A performance poética do discurso filosófico

Autores

  • Cesar de Alencar Universidade Federal do Amapá – Santana – AP – Brasil / Universidade Federal do Pará – Belém – PA – Brasil

DOI:

https://doi.org/10.14195/1984-249X_34_16

Palavras-chave:

Discurso, Performance, Atos de Fala, Platão

Resumo

A partir do horizonte de uma pesquisa mais ampla acerca do que há de próprio ao discurso filosófico, pretende-se demonstrar, neste trabalho, a necessária condição performática da filosofia em sua origem. Toma-se aqui o conceito de ‘performance’ para estabelecer uma aproximação entre a poética dos aedos gregos, estudada na primeira parte, e a matriz da investigação filosófica, iniciada por J. L. Austin, sobre os enunciados performáticos, entendidos como decisivos para a compreensão das situações de fala, e sobretudo dos enunciados declarativos que neles se comunicam. Desde o enfoque dessa aproximação, o Diálogo de Platão assume, pela dramatização da fala originária de Sócrates, ao mesmo tempo a indicação da necessária preocupação filosófica com situações de fala (apropriada a toda verdadeira reflexão sobre o que enunciados efetivamente dizem) e a condição de que a reflexão filosófica, ela mesma, acontece em razão da poética do ato de dizer a verdade entendida como efeito purgativo do exame de si. Em outras palavras, o discurso filosófico precisa ser concebido, desde o paradigma do Diálogo platônico, enquanto capaz de realizar a performance do exame de si como um trabalho de reflexão sobre atos e seus contextos de fala, cujo interesse ético-político e educativo se faz finalidade última de toda análise.

Referências

ALENCAR, M. (2021). A filosofia de Sócrates: o cuidado de si como exercício da excelência São Paulo, Pimenta Cultural.

AUSTIN, J. L. (1990). Quando dizer é fazer Trad. Danilo Marcondes. Porto Alegre, Artes Médicas.

BENSON, H. (2002). Problems with Socratic Method. In: SCOTT, G. A. (ed). Does Socrates have a method? Rethinking the elenchus Pennsylvania, The Pennsylvania State University Press, p. 101-113.

BRANDÃO, J. L. (2015). Antiga Musa: Arqueologia da ficção 2ª ed. Belo Horizonte, Relicário.

BURNET, J. (ed.) (1903) Plato. Platonis Opera Oxford University Press.

BURNYEAT, M. (1997). First Words: A valedictory lecture. Proceedings of the Cambridge Philological Society, 43, p. 1-20.

BUTLER, J. (2021). Discurso de ódio: uma política do performativo Trad. Roberta Viscardi. São Paulo, Unesp.

COLLI, G. (1998). O nascimento da filosofia Campinas, Editora da Unicamp.

CORNFORD, F. M. (1952). Principium Sapientia: The origins of greek philosophical thought Cambridge, Cambridge University Press.

DETIENNE, M. (2013). Mestres da verdade na Grécia Arcaica Trad. Ivone Benedetti. São Paulo, Martins Fontes.

DIOGENES LAERTIUS. Lives of Eminent Philosophers HICKS, R. D. (1972) (ed). Disponível em: Disponível em: http://www.perseus.tufts.edu/hopper/collection?collection=Perseus:collection:Greco-Roman Acessado em 14/04/2024.

» http://www.perseus.tufts.edu/hopper/collection?collection=Perseus:collection:Greco-Roman

FOUCAULT, M. (2013). A verdade e as formas jurídicas Trad. Eduardo Jardim e Roberto Machado. 4ªed. Rio De Janeiro, Nau & PUC-Rio.

FREGE G. (2009). Lógica e Filosofia da Linguagem Seleção, introdução, tradução e notas de Paulo Alcoforado. 2ªed. São Paulo, Unesp .

GIANNANTONI, G. (2005). Diálogo socrático e nascita della dialettica nella filosofia di Platone Edição póstuma por Bruno Centrone. Nápoles, Bibliopolis.

GONZALEZ, F. J. (ed.) (1995). The Third Way: New Directions in Platonic Studies Boston, Rowman & Littlefield Publishers, Inc.

LOPES, D. R. (org.) (2022). Platão. Eutífron, Apologia de Sócrates e Críton Introdução e notas de Daniel Lopes. Trad. Daniel Lopes e Francisco Barros (Eutífron). São Paulo, Perspectiva.

MILLER, A. (2010). Filosofia da Linguagem Trad. Evandro Gomes e Christian Maillard. São Paulo, Paulus.

NIETZSCHE, F. (2020). Introdução ao estudo dos diálogos de Platão Trad. Marcos Sinésio e Francisco Moraes. São Paulo, Martins Fontes .

NUNES, C. A. (2011). Platão. Fedro (tradução e introdução). 3ªed. Belém, EDUFPA.

PEREIRA, M. H. R. (2007). Platão. República (tradução, introdução e notas). 10ª ed. Lisboa, Calouste Gulbenkian.

PINHEIRO, P. (2015). Aristóteles. Poética (tradução, introdução e notas). São Paulo, Editora 34.

RIBEIRO JR. W. (ed.) (2010). Hinos homéricos (tradução, notas e estudo). São Paulo, Ed. UNESP.

RICOEUR, P. (1976). Interpretation Theory: Discourse and the surplus of meaning Texas, Christian University Press.

ROSSETTI, L. (2015). O diálogo socrático Trad. Janaína Mafra. São Paulo, Paulus.

STEGMÜLLER, W. (2012). A Filosofia Contemporânea: Introdução Crítica. 2ªed. Trad. Adaury Fiorotti et. al Rio de Janeiro, Forense Universitária.

TORRANO, J. A. A. (1995). Hesíodo. Teogonia (tradução, introdução e notas). São Paulo, Iluminuras.

VLASTOS, G. (1993). Socratic Studies Cambridge, Cambridge University Press .

VOEGELIN, E. (2009). Ordem e História Vol. 2. Trad. Luciana Pudenzi, São Paulo, Loyola.

Downloads

Publicado

2024-10-07

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

A performance poética do discurso filosófico. (2024). Archai Journal, 34, e03416. https://doi.org/10.14195/1984-249X_34_16