USO DO ESPAÇO VERTICAL POR PEQUENOS MAMÍFEROS NO PARQUE NACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS, RJ: UM ESTUDO DE 10 ANOS UTILIZANDO TRÊS MÉTODOS DE AMOSTRAGEM

Autores/as

  • Jayme Augusto Prevedello Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Laboratório de Vertebrados
  • Paula Ferreira Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Laboratório de Vertebrados
  • Bernardo Silveira Papi 1 Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Laboratório de Vertebrados
  • Diogo Loretto Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Laboratório de Vertebrados
  • Marcus Vinícius Vieira Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia, Laboratório de Vertebrados

DOI:

https://doi.org/10.26512/2236-56562008e39814

Palabras clave:

Carretel de rastreamento, comunidade de pequenos mamíferos, estudos de longo prazo, marcação e recaptura, Mata Atlântica, ninhos artificiais

Resumen

O estudo avaliou o uso dos estratos da floresta pelas espécies de pequenos mamíferos através de três métodos de amostragem: armadilhas de captura viva, ninhos artificiais e carretel de rastreamento. Nas armadilhas e com esforço total de 69.525 armadilhas-noites (17.550 no dossel), houve 2.759 capturas de 1.172 indivíduos de 15 espécies, sendo oito espécies de marsupiais e sete de roedores. Nos ninhos, com esforço total de 6.018 verificações, foram registrados 71 indivíduos pertencentes a seis espécies. Foram mapeados com carretel de rastreamento aproximadamente 53.000 m de linha em 403 caminhos de 272 indivíduos, de quatro espécies de marsupiais. A amostragem do dossel foi imprescindível para a caracterização adequada da estrutura da comunidade, principalmente quanto às abundâncias relativas das espécies. Os diferentes métodos de amostragem foram complementares em seus resultados, cada um com vantagens e limitações para o estudo da estratificação vertical de pequenos mamíferos. A análise conjunta dos dados revelou que a comunidade de pequenos mamíferos do Garrafão apresenta marcada estratificação vertical, mas o uso dos estratos da floresta por pequenos mamíferos é mais complexo e sofisticado que a simples classificação por estrato utilizado. Algumas espécies usam predominantemente o solo ou dossel, mas apenas estes extremos são detectados pelas armadilhas. Este método por si só não é capaz de detalhar o uso do sub-bosque e mesmo do dossel por espécies predominantemente terrestres ou semi-terrestres.

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Publicado

2022-01-21

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USO DO ESPAÇO VERTICAL POR PEQUENOS MAMÍFEROS NO PARQUE NACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS, RJ: UM ESTUDO DE 10 ANOS UTILIZANDO TRÊS MÉTODOS DE AMOSTRAGEM. (2022). Revista Espacio Y Geografía, 11(1), 35-58. https://doi.org/10.26512/2236-56562008e39814