De volta pra casa ou o caminho sem volta em duas narrativas do Brasil

Authors

  • Simone Schmidt

Abstract

O artigo discute a representação do corpo feminino subalterno em dois romances brasileiros: As mulheres de Tijucopapo, de Marilene Felinto, e Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo. A leitura se propõe a enfocar esse corpo como lócus em que se desdobram as tensões resultantes das relações desiguais de gênero, raça e classe no Brasil, corpo colonizado e verdadeiro campo de batalha, em cujos movimentos ainda se enfrentam a casa grande e a senzala. Tomando como motes o tema da estrada e o motivo do exílio, pretende-se também abordar os deslocamentos efetuados pelas personagens femininas nos dois romances, como percursos formadores de sua identidade.

References

ALMEIDA, Miguel Vale de. Um mar da cor da terra: raça, cultura e política da identidade. Oeiras: Celta, 2000.

ANZALDÚA, Gloria. “La consciencia de la mestiza/Rumo a uma nova consciência”. Revista Estudos Feministas, v. 13, nº. 3. Florianópolis, 2005, pp. 704-19.

APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

BAKHTIN, Mikhail. “Formas de tempo e de cronotopo no romance (ensaios de poética histórica)”, em _______. Questões de literatura e de estética: a teoria do romance. São Paulo: Hucitec, 1988. pp. 211-362.

BARBEITOS, Arlindo. “Une perspective angolaise sur le lusotropicalisme”. Lusotopie 1997: Enjeux contemporains dans les espaces lusophones, Paris: Karthala, 1997. pp. 309-26.

EVARISTO, Conceição. Ponciá Vicêncio. 2ª. ed. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2003.

FELINTO, Marilene. As mulheres de Tijucopapo. 3ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 2004.

FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 34ª. ed. Rio de Janeiro: Record, 1998.

HALL, Stuart. “Pensando a diáspora; reflexões sobre a terra no exterior”, em _______. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003. pp. 25-50.

HARAWAY, Donna. “Um manifesto para os cyborgs: ciência, tecnologia e feminismo socialista na década de 80”, em HOLLANDA, Heloisa Buarque de (org.). Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. pp. 243-88.

LEMAIRE, Ria. “Metaforizar. des-metaforizar, re-metaforizar ”“ qual é a verdade que (não) se quer revelar? O caso de Casa-grande e senzala”. Rivista di studi Portoghesi e Brasiliani, nº. II. Roma, 2000, pp. 125-37.

MEMMI, Albert. Retrato do colonizado precedido pelo retrato do colonizador. 2ª. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977.

MIGNOLO, Walter. Histórias locais, projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

MOHANTY, Chandra Talpade. “Under western eyes: feminist scholarship and colonial discourses”, em LEWIS, Reina and MILLS, Sara (eds.). Feminist postcolonial theory. Edinburgh: Edinburgh University Press, 2003.

PRATT, Mary Louise. “A crítica na zona de contato: nação e comunidade fora de foco”. Travessia: revista de literatura, nº. 38. Florianópolis, 1999, pp. 7-30.

RIBEIRO, Margarida Calafate. Uma história de regressos; Império, guerra colonial e pós-colonialismo. Porto: Afrontamento, 2004. Parte II.

RICH, Adrienne. “Notas para uma política da localização”, em Macedo, Ana Gabriela (org.). Gênero, desejo e identidade. Lisboa: Cotovia, 2002. pp. 15-35.

RICHARD, Nelly. “Experiência e representação: o feminino, o latino-americano”, em _______. Intervenções críticas: arte, cultura, gênero e política. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. pp. 142-55.

SAID, Edward. “Exílio intelectual: expatriados e marginais”, em _______. Representações do intelectual: as palestras de Reith de 1993. Lisboa: Colibri, 2000. pp. 51-62.

_______. “Reflexões sobre o exílio”, em _______. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. pp. 46-60.

_______. “A representação do colonizado: os interlocutores da antropologia”, em _______. Reflexões sobre o exílio e outros ensaios. São Paulo: Companhia das Letras, 2003. pp. 114-36.

SANTOS, Boaventura de Sousa. “Do pós-moderno ao pós-colonial. E para além de um e outro”. Conferência de Abertura do VIII Congresso Luso-AfroBrasileiro de Ciências Sociais, 2004, Coimbra. Disponível em: <http://www.ces.uc.pt/misc/Do_pos-moderno_ ao_pos-colonial.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2008.

SILVA, Tony Simões da. “Raced encounters, sexed transactions: ‘lusotropicalism’ and the Portuguese colonial empire”. Pretexts: literary and cultural studies, v. 11, nº. 1. July 2002, pp. 27-39.

THOMAS, Omar Ribeiro. “Tigres de papel: Gilberto Freyre, Portugal e os países africanos de língua oficial portuguesa”, em Bastos, Cristiana; Almeida, Miguel Vale de; Feldman-Bianco, Bela (coords.). Trânsitos coloniais: diálogos críticos luso-brasileiros. Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2002.

XAVIER, Elódia. Que corpo é esse? O corpo no imaginário feminino. Florianópolis: Mulheres, 2007.

Published

2011-01-04

Issue

Section

Thematic Section

How to Cite

De volta pra casa ou o caminho sem volta em duas narrativas do Brasil. (2011). Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, 32, 21-30. https://periodicostestes.bce.unb.br/index.php/estudos/article/view/9564