As práticas informacionais dos profissionais de software em seus contextos culturais: uma abordagem fenomenológica e hermenêutica
DOI:
https://doi.org/10.26512/rici.v13.n3.2020.23872Palavras-chave:
comportamento informacional., estudo de usuários, Fenomenologia, Hermenêutica, desenvolvimento de software, cultura organizacionalResumo
Os desenvolvedores de softwares utilizam informação e conhecimento para criar, alterar e corrigir códigos-fonte de programação. Os modos coletivos de lidar com a informação, a cultura informacional, estão imbrincados na cultura organizacional. Embora a cultura organizacional seja peculiar a cada empresa, ela sofre influências de perspectivas partilhadas em uma profissão e em um nicho de mercado, a cultura profissional. As práticas informacionais tratam da interligação de fatores subjetivos e coletivos na relação dos sujeitos com a informação e o conhecimento. Objetiva-se analisar as práticas informacionais dos desenvolvedores de software na intersecção das culturas profissional, organizacional e informacional, distinguindo os valores informacionais próprios de cada empresa e os pertencentes à cultura profissional. Objetiva-se ainda identificar os valores adequados à eficácia do trabalho e problemas neste respeito. Como procedimentos metodológicos, utiliza-se o estudo de casos múltiplos, por meio de entrevistas com gestores e programadores de duas empresas. Para análise e interpretação dos dados utiliza-se a análise de conteúdo categorial e a fenomenologia hermenêutica de Paul Ricoeur, elucidando aspectos coletivos subjacentes no discurso individual. Como resultados, os elementos culturais em comum entre as organizações enfatizam a socialização informal de informações e conhecimentos, havendo dificuldade em registrá-los na documentação de software, primazia da Internet como fonte informacional, dentre outros aspectos. Recomenda-se aos gestores conscientizarem os colaboradores da importância do registro de informações, da utilização de fontes confiáveis, e que estabeleçam políticas de incentivo à interação pessoal, para o compartilhamento de informação.
Referências
ABRAMOV, R. N. The professional culture of Russian engineering and technical specialists. Sociological Research, v. 56, n. 6, p. 418”“430, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1080/10610154.2017.1407598 Acesso em: 25 jan. 2019.
AHMED, T.; SRIVASTAVA, A. Understanding and evaluating the behavior of technical users. A study of developer interaction at Stack Overflow. Human-Centric Computing and Information Sciences, Taiwan, v. 7, n. 8, p. 1-18, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.1186/s13673-017-0091-8 Acesso em: 25 jan. 2019.
ALMEIDA JÚNIOR, O. F. Mediação da informação: um conceito atualizado. In: BORTOLIN, S.; SANTOS NETO, J. A.; SILVA, R. S. (Org.). Mediação oral da informação e da leitura. Londrina: ABECIN, 2015. p. 9- 32.
AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION. APA Dictionary of Psychology. [S. l.]: APA, 2018. Disponível em: https://dictionary.apa.org/motivation Acesso em: 14 jun. 2019.
ARAÚJO, C. A. A. O que são “práticas informacionais”? Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, p. 217- 236, out. 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.32810/2525-3468.ip.v2i0.2017.20655 Acesso em: 25 jan. 2019.
ASGARI, F.; JAFARI, M.; RAMAZANI, A. Investigating the relationship between organizational factors of stress and delay of software projects in a large knowledge based company. Independent Journal of Management & Production, v. 8, n.1, p. 15-33, Jan./Mar. 2017. Disponível em: https://doi.org/10.14807/ijmp.v8i1.487 Acesso em: 25 jan. 2019.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE SOFTWARE. Mercado Brasileiro de Software: panorama e tendências, 2019. São Paulo: ABES, 2019. Disponível em: http://central.abessoftware.com.br/Content/UploadedFiles/Arquivos/Dados%202011/ABES-EstudoMercadoBrasileirodeSoftware2019.pdf Acesso em: 01 fev. 2020.
