Propriedades pragmáticas do dativo ético no português brasileiro: uma análise minimalista

Autores

Palavras-chave:

dativo ético, estrutura argumental, aplicativos, minimalismo, sintaxe formal

Resumo

O objetivo deste trabalho é analisar as características pragmáticas do dativo ético em português brasileiro (PB) numa perspectiva minimalista (Chomsky, 1995 e trabalhos subsequentes). O dativo ético é necessariamente um clítico de 1ª pessoa, ou seja, é um participante do discurso (falante). Esse clítico é concatenado acima do VP, ou seja, ocorre imediatamente antes do verbo, e é interpretado como “afetado” ou “relacionado” de alguma forma ao evento descrito pelo verbo. O dativo ético no PB ocorre preferencialmente em contextos de força ilocucionária imperativa ou exclamativa, mas pode aparecer em sentenças declarativas. Observando as características pragmáticas do dativo ético, proponho que este seja licenciado sintática e semanticamente por um núcleo funcional Aplicativo, que transmite a interpretação semântica de “afetação” ou “ancoragem” através da operação Identificação do Evento, conforme descrito por Pylkkänen (2002); e seja pragmaticamente licenciado por um núcleo funcional Participante, que relaciona o clítico à sua interpretação pragmática através de uma operação de pressuposição. Assim, este artigo mostra que a interação entre as características sintáticas, semânticas e pragmáticas através das operações mínimas MERGE e AGREE torna possível analisar o dativo ético em uma perspectiva minimalista.

Referências

BASTOS-GEE, A. C. The structure of ethical constructions and the constraint on co-reference in Brazilian Portuguese. Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho, Braga, 2014.

BECHARA, E. Moderna gramática portuguesa. 37. ed. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2009.

CHOMSKY, N. The minimalist program. Cambridge, Massachusetts: MIT Press, 1995.

CUERVO, C. Datives at large. Tese (Doutorado) – MIT, Cambridge, MS, 2003.

CUNHA, K. Z. Sentenças exclamativas em português brasileiro: padrão entoacional e sintaxe. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2012.

HAN, C.-H. The structure and interpretation of imperatives: mood and force in universal grammar. Hove, Sussex: Psychology Press, 2000.

JOUITTEAU, M.; REZAC, M. The French ethical dative, 13 syntactic tests. Bucharest Working Papers in Linguistics, v. 9, p. 97-108, 2008.

MENON, O. P. da S. E não me fique grávida! Ou o caso do dativo ético. In: GORSKI, E. M.; COELHO, I. L. (org.). Sociolingüística e ensino: contribuições para a formação do professor de língua. Florianópolis: EdUFSC, 2006. p. 155-173.

PAVIANI, N. M. S. O pronome ético: uma característica dialetal. Caxias do Sul: EDUCS, 2004.

PYLKKÄNEN, L. Introducing arguments. Tese (Doutorado) – MIT, Cambridge, Massachusetts, 2002.

RIVERO, M.-L. Negation, Imperatives and Wackernagel effects. Rivista di Linguistica, v. 6, n. 1, p. 39-66, 1994.

ROCHA, B. G. Applicatives in Dialectal Brazilian Portuguese. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2017.

ZANUTTINI, R.; PAK, M.; PORTNER, P. A syntactic analysis of interpretive restrictions on imperative, promissive, and exhortative subjects. Natural Language & Linguistic Theory, v. 30, n 4, p. 1231-74. 2012.

ZANUTTINI, R.; PORTNER, P. Exclamative clauses: At the syntax-semantics interface. Language, p. 39-81, 2003.

Downloads

Publicado

13.10.2025