Revisões da masculinidade sob ditadura:
Gabeira, Caio e Noll
DOI:
https://doi.org/10.1590/S2316-40182014000100004Abstract
Este artigo analisa operações sobre a masculinidade realizadas por textos de Fernando Gabeira, Caio Fernando Abreu e João Gilberto Noll da passagem da década de 1970 para a de 1980. No Brasil a abertura política coincidiu com a consolidação do movimento gay, a lei do divórcio, o começo da entrada massiva das mulheres de classe média à força de trabalho remunerada, maior visibilidade das travestis e, no geral, a decadência de um modelo de homem promovido pelo regime militar. O ensaio discute as formas em que Gabeira, Caio e Noll rememoram, antecipam, alegorizam, atravessam e/ou ignoram esse contexto, e assim se situam de diversas maneiras na revisão da masculinidade que se produzia naquela virada de década. Gabeira escreve uma hipérbole sobre o seu próprio papel que termina se autorrealizando; Caio chega ali ao ápice de uma metódica desmontagem da fronteira entre homo- e heteroafetividade; Noll inaugura o que seria um trabalho de três décadas e meia de reflexão sobre a decomposição da masculinidade, através da representação de uma de suas cenas constitutivas, o sumiço do pai.
References
ABREU, Caio Fernando (1975). O ovo apunhalado. Porto Alegre: Globo.
______ (1982). Morangos mofados. São Paulo: Brasiliense.
______ (2002). Cartas. Organização de Ãtalo Moriconi. Rio de Janeiro: Aeroplano.
______ (2005). Caio 3D: O essencial da década de 1970. Rio de Janeiro: Agir.
AVELAR, Idelber (2012). Fernando Gabeira y la crítica de la masculinidad: la fabricación de un mito. In: El lenguaje de las emociones: afecto y cultura en América Latina. Edição de Ignacio Sánchez Prado e Mabel Moraña. Madri: Iberoamericana; Frankfurt: Vervuert.
CONNELL, Raewyn W. (2005 [1995]). Masculinities. 2. ed. Berkeley, Los Angeles: University of California Press.
COSTA, Albertina de Oliveira et al. (Orgs.) (1980). Memórias das mulheres do exílio. Rio: Paz e Terra.
DALCASTAGNÈ, Regina (1996). O espaço da dor: o regime de 64 no romance brasileiro. Brasília: Editora UnB.
GABEIRA, Fernando (1980). Crepúsculo do macho. Rio de Janeiro: Codecri.
______ (1981). Entradas e bandeiras. Rio de Janeiro: Codecri.
______ (1981 [1979]). O que é isso, companheiro?. 21. ed. Rio de Janeiro: Codecri.
GINZBURG, Jaime (2005). Exílio, memória e história: notas sobre “Lixo e purpurina” e “Os sobreviventes” de Caio Fernando Abreu. Literatura e sociedade, São Paulo, n. 8, p. 36-45.
______ (2012). Crítica em tempos de violência. São Paulo: EDUSP.
GREEN, James (1999). Beyond Carnival: male homossexuality in twentieth-century Brazil. Chicago, Londres: University of Chicago Press.
______ (2006). Frescos trópicos: fontes sobre a homossexualidade masculina no Brasil (1870-1980). Rio de Janeiro: José Olympio.
LEAL, Bruno Souza (2002). Caio Fernando Abreu, a metrópole e a paixão do estrangeiro: contos, identidade e sexualidade em trânsito. São Paulo: Annablume.
MORICONI, Ãtalo (2002). Introdução. In: ABREU, Caio Fernando. Cartas. Rio: Aeroplano.
Noll, João Gilberto (1986 [1980]). O cego e a dançarina. 2. ed. Porto Alegre: L&PM.
PIGLIA, Ricardo (s/d). Tesis sobre el cuento. In: Crítica y ficción. Buenos Aires: Siglo XX, Universidad Nacional del Litoral.
RIDENTI, Marcelo et al. (1997) Versões e ficções: o sequestro da história. São Paulo: Perseu Abramo.
SÜSSEKIND, Flora (1985). Literatura e vida literária. São Paulo: Zahar.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Authors who publish in this journal agree to the following terms:
a) The authors maintain the copyright and grant the journal the right of first publication, the work being simultaneously licensed under the Creative Commons Attribution License-Non Commercial 4.0 which allows the sharing of the work with acknowledgment of the authorship of the work and publication this journal.
b) Authors are authorized to enter into additional contracts separately, for non-exclusive distribution of the version of the work published in this journal (eg publish in institutional repository or as a book chapter), with authorship recognition and publication in this journal.
c) Authors are allowed and encouraged to publish and distribute their work online (eg in institutional repositories or on their personal page) after the editorial process, as this can generate productive changes, as well as increase the impact and citation of published work (See The Effect of Free Access).
d) The authors of the approved works authorize the magazine to, after publication, transfer its content for reproduction in content crawlers, virtual libraries and the like.
e) The authors assume that the texts submitted to the publication are of their original creation, being fully responsible for their content in the event of possible opposition by third parties.