ANÁLISE COMPARATIVA DA VIABILIDADE ECONÔMICA E  AMBIENTAL DOS MANEJOS DO CAPIM-GORDURA (MELINIS MINUTIFLORA) EM UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

Natália  Lopes Rodovalho; Gabriela  Bielefeld Nardoto

doi:10.26512/2236-56562014e39989

Autores

Natália Lopes Rodovalho Universidade de Brasília – UnB, Instituto de Biologia, Departamento de Ecologia
Gabriela Bielefeld Nardoto Professora Adjunta Universidade de Brasília – UnB, Faculdade UnB Planaltina

DOI:

https://doi.org/10.26512/2236-56562014e39989

Palavras-chave:

capim-gordura, invasão biológica, técnicas de manejo, viabilidade econômica, viabilidade ambiental

Resumo

As espécies invasoras oferecem grandes riscos à biodiversidade e ao funcionamento de um ecossistema, pois, são agressivas e competitivas em relação à vegetação natural, podendo levar a uma perda local de biodiversidade, e, em casos extremos, ocasionar a extinção de determinadas espécies. Em Unidades de Conservação do Cerrado, criadas com o intuito de proteger a biodiversidade nativa, a presença do capim-gordura é quase certa, portanto é fundamental a busca por manejos efi cientes que o controlem ou amenizem seu impacto. Foram analisados os custos anuais e a efi ciência de sete técnicas de manejo previamente propostas na literatura. Os custos foram contabilizados para um hectare e são respectivamente: R$1.723,11; R$10.448,23 com aquisição de micro trator ou R$548,23 com aluguel de maquinário, R$713,40; R$1.151,20; R$758,40; R$1.211,20; R$29.813,40 e R$170.373,40. As técnicas mais efi cientes no controle do capim-gordura foram, na sequência: manejo integrado, corte anual, abafamento, corte raso aplicado duas vezes e corte raso aplicado duas vezes com revolvimento de solo. Somente manejo integrado utiliza o auxilio de herbicida. Os manejos que apresentam cortes da biomassa aérea do capim-gordura são efi cientes porque evitam a recarga do banco de sementes do solo, impedindo, portanto uma etapa do ciclo de vida da gramínea, difi cultando o recrutamento de novas plântulas e favorecendo o brotamento de gramíneas nativas. O controle por abafamento não é recomendado para grandes áreas, pois, apesar de ser efi ciente é bastante oneroso. Já o manejo integrado são recomendados para grandes áreas, assim como o auxílio de micro tratores nas etapas de corte e o revolvimento do solo, por ser uma solução mais rentável economicamente. O controle do capim-gordura é extremamente relevante e tem um custo barato quando comparado com os danos ambientais consequentes do manejo e da ação da invasora no ecossistema. Estudos como este se mostram necessários visando balancear o custo do manejo, dos impactos e dos benefícios ambientais.

Referências

AIRES, F.S.; BARROS, T.G.B.; SILVA, S.B.; SÁ, A.C.G.; SATO, M.N.; ANDRADE, S.M.A.; MIRANDA, H.S. (2005). Queimada em área de Cerrado invadido por capim-gordura (Melinis minutifl ora Beauv.) no Parque Nacional de Brasília, Brasília, DF. Anais do VII Congresso de Ecologia do Brasil. Caxambu. MG, 20 a 25 de novembro. Meio digital.

AIRES, F.S. (2009).Desenvolvimento de técnica de manejo sem o uso de agentes químicos, no controle da espécie invasora Melinis minutifl ora Beauv.(capim-gordura) para aplicação em áreas de campo sujo. Dissertação de Mestrado. Departamento de Ecologia. Universidade de Brasília.

ARAÚJO, A.S.F.; MONTERO, R.T.R.; ABARKELI, R.B. (2003). Effects of glyphosate on the microbial activity of two Brazilian soils. Chemosphere. 52: p. 799-804.

