Pílulas, posts e piadas: a brevidade como éthos da poesia brasileira

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DOI:

https://doi.org/10.1590/2316-40185815

Resumo

O presente artigo se propõe a analisar a origem e os desdobramentos do poema curto na literatura brasileira, desde os seus precursores no século XIX até o seu uso na contemporaneidade. Essa concisão poemática, geralmente associada ao humor, ganharia, no Modernismo, epítetos como “piada”, “pílula”, “comprimido” e “minuto”, e graças a sua vasta proliferação, tornou-se ”“ não sem polêmicas e detratações ”“ uma espécie de gênero recorrente na produção poética nacional. Sua experiência de leitura difere da fruição do verso tradicional, pois é fluida e de compreensão imediata, flash linguístico que desestabiliza o discurso corrente do utilitarismo cotidiano e capta o leitor em um instante catártico a partir da deflagração do riso e/ou da percepção do insurgente valor conceitual inerente ao “poema-piada”. Como suas possíveis modulações, o poema concreto, a geração marginal e a poesia publicada nas redes sociais contemporâneas são investigados.

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Publicado

10/30/2019

Como Citar

Pílulas, posts e piadas: a brevidade como éthos da poesia brasileira. (2019). Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, 58, 1-13. https://doi.org/10.1590/2316-40185815