NA GAIOLA DO PUNITIVISMO: AS MULHERES FAMILIARES DE PRESOS EM CENA
DOI:
https://doi.org/10.26512/ser_social.v27i57.57640Palavras-chave:
Gênero, sistema prisional, Família, PunitivismoResumo
O punitivismo no Brasil perfaz caminhos que vem desde a época da colonização, com processos que se adequam ao tempo, mas não ao sofrimento humano. Pessoas pobres, pretas e periféricas sentem primeiro diante de um cenário desafiador em que se fomenta um Estado Penal em detrimento do Social. O Brasil está entre os países com maior população carcerária, o que demanda políticas públicas tanto para os reclusos do sistema prisional, como para familiares. A metodologia envolveu pesquisa qualitativa com a participação de 11 mulheres familiares de internos ou egressos do sistema prisional, as quais participam de um movimento denominado como “Frente pelo Desencarceramento” na cidade de Manaus. O estudo buscou ponderar de que forma o punitivismo se espraia para além dos muros do sistema prisional e atinge também familiares de presos, sobretudo, as mulheres que são mães, esposas e irmãs. Os resultados apontaram que a prisão também pune mulheres com o sofrimento psíquico, além das violações de direitos humanos que as acomete no cenário das visitas ao sistema e as persegue no decorrer da vida cotidiana.
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