BARBOSA, E.G. (2009). Efi ciência do manejo no controle de duas espécies de gramíneas invasoras em Cerrados Paulistas. Dissertação de Mestrado. Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. Departamento de ecologia. 83p.

BRASIL. (2000). Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB). Decreto Legislativo nº 2, de 3 de fevereiro de 1994.Lex: Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB: Cópia do Decreto Legislativo no. 2, de 5 de junho de 1992. Brasília: MMA.

BOSSARD, C.C.; RANDALL, J.M.; HOSHOVSKY, M., C. (eds). (2000). Invasive plants of California’s wildlands. University of California Press. Berkeley. California. USA. 360p,

COLLINS, S.L.; GLENN, S.M.; GIBSON, D.J. (1995). Experimental analysis of intermediate disturbance and initial fl oristic composition: decoupling cause and effect. Ecology. 76, p. 486-495.

COUTINHO, L.M. (1976). Contribuição ao conhecimento do papel ecológico das queimadas na fl oração de espécies do Cerrado. 1976. Tese (Livre Docência) – Departamento de Botânica. Universidade de São Paulo, São Paulo.

D´ANTONIO, C.M.; VITOUEK, P.M. (1992). Biological invasions by exotics grasses, the grass/fi re, and goal change. Annual Review of Ecology. Syst. 23: 63-87.

D´ANTONIO, C.M; TUNISON, J.T; LOH, R.K. (2000). Variation in the impact of exotic grasses on native plant composition in relation to fi re across an elevation gradient in Hawaii. Austral Ecology. 25: p. 507-522.

FILGUEIRAS, T.S. (1990). Africanas no Brasil. Gramíneas introduzidas da África. Cadernos de Geociências 5:p. 57-63.

FRASIER, G. W. (1989). Characterization of seed germination and seedling survival during the initial wet-dry periods following planting. Journal of Range Management. 42:299-304.

FREITAS, G. K. (1999). Invasão biológica do capim-gordura (Melinis minutifl ora Beauv) em um fragmento de cerrado (A.R.I. E Cerrado Pé-de-Gigante, Santa Rita do Passa Quatro). Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo.

GALLI, A.J.; MONTEZUMA, M.C. (2005). Alguns aspectos da utilização do herbicida glifosato na agricultura. 66p. Editora ACADCOM Gráfi ca e Editora Ltda.

GIESY, J.P.; DOBSON, S.; SOLOMON, K.R. (2000). Ecotoxicological Risk Assessment for Roundup Herbicide. Reviews of Environmental Contamination and Toxicology. New York. 167: p. 35-120.

GOMIDE, J.A. (1988). Fisiologia das plantas forrageiras e manejo das pastagens. Informativo Agropecuário 88. (153/154). p.11-18.

HOFFMAN, M. L., WESTON, L. A., SNYDER, J. C. AND REGNIER, E. E. (1996). Allelopathic infl uence of germinating seeds and seedlings of cover crops on weed species. Weed Science. 44. p.579-584.

INSTITUTO HÓRUS. (2012). Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental. Disponível em: http://www.institutohorus.org.br/. Acesso em: 15/05/2012.

KEELEY, J.E. (2004). Invasive plants and fi re management in California Mediterraneanclimate ecosystems. Proceedings 10 th MEDECOS Conference, April 25 – May 1. Rhodes, Greece, Arianoutsou & Papanastasis. 2204 Milpress, Rotterdam, ISBN, ISBN 90 5966 0161.

MARTINS, C.R.; LEITE, L.L.; HARIDSAN, M. (2004). Capim-gordura (Melinis minutifl ora P.Beauv.), uma gramínea exótica que compromete a recuperação de áreas degradadas em unidades de conservação. Revista Árvore. Viçosa, MG. 5: p. 739-747.

MARTINS, C.R. (2006). Caracterização e manejo da gramínea Melinis minutifl ora P.Beauv. (Capim-gordura): Uma espécie invasora do Cerrado. Tese de Doutorado. Universidade de Brasília, DF.

