(Des)memória e catástrofe:
considerações sobre a literatura pós-golpe de 1964
DOI:
https://doi.org/10.1590/S2316-40182014000100010Resumen
O texto pretende repensar, na esteira de uma tradição crítica consolidada, o papel da literatura na representação e na denúncia dos atos de repressão realizados pelo regime militar brasileiro a partir de 1964 e, com maior contundência e força, a partir de 1968, depois da promulgação do AI-5. Nesse âmbito, a função das histórias ”“ contadas por diversos autores e por alguns dos sobreviventes da repressão ”“ parece ser, sobretudo, aquela de desenvolver um papel de suplência da História, no sentido de mostrar, de modo eficaz e através da ficção, o nefando que caracterizou em particular a tortura e o assassinato dos opositores. O estatuto da literatura ”“ a sua capacidade de dizer aquilo que é interdito à historiografia, a possibilidade de recriar o real através da imaginação ”“ permitiu, de fato, a muitos escritores testemunhar o horror e a violência que marcaram o regime instaurado no Brasil cinquenta anos atrás, chegando a nos dar a representação “física” da dor e do sangue derramado por um Poder agindo em estado de exceção.
Referencias
AGAMBEN, Giorgio (1998). Quel che resta di Auschwitz: l’archivio e il testimone. Torino: Bollati Boringhieri.
CALLADO, Antonio (1982[1970]). Bar Don Juan. 7. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
______ (1977). Reflexos do baile. 4. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra.
GINZBURG, Jaime (2012). Crítica em tempos de violência. São Paulo: EDUSP, Fapesp.
LASCH, Markus (2010). Em câmara lenta: representações do trauma no romance de Renato Tapajós. Remate de males, Campinas, v. 30, n. 2, p. 277-291.
SELIGMANN-SILVA, Márcio (1999). Do delicioso horror sublime ao abjeto e à escritura do corpo. In: ANDRADE, C. et al. (orgs.). Leitura do ciclo. Florianópolis: Abralic.
______ (2003). O testemunho entre a ficção e o “real”. In: SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). História. Memória, literatura: o testemunho na Era das Catástrofes. Campinas: Editora da Unicamp.
SILVA, Mário Augusto Medeiros da (2008). Os escritores da guerrilha urbana: literatura de testemunho, ambivalência e transição política (1977-1984). São Paulo: Annablume, Fapesp.
SÜSSEKIND, Flora (2004). Literatura e vida literária: polêmicas, diários & retratos. 2. ed. Belo Horizonte: Editora UFMG.
TAPAJÓS, Renato (1977). Em câmara lenta. 2. ed. São Paulo: Alfa-Omega.
TELLES, Lygia Fagundes (1985[1973]). As meninas. 26. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.
Descargas
Publicado
Número
Sección
Licencia
Los autores que publican en esta revista concuerdan con los siguientes términos:
a) Los (los) autores (s) conservan los derechos de autor y conceden a la revista el derecho de primera publicación, siendo el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Licencia Creative Commons de Atribución-No Comercial 4.0, lo que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría del trabajo y publicación inicial en esta revista.
b) Los autores (a) tienen autorización para asumir contratos adicionales por separado, para distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (por ejemplo, publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y reconocimiento publicación inicial en esta revista.
c) Los autores tienen permiso y se les anima a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) después del proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (ver el efecto del acceso libre).
d) Los (as) autores (as) de los trabajos aprobados autorizan la revista a, después de la publicación, ceder su contenido para reproducción en indexadores de contenido, bibliotecas virtuales y similares.
e) Los (as) autores (as) asumen que los textos sometidos a la publicación son de su creación original, responsabilizándose enteramente por su contenido en caso de eventual impugnación por parte de terceros.