ASSOCIAÇÃO DE EMPRESAS DE SERVIÇOS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Quem somos. Marília: 2020. Disponível em: http://asserti.org/pages/asserti.aspx Acesso em: 1 fev. 2020.
ASSOCIAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA EXCELÊNCIA DO SOFTWARE BRASILEIRO. Apoio, execução e fomento à s políticas públicas para o setor de TIC. Brasília: SOFTEX, 2018. Disponível em: https://softex.br/booksoftex/ Acesso em: 1 fev. 2020.
BALLE, A. R. et al. How do knowledge cycles happen in software development methodologies? Industrial and Commercial Training, v. 50, n. 7, p. 380- 392, 2018. Acesso em: 24 jan. 2019. Disponível em: https://doi.org/10.1108/ICT-04-2018-0037
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 3. ed. Lisboa: Edições 70, 2004.
BIEMEL, W.; SPIEGELBERG, H. Phenomenology. In: Britannica Academic. [S.l]: Encyclopædia Britannica, 2008. Disponível em: https://academic.eb.com/levels/collegiate/article/phenomenology/108681 Acesso em: 18 jun. 2019.
BLANCO-ILARI, J. I. La fenomenología hermenéutica de la persona según Paul Ricoeur. Revista de Filosofía y Teoría Política, v. 36, p. 29-52, 2005. Disponível em: http://sedici.unlp.edu.ar/bitstream/handle/10915/12548/Documento_completo.pdf?sequence=1&isAllowed=y Acesso em: 25 jan. 2019.
BRAIDA, C. R. Apresentação. In: SCHLEIERMACHER, F. Hermenêutica: arte e técnica da interpretação. Petropolis: Vozes, 1999. p. 7-22.
BUDD, J. M. Phenomenology and information studies. Journal of Documentation, v. 61, n.1, p. 44-59, 2005. Disponível em: https://doi.org/10.1108/00220410510578005 Acesso em: 25 jan. 2019.
CALEFATO, F.; LANUBILE, F.; NOVIELLI, N. How to ask for technical help? Evidence-based guidelines for writing questions on Stack Overflow. Information and Software Technology, v. 94, p. 186-207, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.infsof.2017.10.009 Acesso em: 25 jan. 2019.
CAPURRO, R. Epistemología y ciencia de la información. Enl@ce, Maracaibo, v. 4, n. 1, p. 11-29, jan./abr. 2007. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=82340102 Acesso em: 29 jan. 2018.
DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Ecologia da informação: porque só a tecnologia não basta para o sucesso na era da informação. São Paulo: Futura, 1998.
DUARTE, A. B. S.; ARAÚJO, C. A. A.; PAULA, C. P. A. Práticas informacionais: desafios teóricos e empíricos de pesquisa. Informação em Pauta, Fortaleza, v. 2, p. 111-135, out. 2017. Disponível em: http://dx.doi.org/10.32810/2525-3468.ip.v2i0.2017.20650 Acesso em: 25 jan. 2019.
GARÇA. PREFEITURA MUNICIPAL. Secretaria Municipal de Informação e Comunicação. O município. Garça: 2018. Disponível em: https://www.garca.sp.gov.br/cidade Acesso em: 7 abr. 2018.
GRIFFIN, R. W.; MOORHEAD, G. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Ática, 2006.
HANSEN, P.; WIDÉN, G. The embeddedness of collaborative information seeking in information culture. Journal of Information Science, v. 43, n. 4, p. 554-566, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1177/0165551516651544 Acesso em: 25 jan. 2019.
HOLLIFIELD, A. C.; KOSICKI, G. M.; BECKER, L. B. Organizational vs. professional culture in the newsroom: television news directors' and newspaper editors' hiring decisions. Journal of Broadcasting & Electronic Media, v. 45, n.1, p. 92-117, 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1207/s15506878jobem4501_7 Acesso em: 25 jan. 2019.
