ENTRE TRATADOS E INVESTIGAÇÕES

a ambiguidade das filosofias de Wittgenstein e David Hume

Autores

DOI:

https://doi.org/10.26512/pl.v11i23.43646

Palavras-chave:

Ludwig Wittgenstein. David Hume. História da filosofia.

Resumo

Poucos filósofos na história do pensamento ocidental despertaram leituras tão ambíguas e conflitantes como David Hume (1771-1776) e Ludwig Wittgenstein (1889-1951), o que pode ser observado na grande variedade dos títulos atribuídos pelos comentadores a esses dois filósofos, que já foram considerados como céticos, naturalistas, idealistas, realistas, solipsistas etc. Pretendo com o presente trabalho propor uma reflexão sobre a ambiguidade do pensamento desses dois filósofos, investigando alguns elementos contraditórios que aproximam e separam os pensamentos de Hume e Wittgenstein, demonstrando como a tentativa de classificação do pensamento dos dois conduz inevitavelmente a uma aporia diante de suas complexas naturezas. Minha hipótese consiste em argumentar que a despeito da leitura que se faça de seus trabalhos, a característica mais marcante de seus escritos reside na sua indeterminação, sendo ambas as filosofias desses pensadores à prova de qualquer um dos diversos "ismos" filosóficos que porventura lhes sejam atribuídos.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Anna Carolina Velozo Nader Temporão, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio

    Doutoranda em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO). Mestrado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO) com bolsa de fomento concedida pela FAPERJ na modalidade mestrado nota 10 e dissertação indicada ao prêmio Filósofas 2022. Bacharel em Direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ - 2010). Membro da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Rio de Janeiro. Possui interesse nas seguintes áreas: Epistemologia, Filosofia da Linguagem, Filosofia da Mente, Filosofia do Direito, Ética e História da Filosofia. <p> Web of Science Research iD: ABB-8551-2021 </p> <p> Publons : https://publons.com/researcher/4738620/anna-carolina-nader-temporao/ </p> <p> Researcher Gate: https://www.researchgate.net/profile/Anna-Temporao </p> <p> Academia: https://annatemporao.academia.edu/ </p>

Referências

ANDRONICO, Marilena. Dall’interno dello schema. per un naturalismo ontologico non riduzionista. Rivista di estetica online, Torino (Itália), v. 44, nov. /2015. DOI: https://doi.org/10.4000/estetica.1691v.

ANSCOMBE, Gertrude Elizabeth. The question of Linguistic Idealism. In: ANSCOMBE, G. E. (Org.). The Collected Philosophical Papers of G. E. M. ANSCOMBE: Volume 1 - From Parmenides to Wittgenstein. Oxford (Reino Unido): Blackwell, 1981. pp. 112-133.

BAIER, Annette. The Progress of Sentiments. Cambridge (EUA): Harvard University Press, 1991.

BAXTER, Donald. A Pyrrhonian Interpretation of Hume on Assent. In: MACHUCA, D. E.; REED, B. (Ed.). Skepticism from antiquity to the present. Londres (Reino Unido): Bloomsbury Publishing Plc, 2018. versão em epub. pp. 380-394.

BITTENCOURT SANTOS, R. . SE HÁ UM EQUÍVOCO NO CETICISMO ATRIBUÍDO A HUME. PÓLEMOS – Revista de Estudantes de Filosofia da Universidade de Brasília, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 146–158, 2012. DOI: https://doi.org/10.26512/pl.v1i1.11488.

BLOOR, David. The question of linguistic idealism revisited. In: SLUGA, H. D.; STERN, D. G. (Ed.). The Cambridge Companion to Wittgenstein. New York: Cambridge University Press, 1996. p. 354-382.

CAMPELO, Wendel de Holanda Pereira. Naturalismo, ceticismo e empirismo em David Hume: seus compromissos epistêmicos para além do fundacionalismo. Princípios: Revista de Filosofia, Natal, v. 21, n. 36, p. 63-88, jun./2015. Disponível em: https://periodicos.ufrn.br/principios/article/view/6818. Acesso em: 28 junho 2021.

CAPALDI, Nicholas. David Hume: The Newtonian Philosopher. Boston (EUA): G. H. Hall & Co., 1975.

DESCARTES, R. Princípios da Filosofia. Tradução João Gama. Lisboa (Portugal): Edições 70, 1997. Título original: Principes de la Philosophie.

DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. Tradução Edson Bini. Rio de Janeiro: Edipro, 2016. Título original: Méditations Métaphysiques.

DE MORAES SILVA, L. H. A "POLÍTICA DO CETICISMO" DE HUME E SEU SUPOSTO "CONSERVADORISMO": ponderações sobre o caráter da filosofia política humeana. PÓLEMOS – Revista de Estudantes de Filosofia da Universidade de Brasília, [S. l.], v. 8, n. 16, p. 37–55, 2019. DOI: https://doi.org/10.26512/pl.v8i16.23732.

