A representação da surdez na literatura:
vivências e experiências de surdos e familiares de surdos
DOI:
https://doi.org/10.1590/10.1590/2316-4018546Resumo
O presente estudo teve como principal objetivo analisar como foram construídas, reelaboradas e reescritas as representações sobre a surdez na literatura produzidas por sujeitos surdos e familiares de surdos. Além disso, identificar marcadores sócio-históricos e ideológicos nas produções discursivas de ambas literaturas. Para tal, recorreu-se à análise das produções literárias que tratam sobre a surdez, como as Crônicas da surdez, de Paula Pfeifer (2013), e A sonoridade da surdez, de Kátia Maria de Oliveira Franco (2013). O estudo destaca a relevância de tais produções para a compreensão acerca dessas representações na literatura. Paula Pfeifer (2013) é surda oralizada e vivencia sua surdez em um contexto oralista, diferentemente de Kátia Franco (2013), que, para sua produção discursiva, parte de suas vivências com a sua filha, que nasceu com surdez profunda e passou a utilizar a língua brasileira de sinais (Libras) como forma de comunicação. As autoras falam sobre a surdez a partir de suas próprias experiências e vivências. Estas análises constituíram-se em uma pesquisa empírica explicativa, cuja amostra foi composta de duas produções editoriais, livros de literatura brasileira que tratam sobre as vivências com a surdez. A metodologia de caráter qualitativa utilizada por este estudo foi a análise documental, à luz da análise crítica do discurso, o que permitiu a compreensão acerca das representações da surdez tecidas nas obras, bem como a identificação de marcadores culturais. Concluiu-se que este estudo possibilitou um maior aprofundamento teórico sobre conhecimentos acerca das vivências com a surdez e elucidou discursos que trazem à tona questões condizentes com as necessidades e lutas próprias desse grupo minoritário.
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