Trabalho, desenvolvimento do poder de agir e promoção da saúde

O caso de uma cooperativa de motofretistas

Autores

  • Carolina Ferrari Capistrano de Mesquita ENSP FIOCRUZ
  • Cirlene de Souza Christo Departamento de Psicologia Social do Instituto de Psicologia da UFRJ
  • Letícia Pessoa Masson Centro de Estudos em Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana/ENSP/Fiocruz

Palavras-chave:

Ergologia, Cooperativismo, Trabalho por plataformas digitais, Poder de agir, Saúde

Resumo

Neste artigo buscou-se investigar o modo de gerenciamento e organização do trabalho adotado em uma cooperativa de motofretistas visando traçar diferenças entre ele e o adotado por plataformas digitais, com ênfase nas implicações à saúde dos trabalhadores. A partir das contribuições teórico-metodológicas da Ergologia e da Clínica da Atividade analisaram-se materiais empíricos obtidos em pesquisa de iniciação cientifica realizada com apoio da FAPERJ. A partir do levantamento e análise de documentos, registros de Encontros sobre o Trabalho e de entrevistas com membros da cooperativa, pode-se apontar que a definição de jornadas de trabalho, critérios de remuneração e um retorno ao gerenciamento humano possibilita uma maior autonomia e controle sobre o próprio trabalho, tendo efeitos positivos na saúde. Contudo, a ausência de políticas públicas de proteção a tais iniciativas e a dificuldade de emancipação econômica no competitivo mercado neoliberal se apresentam como uma dificuldade. 

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Publicado

2025-01-28

Como Citar

Trabalho, desenvolvimento do poder de agir e promoção da saúde: O caso de uma cooperativa de motofretistas. (2025). Ciência & Tecnologia Social, 5(1), 48-82. https://periodicostestes.bce.unb.br/index.php/cts/article/view/52147