A história de vida do não lugar: reflexões sobre a transgeneridade não-binária no Candomblé
DOI:
https://doi.org/10.26512/revistacalundu.v8i2.55844Palavras-chave:
Candomblé, Transgeneridade, Não binareidadeResumo
Esse estudo busca refletir sobre a experiência de uma pessoa transgênera não-binária, como iniciada no Candomblé. Considerando que as dinâmicas de gênero, pautadas na lógica binária, foram construídas pela colonialidade, buscamos refletir sobre como essas concepções também estão presentes nas religiões afro-brasileiras e excluem corpas que não se identificam pela dicotomia homem e mulher. Para realizar essa reflexão, utilizou-se o método história de vida para entrevistar uma pessoa trans* não-binária, iniciada em um Candomblé de Nação Ketu. Com isso, o estudo realizou uma revisão de literatura com vistas a contextualizar a percepção presente nessa tradição sobre as identidades de gênero, para dialogar com a experiência vivida. Observou-se a necessidade de acionar a filosofia da encruzilhada como forma de criticar as percepções de gênero tradicionais, reproduzidas nos Candomblés brasileiros, uma vez que a divisão social do gênero está diretamente relacionada às ideologias coloniais e não às cosmopercepções africanas.
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