Cosmologia e escatologia: uma análise de eventos na interface do tempo e sua negação
DOI:
https://doi.org/10.26512/2358-82842024e58971Palavras-chave:
Cosmologia, Escatologia Cristã, Morte, Tempo, EternidadeResumo
O objetivo deste trabalho é analisar filosoficamente eventos que desafiam o conceito de temporalidade, por sua ocorrência significar a criação ou a eliminação do próprio tempo. Exemplos são encontrados no campo da cosmologia e da escatologia cristã, como o surgimento do universo e a morte de um indivíduo, que acontecem nos limites do primeiro e do último instante de uma série temporal, respectivamente. Trata-se de eventos que têm lugar com o tempo, e não no tempo, por seu caráter radical de irrupção ou ruptura. No caso da cosmologia, temos o surgimento do universo, de acordo com a teoria padrão do Big Bang, assim como o Argumento Cosmológico Kalam, que defende uma causa primeira para a existência do universo, baseado na impossibilidade de um regresso temporal infinito. O argumento pressupõe o começo absoluto do universo, juntamente com o tempo, através de sua criação ex nihilo por um Deus atemporal. E no caso da escatologia cristã, temos a Teoria da Ressurreição na Morte, que preconiza que a ressurreição individual ocorre imediatamente com a morte, pois esta significa a passagem para a eternidade atemporal. A teoria implica a simultaneidade de todos os eventos escatológicos – morte, ressurreição e Juízo Final –, desde a perspectiva eterna, com base na incomensurabilidade entre as dimensões do tempo e da eternidade. A natureza comum desses dois eventos singulares da cosmologia e da escatologia revela aspectos interessantes da interface entre o tempo e sua negação, que serão investigados.
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