No fundo do canto: Memória, mentalidade e distopia em Odete Semedo
DOI :
https://doi.org/10.26512/cerrados.v32i61.45818Mots-clés :
Memória, Mentalidade, Residualidade, Distopia, Literatura guineense.Résumé
O presente estudo busca na poesia guineense em língua portuguesa uma reflexão acerca dos recentes problemas pelos quais o país tem passado e analisa de que forma tais conflitos, literariamente tecidos através da memória, têm moldado a identidade nacional do guineense levando-o a um cenário de distopias. O recurso da mentalidade como elemento de residualidade aqui empregado, nos direciona ao pensamento de épocas distintas, identificando e analisando neste percurso as transformações no modo de pensar e agir dos indivíduos deste país africano. Para isso utilizaremos o constructo poético No fundo do canto (2007), de Odete Semedo, obra que desnuda conflitos importantes da história recente da Guiné-Bissau. O espírito da sociedade e o que resta de cultura é recriado e cristalizado no “canto” semediano. A análise ilustra a partir da investigação as características das múltiplas representações da guinendade: sentimento de pertencimento à nação que ainda vivencia as amarras coloniais pelas políticas de estado. A realização deste trabalho propõe a interação entre a obra de Odete Semedo e alguns pensamentos de estudiosos e teóricos como: Roberto Pontes (2006), Georges Duby (1993), Maurice Halbwachs (1968), Franz Fanon (2008), Benedict Anderson (1989), Moema Parente Augel (2005) e outros estudiosos visitados no percurso da produção.
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