Nicho ecológico e nicho simbólico nos poemas-bicho de Olga Savary
Palavras-chave:
poéticas da Terra; animalidade; zoopoética; Olga SavaryResumo
Este artigo procura desvelar os mecanismos pelos quais a escrita poética de Olga Savary elabora formas de expressão de subjetividades animais no livro Anima Animalis: voz de bichos brasileiros (2008), considerando a interseção entre um saber empírico acerca dos modos de existência dos animais e um repertório simbólico que os circunda. Evidenciando o teor interdisciplinar dos estudos literários, elabora-se a analogia entre o conceito proveniente dos estudos do meio ambiente de nicho ecológico e a proposta de um nicho simbólico. Para isso, são traçados diálogos teórico-metodológicos com tendências críticas que reafirmam o caráter transitivo do poético, como a ecocrítica e os estudos animais. Sob essa lente, percebe-se, no livro de Savary (2008), a pulsante presença de traços de uma animalidade esteticamente trabalhada mediante a emergência de uma (bio)diversidade animal que territorializa o espaço da composição poética e se faz ouvir no papel de sujeitos da enunciação.
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