A poética cantada:
investigação das habilidades do repentista nordestino
Resumo
O repente ou cantoria é uma arte poético-musical comum no Nordeste do Brasil e caracteriza-se pela improvisação de estrofes, ou seja, pela sua composição no momento da apresentação. Cantando sempre em duplas, ao improvisar versos os repentistas dialogam um com o outro e com os ouvintes. E colocam-se em relação com modelos estéticos incorporados, como as regras poéticas, os padrões melódicos e harmônicos, os moldes rítmicos da poesia, as temáticas usuais etc., a partir dos quais devem criar textos originais. No improviso, o cantador guia-se por esses modelos estéticos, dentre os quais ressalto como o principal fundamento prático do repente o ritmo poético incorporado por esses poetas.
Referências
AYALA, Maria Ignez Novais (1988). No arranco do grito: aspectos da cantoria nordestina. São Paulo: Ática.
CROOK, Larry (2005). Brazilian music: Northeastern traditions and hertbeat of a modern nation. Santa Barbara/Denver: Oxford/ABC-Clio.
DÃAZ-PIMIENTA, Alexis (2001). Teoría de la improvisación: primeras páginas para el estudio del repentismo. Habana: Unión de Escritores y Artistas de Cuba.
EGAÑA, Andoni (2005). “The process of improvised bertsoak”. In: ARMISTEAD, Samuel e ZULAIAKA, Joseba (orgs.) Voicing the moment: improvised oral poetry and basque tradition. Reno: University of Nevada. p. 323-40.
GONÇALVES, Marco Antonio (2007). “Cordel híbrido, contemporâneo e cosmopolita”. Textos escolhidos de cultura e arte populares. v. 4, n. 1, p. 21-38.
JAKOBSON, Roman (1966). “Grammatical parallelism and its Russian facet”. Language. v. 42, n. 2. p. 399-429.
______ (1975). Lingüística e comunicação. São Paulo: Cultrix.
KUBIK, Gerhard (1979). “Pattern perception and recognition in African music”. In: BLACKING, John e KEALIINOHOMOKU, Joann (orgs.). Performing arts: music and dance. The Hague: Mouton. p. 221-49.
LORD, Albert Bates. (2000). The singer of the tales. Cambridge: Harvard University Press.
MAGRINI, Tullia (1998). “Improvisation and group interaction in Italian lyrical singing”. In: NETTL, Bruno e RUSSELL, Melinda Russell (orgs.). In the course of performance: studies in the musical improvisation. Chicago/University of Chicago Press. p. 169-98.
NETTL, Bruno (1974). “Thoughts on improvisation: a comparative approach”. The musical quarterly. v. 60, n. 1. p. 1-19.
______ (1998). “Introduction: an art neglect in scholarship”. In: NETTL, Bruno Nettl e RUSSELL, Melinda (orgs.). In the course of performance: studies in the musical improvisation. Chicago/ University of Chicago Press. p. 1-23.
OLIVEIRA, Luciano Py de (1999). A música na cantoria em Campina Grande (PB): estilo musical dos principais gêneros poéticos. (Dissertação de Mestrado). Universidade Federal da Bahia, Escola de Música, Salvador.
RAMALHO, Elba Braga (2000). Cantoria nordestina: música e palavra. São Paulo: Terceira Margem.
______ (2001). Cantoria nordestina: proposta de um novo enredo para o metro cantado. Tese apresentada em concurso para Professor Titular. Universidade Estadual do Ceará, Centro de Humanidades, Fortaleza.
SUTTON, R. Anderson (1998). “Do Javanese gamelan musicians really improvise?” In: NETTL, Bruno e RUSSELL, Melinda (orgs.). In the course of performance: studies in the musical improvisation. Chicago/ University of Chicago Press. p. 69-92.
SAUTCHUK, João Miguel (2009). A poética do improviso: prática e habilidade no repente nordestino. Tese. Universidade de Brasília, Brasília.
TAMBIAH, Stanley Jeyaraja (1985). “A performative approach to ritual”. In: Culture, thought and social action. Cambridge/Harvard University Press. p. 123-66.
TRAVASSOS, Elisabeth (1989). “Melodias para a improvisação poética no Nordeste: toadas de sextilhas segundo a apreciação dos cantadores”. Revista brasileira de música. n. XVIII, p. 115-29.
WATEAU, Fabienne (2005). “Défi s esthétiques et défi s ordinaires, essai d’interprétation de joutes verbales et ritualisées au Portugal”. Ethnographiques.org 7 Disponível em: <http://www.ethnographiques.org/2005/Wateau.html> Acesso em: 6 abr 2007.
WHITE, Linda (2005). “Formulas in the mind: a preliminary examination to determine if oral formulaic theory may be applied to the Basque case”. In: ARMISTEAD, Samuel e ZULAIAKA (orgs.) Voicing the moment: improvised oral poetry and Basque tradition. Reno/University of Nevada, Center for Basque Studies. p. 265-80.
ZÉ MARIA DE FORTALEZA (José Maria do Nascimento). (s.d.) Curso prático de literatura de cordel. Manuscrito.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.