Plotino e o problema da mistura
Palavras-chave:
Plotino, Alexandre de Afrodísias, Porfírio, Estóicos, MisturaResumo
A mistura era um tema bastante debatido na filosofia grega antiga e Plotino, provavelmente sob a influência de Alexandre de Afrodísias, não permaneceu indiferente a esse problema. Ele chegou a dedicar-lhe um tratado inteiro, Enéadas II 7, no qual compara as teorias dos Peripatéticos e dos Estóicos acerca da mistura e, sem escolher entre elas, tenta fornecer uma nova solução para o problema transferindo-o do domínio da física para o da metafísica: não importa como os ingredientes se relacionam no corpo misturado porque qualquer corpo ultimamente deriva sua forma de princípio superior incorpóreo, e não de seus constituintes físicos. Plotino também recorreu à mistura em uma demonstração da natureza incorpórea da alma: se nós supusermos que a alma é corpórea, então ela deveria necessariamente estar misturada ao corpo, mas, se nenhum esquema de mistura é capaz de dar conta da união entre os dois, então nós deveríamos revisar nossa hipótese e concluir que a alma não é corpórea. Paradoxalmente, esse argumento negativo, ao dizer que a alma não pode estar misturada se ela é um corpo, sugere que, uma vez que de fato ela não é um corpo, ela pode estar misturada ao corpo de um modo bastante especial, que é perpassando-o completamente, do mesmo modo como os Estóicos argumentavam que os corpos perpassavam completamente uns aos outros quando se misturam. Assim, Plotino tentou ao mesmo tempo colocar um fim à s infindáveis controvérsias acerca do tema físico da mistura e calçou o caminho para o uso de esquemas de mistura fora da física para entes incorpóreos, tais como a alma, um movimento que foi feito mais explicitamente por Porfírio e que se tornou imensamente influente no uso do conceito de mistura na metafísica neoplatônica tardia.
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