A retórica da preservação: de como os discursos podem ser mobilizados para destruir a natureza
Mots-clés :
Retórica da preservação. Lógica da colonialidade/modernidade. Ecolinguística e Estudos Decoloniais.Résumé
O presente trabalho tem o objetivo de investigar como os discursos ocidentais hegemonizados de preservação da Natureza reiteram concepções que continuam fundamentando a opressão e a destruição da mesma. Para tanto, analisamos três textos publicados pela revista The Economist, em agosto de 2019, que abordam as queimadas e o desmatamento na Amazônia. À luz das propostas teóricas e metodológicas da Ecolinguística para o estudo do discurso (COUTO et al., 2015; STIBBE, 2015; BORGES, 2020; COUTO; FERNANDES, 2020) e dos estudos decoloniais (MIGNOLO, 2003; 2017), buscamos compreender quais são os recursos semióticos mobilizados para escamotear a lógica da colonialidade/modernidade (MIGNOLO, 2017) que estrutura as nossas relações cotidianas. Na análise discursiva foi possível mapear diferentes recursos, como a modalização, o apagamento, dentre outros, que contribuem para o estabelecimento daquilo que chamamos de retórica da preservação, uma configuração discursiva que, ao apresentar o cuidado e a preservação da Natureza como uma necessidade imponderável para a sobrevivência daqueles que são considerados humanos, perpetua a opressão e a destruição da Natureza e das múltiplas sensibilidades de mundo (MIGNOLO, 2017) que a habitam.
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