Sistemas de classificação de severidade: análise abolicionista da categorização do animal-coisa

Autores

  • Higor Fernandes Pontifícia Universidade Católica do Paraná
  • Rita Paixão Universidade Federal Fluminense
  • Marta Fischer Pontifícia Universidade Católica do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.26512/rbb.v14i0.12439

Palavras-chave:

sistemas de classificação de severidade, abolicionismo, ética animal, experimentação animal, 3Rs.

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar os sistemas de classificação de severidade em experimentação animal, não somente em relação à efetuação dos princípios dos 3Rs, mas sobretudo a partir de uma perspectiva abolicionista. Os sistemas de classificação foram criados para implementar os princípios dos 3Rs e, consequentemente, minimizar o sofrimento dos animais na pesquisa científica. Sob a ótica abolicionista, todavia, tal tarefa se encontra eminentemente prejudicada a partir do momento em que o animal continua a ser concebido como propriedade. O que ocorre neste interim é a manutenção de uma relação assimétrica de dominação entre proprietário e propriedade, em que nunca ocorre efetivamente o balanço de interesses defendido pelo princípio da igual consideração de interesses. Para que este cenário se transforme, é imperativo construir um paradigma que assuma o animal como um sujeito, e não uma coisa.

Biografia do Autor

  • Higor Fernandes, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

    Escola de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação em Bioética da PUCPR, Curitiba, PR, Brasil.

  • Rita Paixão, Universidade Federal Fluminense

    Instituto Biomédico, Niterói, RJ, Brasil.

  • Marta Fischer, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

    Escola de Ciências da Vida, Programa de Pós-Graduação em Bioética da PUCPR, Curitiba, PR, Brasil.

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Sistemas de classificação de severidade: análise abolicionista da categorização do animal-coisa. (2018). Revista Brasileira De Bioética, 14, 1-18. https://doi.org/10.26512/rbb.v14i0.12439