DE SOUSA, Carlos Eduardo Batista. Compreensão e regras na obra tardia de Wittgenstein. Revista Dissertatio de Filosofia, Pelotas, v. 50, p. 151-176, 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpel.edu.br/ojs2/index.php/dissertatio/article/view/14941. Acesso em: 28 jun. 2021.

EMPIRICO, Sexto. Hipotiposes Pirrônicas Livro I (tradução de Danilo Marcondes). O que nos faz pensar, [S.l.], v. 9, n. 12, p. 115-122, 1997. ISSN 0104-6675. Disponível em: http://www.oquenosfazpensar.fil.puc-rio.br/index.php/oqnfp/article/view/130. Acesso em: 29 dec. 2021.

FARIAS, Cleber. Da Conexão Necessária à crença epistemológica: Fundamentos da causalidade em David Hume. Investigação Filosófica, Macapá, Edição Especial do I Encontro Investigação Filosófica, p. 38-52, 2015. Disponível em: https://periodicos.unifap.br/index.php/investigacaofilosofica/article/view/4902. Acesso em: 28 jun. 2021.

FOGELIN, Robert. Pyrrhonian Reflections on Knowledge and Justificação. Oxford (Reino Unido): Oxford University Press, 1994.

FOGELIN, Robert. A tendência do ceticismo de Hume. Tradução de Plínio Junqueira Smith, Sképsis, Ano I, n. 1, p. 99-118, 2007. Disponível em: http://philosophicalskepticism.org/wp-content/uploads/2014/05/5a_tendencia_do_ceticismo.pdf. Acesso em: 28 de jun. de 2021.

GARRETT, Don. Cognition and Commitment in Hume's Philosophy. New York (EUA): Oxford University Press, 1997.

GARRETT, Don. Difficult times for Humean identity? Reviewed Work: Hume Difficulty: Time and Identity in the Treatise by Donald Baxter. Philosophical Studies: An International Journal for Philosophy in the Analytic Tradition, v. 146, n. 3, p. 435-443, set./2009. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/40542382. Acesso em: 28 jun. 2021.

GEBAUER, Gunter. Wittgenstein's Anthropological Philosophy. History of Analytic Philosophy. Translated by Deborah Anne Bowen. Cham (Suiça): Palgrave Macmillan, 2017. Título original: Wittgensteins anthropologisches Denken.

GIOCANTI, Sylvia. Scepticisme et Inquiétude. Paris (França): Hermano Éditeurs, 2019.

HANFLING, Oswald. Hume and Wittgenstein. Royal Institute of Philosophy Supplements, Cambridge (RU), v. 9, p. 47-65, Março / 1975. DOI: https://doi.org/10.1017/S0080443600000984.

HUME, D. The Life of David Hume Written by Himself. Londres (Reino Unido): W. Strahan e T. Cadell in the Strand, 1777.

HUME, D. Investigações sobre o entendimento humano e sobre os princípios da moral. Tradução José Oscar de Almeida Marques. São Paulo: Editora Unesp, 2004. Título original: Enquiries Concerning Human Undestanding and Concerning the Principles of Morals.

HUME, D. Tratado sobre a natureza humana: Uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais. Tradução Deborah Danowski. 2a ed. São Paulo: Editora UNESP, 2009. Título original: A treatise of human nature.

JUNQUEIRA SMITH, Plínio. O Ceticismo de Hume. São Paulo: Loyola, 1995.

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 9a ed. Lisboa (Portugal): Fundação Calouste Gulbenkian, 2018. Título original: Kritik der Reinen Vernunft.

KREMPEL, Raquel. A. Porque Wittgenstein não refuta o ceticismo. Discurso, São Paulo, v. 49, n. 2, p. 233–252, dez./2019. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2019.165484.

KRIPKE, Saul. Wittgenstein on rules and private language: an elementary exposition. Cambridge (EUA): Harvard University Press, 1982.

MANNISON, D. Hume and Wittgenstein: Criteria vs. Skepticism. Hume Studies, vol. 13, n. 2, pp. 138-165, nov./1987. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/389739. Acesso em: 28 jun. 2021.

MARCONDES, Danilo. Textos básicos de linguagem: de Platão a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2010.

MARCONDES, Danilo. As armadilhas da linguagem: significado e ação para além do discurso. Rio de Janeiro: Zahar, 2017.

McCORMICK, Miriam. Hume, Wittgenstein, and the impact of skepticism. History of Philosophy Quarterly, Illinois (EUA), v. 21, n. 4, p. 417-434, out./2004. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/27745004. Acesso em: 28 jun. 2021.

McGINN, Marie. Wittgenstein and Naturalism. In: CARO, M.; MacARTHUR, D. (Ed.). Naturalism and Normativity, New York: Columbia University Press, 2010. pp. 322-351.

MONTEIRO, João Paulo Gomes. Vida e Obra. In: Hume. Coleção Os Pensadores. vol. XXIII. São Paulo: Nova Cultural editora, 2004. pp. 5-12.

NORTON, David Fate. David Hume: Common Sense Moralist, Sceptical Metaphysician. Princeton (EUA): Princeton University Press, 1982.