HOFSTEDE, G. J.; PEDERSEN, P. B.; HOFSTEDE, G. Exploring culture: exercises, stories and synthetic cultures. Boston: Intercultural Press, 2002.
HUFF, R. Organizational culture. In: Britannica Academic. [S.l.]: Encyclopaedia Britannica, 2014. Disponível em: https://academic-eb-britannica.ez87.periodicos.capes.gov.br/levels/collegiate/article/organizational-culture/600993 Acesso em: 14 jun. 2019.
KARAHANNA, E.; EVARISTO, J. R.; STRITE, M. Levels of culture and individual behavior: an integrative perspective. Journal of Global Information Management, v. 13, n. 2, p. 1-20, 2005. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/269557801_Levels_of_Culture_and_Individual_Behavior_An_Integrative_Perspective Acesso em: 16 maio 2020.
KORIAT, N.; GELBARD, R. Knowledge sharing motivation among external and internal IT workers. Journal of Information & Knowledge Management, v. 17, n. 3, p. 1-24, 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1142/S0219649218500260 Acesso em: 20 jan. 2019.
MARCHAND, D. A.; KETTINGER, W. J.; ROLLINS, J. D. Information orientation: The link to business performance. Oxford: Oxford University Press, 2001.
MANTZAVINOS, C., Hermeneutics. In: The Stanford Encyclopedia of Philosophy. Stanford (CA), Stanford University, 2016. Disponível em: https://plato.stanford.edu/archives/win2016/entries/hermeneutics/ Acesso em: 18 jun. 2019.
MORAES, L. B.; BARBOSA, R. R. Cultura informacional: uma proposta de modelo com foco organizacional. Informação & Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 25, n. 3, p. 131- 146, set./dez. 2015. Disponível em: http://www.periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/ies/article/view/21904/14533 Acesso em: 25 jan. 2019.
PAUL RICOEUR. In: Britannica Academic. [S.l.]: Encyclopædia Britannica, 2005. Disponível em: academic.eb.com/levels/collegiate/article/Paul-Ricoeur/63622 Acesso em: 17 jun. 2019.
PETERS, J. F.; PEDRYCZ, W. Engenharia de software. Rio de Janeiro: Campus, 2001.
PFLEEGER, S. L. Engenharia de software: teoria e prática. 2. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
RENDÓN-ROJAS, M. A.; HERNÁNDEZ-SALAZAR, P. Sense”“making: ¿metateoría, metodología o heurística? Investigación Bibliotecológica, v. 24, n. 50, p. 61- 81, 2010. Disponível em: http://www.scielo.org.mx/pdf/ib/v24n50/v24n50a5.pdf Acesso em: 25 jan. 2019.
SARACEVIC, T. Information Science. Journal of the American Society for Information Science, v. 50, n.12, p. 1051”“1063, out. 1999. Disponível em: http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/(SICI)1097-4571(1999)50:12%3C1051::AID-ASI2%3E3.0.CO;2-Z/epdf Acesso em: 17 nov. 2017.
SCHEIN, E. H. Guia de sobrevivência da cultura corporativa. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olímpio, 2007.
SHROPSHIRE, J.; KADLEC, C. I’m leaving it field: The impact of stress, job insecurity, and burnout on it professionals. International Journal of Information and Communication Technology Research, v. 2, n. 1, p. 6-16, jan. 2012. Disponível em: https://pdfs.semanticscholar.org/884d/a2e769ad032dd5fe35b2aa08212336dba802.pdf Acesso em: 25 jan. 2019.
SIEGRIST, Hannes. Professions and Professionalization, History of. In: International Encyclopedia of the Social & Behavioral Sciences. 2. ed. [S. l.]: Elsevier, 2015. v. 19. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/B978-0-08-097086-8.62020-2 Acesso em: 30 out. 2019.
