O dengo como produção afetiva de Bem Viver: práticas literárias, narrativas e poéticas negras sapatonas
Palavras-chave:
afeto; dengo; crítica literária negra sapatão; literatura brasileiraResumo
Este trabalho é fruto de um dos ensaios produzidos da tese Nós: afetos e literatura, defendida no ano de 2021. Nela, produzi uma crítica literária que contribui de maneira sensível e atenta às dimensões diversas e complexas que envolvem as produções literárias negras e das dissidências sexuais e de gênero, no intuito de flagrar como são feitos os usos dos afetos - do medo, da raiva, do amor, do erótico e do dengo - nas produções literárias analisadas. Neste ensaio, portanto, navegamos através do dengo como um afeto produtor de Bem Viver entre sapatonas negras. Através de textos literários de escritoras brasileiras negras, que produziram poéticas e narrativas implicadas nas dissidências sexuais e de gênero, que vão desde o clipe de Luedji Luna, como epígrafe através de QR Code, o qual dá o tom da leitura; passando por textos literários de Cidinha da Silva, tatiana nascimento, Conceição Evaristo e Kati Souto; até a teoria poética produzida por Audre Lorde e Denise Ferreira da Silva, vou costurando os modos de bem querência, de (auto)cuidado, de práticas amorosas e de liberdade, que são construídos através de narrativas e poéticas por corporeidades negras e das dissidências sexuais e de gênero cujo projeto e desejo colonial neste mundo antinegro é de morte. No entanto, o dengo, afeto negro transatlântico por excelência, atravessa nossas existências e nos conduz às águas da vida. Este ensaio nos conduz, portanto, a uma viagem através do afeto do dengo, cuja potência é capturada no fluxo das narrativas de autodeterminação, do cuidado entre sapatonas na afrodiáspora, produtor de Bem Viver, da radical ação de (auto)nomeação, das corporeidades insubmissas e da beleza que é refundação de narrativas sobre nós.
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