MARTINS, C.R.; HAY, J.D.V.; CARMONA, R. (2009). Potencial invasor de duas cultivares de Melinis minutifl ora no Cerrado brasileiro – Características de sementes e estabelecimento de plântulas. Revista Árvore. Viçosa, MG, v.33, n.4, p.713-722.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. ESPÉCIES EXÓTICAS INVASORAS: SITUAÇÃO BRASILEIRA. (2006). Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Brasília. MMA. 24 p.

NARDOTO, G.B.; BUSTAMANTE, M.M.C. (2003). Effects of fi re on soil nitrogen dynamics and microbial biomass in savannas of Central Brazil. Pesquisa Agropecuaria Brasileira. Brasília. 38, n. 8, p. 955-962.

NEWTON, M.; HOWARD, K. M.; KELPSAS, B. R.; DANHAUS, R.; LOTTMAN, C. M.; DUBELMAN, S. (1984). Fate of glyphosate in an Oregon forest ecosystem. Agricultural and Food Chemistry. Washington. 32: p. 1144-1151.

PAYNTER, Q.; FLANAGAN, G.J.; LONSDALE, W.M.; SCHATZ, T.; STEINBAUER, M.J. (2000). Ecological studies to optimize the integrated management of the wetland weed, Mimosa pigra. Procedings of the X International Symposium on Biological Control of weeds 4 – 14. July 1999, Montana Static University, Bozeman, Montana, USA Ncal R. Spenscer (ed.). p. 389-395.

PIVELLO, V.R.; CARVALHO, V.M.C.; LOPES, P.F.; PECCININI, A.A.; ROSO, S. (1999a). Abundance and distribution of native and alien grasses in a “cerrado” (Brazilian savanna) biological reserve. Biotropica. 31 (1): p. 71-82.

PIVELLO, V.R. (2011). Invasões Biológicas no Cerrado Brasileiro: Efeitos da Introdução de Espécies Exóticas sobre a Biodiversidade. ECOLOGIA. INFO 33. Disponível em: http:// www.ecologia.info/cerrado.htm. Acesso 07/04/2012.

PRATA, F.; LAVOTENTI, A.; REGITANO, J.B. TORNISIELO, V.L. (2000). Infl uencia da matéria orgânica na sorção e dessorção do glifosato em solos com diferentes atributos mineralógicos. Revista Brasileira de Ciência do Solo. Viçosa. 24: p. 947-951.

PRATA, F.; LA VORENTI, A. (2002). Retenção e mobilidade de defensivos agrícolas no solo. In: Alleoni, L. R. F.; Regitano, J. B. (Ed.). Apostila do simpósio sobre dinâmica de defensivos agrícolas no solo: aspectos práticos e ambientais. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Universidade de São Paulo, p. 57-69.

PRATA, F.; CARDINALI, V. C. B.; LA VORENTIL, A.; TORNISIELO, V. L.; REGITANO, J. B. (2003). Gliphosate sorption and desorption in soils with different phosphorous levels. Scientia Agrícola. Piracicaba. 60 (1): p. 175-80.

SHINE, C. (2008). A toolkit for developing legal and institutional frameworks for invasive alien species. Global Invasive Species Programme. Nairobi.

SILVA, J. F. & CASTRO, F. (1989). Fire, growth and survivorship in a neotropical savanna grass Andropogon semiberbis in Venezuela. Journal of Tropical Ecology. 5:387-400.

VEENENDAAL, E. N., ERNST, W. H. O., MODISE, G. S. (1996a). Effect of seasonal rainfall pattern on seedling emergence and establishment of grasses in a savanna in south-eastern Bostwana. Journal of Arid Environments. 32:305-317.

VEENENDAAL, E. N., ERNST, W. H. O., MODISE, G. S. (1996b). Reproductive effort and phenology of seed production of savanna grasses with different growth form and life history. Vegetatio. 123:91-100.

VITOUSEK, P. M. (1990). Biological invasions and ecosystem processes: towards an integration of population biology and ecosystem studies. - Oikos 57: 7-13.