Trabalho, desenvolvimento do poder de agir e promoção da saúde
O caso de uma cooperativa de motofretistas
Palavras-chave:
Ergologia, Cooperativismo, Trabalho por plataformas digitais, Poder de agir, SaúdeResumo
Neste artigo buscou-se investigar o modo de gerenciamento e organização do trabalho adotado em uma cooperativa de motofretistas visando traçar diferenças entre ele e o adotado por plataformas digitais, com ênfase nas implicações à saúde dos trabalhadores. A partir das contribuições teórico-metodológicas da Ergologia e da Clínica da Atividade analisaram-se materiais empíricos obtidos em pesquisa de iniciação cientifica realizada com apoio da FAPERJ. A partir do levantamento e análise de documentos, registros de Encontros sobre o Trabalho e de entrevistas com membros da cooperativa, pode-se apontar que a definição de jornadas de trabalho, critérios de remuneração e um retorno ao gerenciamento humano possibilita uma maior autonomia e controle sobre o próprio trabalho, tendo efeitos positivos na saúde. Contudo, a ausência de políticas públicas de proteção a tais iniciativas e a dificuldade de emancipação econômica no competitivo mercado neoliberal se apresentam como uma dificuldade.
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