Como ler os textos literários na era da cultura digital?
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40184710Resumo
Este artigo apresenta um panorama das principais transformações do campo literário devido ao surgimento da tecnologia digital e aborda algumas discussões e teorizações sobre leitura de obras literárias nesse novo contexto. As principais transformações apresentadas são a liberdade propiciada pelo ciberespaço para produzir e publicar textos em blogs e sites, a produção e o consumo de literatura na cultura da convergência, o fenômeno transmídia, a literatura digitalizada e a literatura digital, aplicativos produzidos para aparelhos móveis. Em seguida, apresentam-se algumas das principais concepções sobre leitura literária no universo digital. São abordadas inicialmente as discussões motivadas pela Teoria da Informação ainda nas décadas de 1950 e 1960, a polarização entre uma visão celebratória e uma visão apocalíptica, a partir da década de 1990, a concepção conciliadora de Nancy Katherine Hayles, que propõe um modelo que leve à sinergia entre habilidades mais vinculadas à leitura em suporte impresso (leitura profunda) e outras mais vinculadas à leitura em suporte digital (hiperleitura). Por fim, após alertar para o perigo do determinismo tecnológico em discussões polarizadas sobre a leitura no universo digital, o artigo finaliza defendendo a posição segundo a qual a leitura literária na era digital requer investimento em múltiplos letramentos, destacando-se o letramento literário e o letramento digital.
Referências
ANTONIO, Jorge Luiz (2008). Poesia eletrônica: negociações com os processos digitais. São Paulo: Veredas; Belo Horizonte: Cenários.
ASRSETH, Espen (1997). Cybertext: perspectives on ergotic literature. Baltimore: John Hopkins University Press.
BELL, Alice; ENSSLIN, Astrid; RUSTAD, Kristian (2014). From theorizing to analyzing digital fiction. In: BELL, Alice; ENSSLIN, Astrid; RUSTAD, Kristian. Analyzing digital fiction. New York: Routledge. p. 3-17.
BUCKINGHAM, David (2010). Cultura digital, educação midiática e o lugar da escolarização. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 35, n. 3, p. 37-58, set./dez. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/edu_realidade>.
CAMPOS, Augusto (2006). O poeta do concreto e do eletrônico. Zero Hora, Porto Alegre, 25 mar. 2006. Caderno de Cultura.
CORRERO, Cristina; REAL, Neus (2014). Panorámica de la literatura digital para la educación infantil. Textura, Canoas, n. 32, p. 224-244, set./dez.
ENSSLIN, Astrid (2014). Literary gaming. Massachussets: MIT Press.
CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO (2014). Relatório anual 2013. São Paulo: Via Impressa.
CARR, Nicholas (2010). The shallows. New York: W.W. Norton & Company.
COLLINS, Jim (2010). Bring on the books for everybody. How literary culture became popular culture. Durham: Duke University Press.
COSCARELLI, Carla; RIBEIRO, Ana Elisa (2011). Letramento digital: aspectos sociais e possibilidades pedagógicas. 3. ed. Belo Horizonte: Ceale; Autêntica.
COSSON, Rildo (2014). Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto.
GAMBARATO, Renira R. (2014). Transmedia storytelling in analysis: the case of final punishment. Journal of Print and Media Technology Research, v. 3, p. 95-106, Jun.
HAYLES, N. Katherine (2012). How we think. Digital media and contemporary technogenesis. Chicago: University Press.
HAYLES, N. Katherine (2008). Electronic literature: new horizons for the literary. Indiana: University of Notredame.
JENKINS, Henry (2006). Convergence culture: where old and new media collide. New York: New York University Press.
JUCÁ, Marcelo (2015). Repórter Pipoca entrevista Marisa Lajolo. Blog Pipoca Azul. On-line. Disponível em: <http://goo.gl/UzMM2B>. Acesso em: 1º nov. 2015.
KARNAL, Adriana Riess (2014). O dialogismo em Bakhtin: uma análise do movimento poético no cyberspace. Language and Culture. Acta Scienciarum, v. 36, n. 4.
KRESS, Gunther (2003). Literacy in the New Media age. New York: Routledge.
LANDOW, George P. (2006). Hypertext 3.0: critical theory and new media in an era of globalization. Baltimore: The John Hopkins University Press.
LÉVY, Pierre (1999). Cibercultura. São Paulo: Ed. 34.
LUTZ, Theo. Textos estocásticos (2012). In: KIRCHOF, Edgar Roberto. Novos horizontes para a teoria da literatura e das mídias: concretismo, ciberliteratura e intermidialidade. Canoas: Editora da Ulbra. p. 41-46.
MANOVICH, Lev (2001). The language of new media. Cambridge: The MIT Press.
MORA, Vicente Luis (2013). La desaparición del libro (¿y de la literatura?). Revista Internacional del Libro, Digitalizacion y Bibliotecas, v. 1, n. 2.
ROJO, Roxane (2009). Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola.
SAINT-EXUPÉRY, Antoine ([s.d.]). O pequeno príncipe. Tradução de Ferreira Gullar. São Paulo: Agir. Aplicativo.
SALES, Cristiano de; AZEVEDO Wilton (2012). A literatura digital e sua escritura expandida: uma reflexão sobre a obra Volta ao Fim. Revista Brasileira de Literatura Comparada, n. 20, p. 49-62.
SANTOS; Alckmar Luiz dos; SALES, Cristiano de (2012). Notícia da atual literatura brasileira digital. Outra Travessia, v. 13, p. 16-28.
SIMANOWSKI, Roberto (2014). Reading digital fiction: from hypertext to timeline. In: SIMANOWSKI, Roberto. Analyzing digital fiction. New York: Routledge, p. 197-206.
SOARES, Magda (2004). Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, n. 25, p. 5-17.
WILLIAMS, Raynold (2004). Television: technology and cultural form. New York: Routledge.
YOKOTA, Junko (2013). From print to digital? Considering the future of picture books for children. In: GRILLI, G. (Ed.). Bologna: fifty years of children’s books from around the world. Bologna: Bononia University Press. p. 443-449.
YOO, Hyun-Joo (2007). Text, hypertext, hypermedia: ästhetische möglichkeiten der digitalen literatur mittels intertextualität, interaktivität und intermedialität. Würzburg: Königshause & Neumann.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.