Os filhos do tempo da peste: a pandemia de COVID-19 em dois poemas de Alexei Bueno
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40187305Palavras-chave:
Alexei Bueno, poesia brasileira contemporânea, pandemia, COVID-19.Resumo
As doenças, as epidemias e as pandemias estão presentes tanto na história humana quanto na produção literária de diversos períodos. Em busca de compreender como se dão as representações da recente situação pandêmica de COVID-19, este artigo objetiva analisar os poemas “Matinada da peste” e “As máscaras”, publicados pelo poeta carioca Alexei Bueno no opúsculo Decálogo Indigno para os Mortos de 2020 (Bueno, 2020). Nesse sentido, este estudo fundamenta-se no pensamento de Candido (2000) acerca dos aspectos internos (estéticos) e externos (sociais) que compõem a obra literária, bem como nas contribuições de teóricos da poesia e de outras áreas do conhecimento. Em linhas gerais, “Matinada da peste” contrasta a atemporalidade da natureza com a vulnerabilidade humana diante do vírus. Já “As máscaras” evoca o isolamento social por meio do corpo solitário, valendo-se de expressões como “olhos órfãos”, “lábios sem lábios”, “mãos sem outras” e aguardando um “novo amanhã”. Conclui-se que o conteúdo e a forma dos poemas analisados carregam evidentes marcas da crise sanitária, tais como a angústia, a espera, a solidão do isolamento e a esperança de dias melhores.
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