SOMMERVILLE, I. Engenharia de software. 8. ed. São Paulo: Pearson Education, 2007.
SOUZA, L. P. P. O comportamento informacional dos desenvolvedores de software no contexto da cultura organizacional enfatizando o compartilhamento e reuso de informações. 2019. 287 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) ”“ Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2019. 287 p.
SOUZA, L. P. P.; MORAES, C. R. B. Influência do clima organizacional para o compartilhamento de conhecimento tácito no desenvolvimento de software. In: Encontro sobre Ciência, Tecnologia e Gestão da Informação, 8., 2018, Recife. Anais... Recife: Universidade Federal de Pernambuco, 2018. p. 132- 144. Disponível em: https://drive.google.com/file/d/1WQTT6UhgGXQM5eNxIeLljuCTfEIwtzG7/view Acesso em: 31 mar. 2019.
STENIUS, M. et al. Why share expertise? A closer look at the quality of motivation to share or withhold knowledge. Journal of Knowledge management, v. 20, n. 2, p. 181-198, 2016. Disponível em: https://doi.org/10.1108/JKM-03-2015-0124 Acesso em: 25 jan. 2019.
TAKEUCHI, H.; NONAKA, I. Gestão do conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008.
TERRA, M. G. et al. Fenomenologia-hermenêutica de Paul Ricoeur como referencial metodológico numa pesquisa de ensino em enfermagem. Acta Paulista de Enfermagem, v. 22, n. 1, p. 93-99, 2009. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0103-21002009000100016 Acesso em: 25 jan. 2019.
TERRETT, A. Knowledge Management and the Law Firm. Journal of Knowledge Management; v. 2, n. 1, p. 67-76, 1998. Disponível em: https://doi.org/10.1108/EUM0000000004608 Acesso em: 28 jul. 2019.
TERTO, A. L. de V.; Duarte, A. B. S. A prática informacional dos usuários de um sistema de informação a partir de uma perspectiva compreensiva. Biblios, n. 54, p. 51-70, 2014. Disponível em: https://doi.org/10.5195/biblios.2014.140 Acesso em: 25 jan. 2019.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA. Tipos de revisão de literatura. Botucatu: UNESP, 2015. Disponível em: https://www.fca.unesp.br/Home/Biblioteca/tipos-de-evisao-de-literatura Acesso em: 16 maio 2020.
VALENTIM, M. L. P. Ambientes e fluxos de informação em contextos empresariais: o caso do setor cárnico de Salamanca/Espanha. Brazilian Journal of Information Science, v. 7, n. Especial, p. 299-323, 2013. Disponível em: http://www2.marilia.unesp.br/revistas/index.php/bjis/article/view/3130/2475 Acesso em: 18 maio 2020.
VALENTIM, M. L. P. Comportamento informacional por empresas competitivas. In: CASARIN, H. C. S. (Org.). Estudos de usuário da informação. Brasília: Thesaurus, 2014. p. 165-182.
WOIDA, L. M.; VALENTIM, M. L. P. Cultura organizacional/cultura informacional: a base do processo de inteligência competitiva organizacional. In: VALENTIM, M. L. P. (Org.). Informação, conhecimento e inteligência organizacional. Marília: FUNDEPE Editora, 2006.
YIN, R. K. Case study research: design and methods. 4. ed. Thousand Oaks (CA): SAGE, 2009.
ZHI, J. Cost, benefits and quality of software development documentation: A systematic mapping. The Journal of Systems and Software, v. 99, p. 175-198, 2015. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1016/j.jss.2014.09.042 Acesso em: 25 jan. 2019.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Leonardo Pereira Pinheiro de Souza, Cássia Regina Bassan de Moraes, Marta Lígia Pomim Valentim

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Notas de direitos autorais
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos: Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License 4.0, permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: distribuir em repositório institucional ou publicar como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista. Autores têm permissão e são estimulados a distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.