ÁGUA PARA QUEM? ÁGUA PARA QUÊ? CONFLITOS POR ÁGUA NOS ASSENTAMENTOS DA REFORMA ÁGRARIA EM ÁREAS DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA

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Carla Gualdani
Fernando Luiz Araújo Sobrinho

Resumo

A água, elemento essencial à vida, é foco de conflitos intensos, especialmente em regiões onde a agricultura intensiva avança sobre assentamentos rurais, como no Noroeste de Minas Gerais. A Revolução Verde introduziu um modelo agrícola que prioriza monoculturas e exige grandes quantidades de água e de terra, resultando em concentração de recursos em grandes propriedades. Esse modelo, amparado por políticas públicas e voltado para o mercado internacional, amplifica desigualdades no acesso aos recursos naturais, impactando comunidades rurais e camponeses. A partir de trabalhos de campo e entrevistas com atores locais, foi constatado que o acesso à água nessas áreas, não é permanente nem suficiente para o atendimento das necessidades básicas das famílias assentadas. A carência hídrica força os assentados à sujeição de práticas e trocas desiguais e desvantajosas, como arrendamentos ou parcerias agrícolas, comprometendo sua autonomia e deixando-os vulneráveis. A irrigação intensiva, frequentemente realizada sem regulamentação adequada, agrava ainda mais os conflitos pelo recurso, ameaçando a segurança hídrica das populações locais. Organizados em movimentos sociais, esses grupos lutam por direitos de acesso à terra e à água, bem como por uma redistribuição de recursos e por melhorias na infraestrutura de saneamento. A gestão da água, portanto, configura-se como um desafio fundamental que exige a consideração tanto da disponibilidade natural quanto das dimensões política e territorial do acesso ao recurso.

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ÁGUA PARA QUEM? ÁGUA PARA QUÊ? CONFLITOS POR ÁGUA NOS ASSENTAMENTOS DA REFORMA ÁGRARIA EM ÁREAS DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA. (2025). BOLETIM DATALUTA, 18(192). https://periodicostestes.bce.unb.br/index.php/BD/article/view/56081

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