NOZICK, Robert. Philosophical Explanations. Cambridge (EUA): Harvard University Press, 1981.

PEARS, David. Wittgenstein’s Naturalism. The Monist, Oxford (RU), Vol. 78, n. 4, p. 411–424, out./1995. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/27903448. Acesso em: 28 jun. 2021.

POPKIN, Richard. David Hume: His Pyrrhonism and His Critique of Pyrrhonism. The Philosophical Quarterly, vol. 1, n. 5, p. 385-407, out./1951. DOI: https://doi.org/10.2307/2216311.

POPKIN, Richard. The history of scepticism: from Savonarola to Bayle. New York (EUA): Oxford University Press. 2003.

PRITCHARD, Duncan. Wittgensteinian Pyrrhonism. In: MACHUCA, D. E. (Ed.). Pyrrhonism in Ancient, Modern, and Contemporary Philosophy. New York: Springer, 2012. pp. 193-202.

RICHARDS, Glyn. Conceptions of the Self in Wittgenstein, Hume, and Buddhism. The Monist, Oxford (RU), v. 61, n. 1, p. 42–55, jan./1978. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/27902511. Acesso em: 28 jun. 2021.

SALGADINHO FERREIRA, Carlota. O não realismo cético de David Hume. DoisPontos, Curitiba, v. 16, n. 3, p. 1-14 nov./2019. DOI: http://dx.doi.org/10.5380/dp.v16i3.65375.

SALGADINHO FERREIRA, Carlota. O quasi-realismo cético de David Hume. 2020. 372 p. Tese (Doutorado em Filosofia) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2020.

SCHWARTZ, Stephen. Uma breve história da filosofia analítica: De Russell a Rawls. Tradução Milton C. Mota. São Paulo: Edições Loyola, 2017. Título original: A brief history of analytic philosophy.

SMITH, Benedict. Wittgenstein, Hume, and Naturalism. In: CAHILL, K. M.; RALEIGHT, T. (Ed.). Wittgenstein and Naturalism. New York: Routledge, 2018. pp. 482-515.

SMITH, Norman Kemp. The Naturalism of Hume. Mind, Oxford (RU), vol. 14, n. 54, p. 149-173, abril/1905. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2248033. Acesso em: 28 jun. 2021.

SNOWDON, Paul F. Wittgenstein and Naturalism. In: CAHILL, K. M.; RALEIGHT, T. (Ed.). Wittgenstein and Naturalism. New York: Routledge, 2018. pp. 38-74.

SOUZA, Donizete Aparecido Pugin. Hume entre o Ceticismo e o Naturalismo. Kínesis, Marilha, v. 5, n. 09, p. 62-77, julho/2013. DOI: https://doi.org/10.36311/1984-8900.2013.v5n09.4499.

STADLER, Friedrich. Wittgenstein and the Vienna Circle: Thought Style and Thought Collective. In: STADLER, F. (Ed.). The Vienna Circle. New York: Springer, 2015. pp. 219-233.

STANISTREET, Paul. Hume’s Scepticism And The Science Of Human Nature. New York (EUA): Routledge, 2002. Versão em epub.

STRAWSON, Peter Frederick Skepticism and Naturalism: Some Varieties. New York (EUA): Columbia University Press, 1985.

STRAWSON, Galen. The Secret Connexion: Causation, Realism and David Hume. Oxford (Reino Unido): Clarendon Press, 1989.

STROUD, Barry. Hume. London (Reino Unido): Routledge and Kegan Paul, 1977.

TEMPORÃO, Anna. A História da epistemologia no cinema: o percurso cético da protagonista do filme Contato. Khronos: Revista de História da Ciência, São Paulo, n. 9, p. 134-145, jun./2020. DOI: https://doi.org/10.11606/khronos.v0i9.171805.

TRIPODI, Paolo. Wittgenstein e il naturalismo. Ethics & Politics, Trieste (Itália), vol. 9, n. 02, p. 61-79, 2009. Disponível em: http://hdl.handle.net/10077/5164. Acesso em: 28 jun. 2021.

WITTGENSTEIN, L. Da Certeza. Tradução de Maria Elisa Costa e Antônio Fidalgo. Lisboa (Portugal): Edições 70, 1990. Título original: Uber Gewissheit.

WITTGENSTEIN, L. Investigações Filosóficas. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural editora. 1996. Título original: Philosophische Untersuchungen.

WITTGENSTEIN, L. Conferência sobre Ética. Tradução Antônio Marques. Lisboa (Portugal): Fundação Caloustre Gulbenkian, 2017. Título original: A Lecture on Ethics.

Downloads

Publicado

19-12-2022

Edição

Seção

Dossiê

Como Citar

ENTRE TRATADOS E INVESTIGAÇÕES: a ambiguidade das filosofias de Wittgenstein e David Hume . (2022). PÓLEMOS – Revista De Estudantes De Filosofia Da Universidade De Brasília, 11(23), 41-62. https://doi.org/10.26512/pl.v11i23.43646