada). Instituto de Estudos da Linguagem/ IEL, Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, 2009.
SOUZA, A. Letramentos de reexistência: poesia, grafite, música, dança: Hip-Hop. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.
WINDLE, J; SOUZA, A; SILVA, D; ZAIDAN, J; MAIA, J, MUNIZ, K; LORENSO, S. Por um paradigma transperiférico: uma agenda para pesquisas socialmente engajadas. Trabalhos de Linguística Aplicada. n.59, v.2, 2020. p.1563-1576.
WITTGENSTEIN, L. Investigações filosóficas. Trad. De José Carlos Bruini. São Paulo, Nova Cultural, 1989 (Os Pensadores).
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Cadernos de Linguagem e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UnB é licenciado sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported.
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores/as que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
Autores/as mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution 4.0 International license que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
